Uma característica marcante típica da adolescência e da juventude é a transitoriedade, ou seja, uma fase marcada por um processo contínuo de mudanças que inclui as vivências em grupo ou individuais deste jovem, as possibilidades de futuro, os desejos de realização, os vínculos afetivos e relacionais manifestos, a adesão ou desligamento de hábitos, filosofia, religião.
A transformação dada na adolescência é grande, pois envolve também não apenas os aspectos e as necessidades sociais de um jovem, mas a transformação corporal, hormonal, neuropsicológica e emocional. Aquele turbilhão de emoções, típico da adolescência, tende a ir tomando seus lugares e assentando-se à medida que os anos vão conduzindo esse adolescente à juventude e à sua vida adulta.
As transições da vida adolescente passam também pela forma de vínculo que vai sendo estabelecido ao longo da vida. A identidade vai sendo formada, e é comum vivenciar questionamentos de várias naturezas: Por que dessa regra? Por que não posso? Por que tenho que fazer isso ou não fazer aquilo? O que vou ser? Por que preciso estudar isso? Tudo isso é bastante comum e faz parte do desenvolvimento, ainda em andamento, de uma área cerebral chamada córtex pré-frontal, que, no jovem, permite atitudes impulsivas, impensadas, muitas vezes acompanhadas também da instabilidade emocional. Ou seja, muitas das atitudes adolescentes fazem parte de um cérebro adolescente.
Uma adolescência saudável
Outras situações típicas dessa etapa de vida estão relacionadas ao questionar regras, o desejo de tomar decisões até mesmo de forma impulsiva, ou de ter dificuldade de decidir e necessitar do apoio de um grupo social, ter alterações em suas emoções que vão da euforia à introspecção com muita facilidade.
As mudanças, de forma geral, são rápidas. Seu corpo não é o mesmo, as emoções estão intensas, os gostos de antigamente não mais se sustentam, e, diferente das crianças, os adolescentes parecem ser dominados por qualquer influência, o que pode dificultar a superação de situações conflituosas, ou ainda, por sua capacidade de decisão ainda frágil, ser levado pela emoção do momento e envolver-se em risco.
O espaço familiar também pode ser um elemento importante na construção de uma adolescência saudável, uma vez que somos formados desde nossos primeiros anos de vida, e uma rede familiar segura, pode, sim, facilitar esse processo, embora sempre haverá a rede social na qual este jovem está inserido.
Quais mudanças os adolescentes passam?
Se você está vivendo essa etapa, é importante saber como as coisas acontecem dentro de você, pois, muitas vezes, não conseguimos entender tantas e imensas mudanças que estão ligadas a:
- reconhecer as mudanças físicas, corporais e buscar orientação a respeito delas. O conhecimento do corpo ajuda o jovem a perceber-se, notar que, muitas vezes, é tido como “estabanado”, mas que tudo isso é parte desse tempo;
- compreender e reconhecer que as emoções mudam e são intensas; muitas vezes, podem desfavorecer os relacionamentos sociais e afetivos, bem como os relacionamentos familiares. É importante falar sobre as emoções, e, quando necessário, buscar ajuda;
- reconhecer que, na adolescência, nossos comportamentos são motivados por recompensas e estímulos, mas nem sempre essas recompensas são favoráveis como no uso de drogas. O que mantém o comportamento são as sensações positivas que a dependência traz, mas que não sustentam a longo prazo essa dificuldade;
- o aprendizado também ocorre no arriscar-se: se por um lado algumas tentativas são muito perigosas, desafiar-se, ter iniciativa, assumir responsabilidades, são atos que ajudam no amadurecimento e no enfrentamento de problemas, favorecendo a fase adulta;
- planejamento e organização estão se desenvolvendo à medida em que seu cérebro amadurece, portanto, muitas vezes, necessitará de um esforço maior para que tudo esteja organizado (seu quarto, seus objetos, seus compromissos etc);
- a convivência com o ambiente escolar pode favorecer a capacidade crítica, bem como as habilidades de relacionamento social;
- é tempo de aprender sobre empatia, sobre a expressão das emoções, crescendo no aprendizado sobre tolerância e respeito, e praticar isso no dia a dia.
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Os rituais da juventude
A adolescência se apresenta como um período de experimentação de valores, de papéis sociais e de valores que conduzirão esse jovem à vida adulta. (Aberastury 1980; Abramo, 1994). É importante entender que, para quem vive esse processo de transição entre infância e vida adulta, o futuro é algo bastante distante ainda. É uma fase única da vida, que pode contar com marcos e suporte para a construção de planos de vida, de relacionamentos saudáveis, de oportunidades para manifestar suas emoções e ainda aplicar toda a energia que dispõe. A juventude conta com rituais, e tais rituais são importantes para as passagens da vida e para o amadurecimento não apenas físico, mas emocional.
Aprende-se com erros, lança-se em desafios e precisa ser treinado a suportar as dificuldades. Para a vontade de novas experiências, pais e educadores precisam lançar desafios que provoquem a curiosidade deste jovem, oferecendo-lhe atividades na música, na literatura, na política, no cinema e teatro. Para combater o tédio e a preguiça que surgem nessa fase, é importante fazer exercícios físicos, movimentar o corpo e, com isso, produzir dopamina, aumentando a disposição.
Não ajudamos em nada ao “classificarmos” esse período do desenvolvimento como daqueles que são de um grupo chamado de “estranho” ou “difícil de entender”, mas sim que compreendamos o que se vive neste momento e estejamos prontos para encarar como uma etapa que pode ser, sim, muito especial e rica!