Jesus soube ter paz interior
Hoje, deparei-me com uma passagem bíblica que me pareceu cômica. É a passagem em que Jesus, depois de um tempo fora de sua cidade, volta a Nazaré, onde havia crescido. No sábado, ele ensinou no Templo como de costume, quando as pessoas começaram a duvidar d’Ele, e Jesus soltou: “Um profeta não é admirado em sua pátria”. Aquele povo se enfureceu e levou o Senhor ao topo de um monte com a intenção de jogá-Lo dali. O que Jesus fez? Gastou energia com raiva? Ficou maquinando se vingar? Ou preocupado com sua autoimagem? Não! “Jesus, porém, passando no meio deles, continuou seu caminho”. Simples assim. De “boaça”, na paz interior. Vida que segue!
Jesus sabia qual era o caminho
Ele não estava caminhando como um andarilho, que não sabe para onde vai, que qualquer caminho serve. Ele sabia muito bem onde queria chegar. Havia inteligência, estratégia nas coisas que Ele fazia. Porém, só havia caminho, porque existia meta. E aqui é o ponto mais importante: quando se tem uma meta, as pequenas distrações do caminho não roubam nossa energia nem nossa atenção! Uma pessoa inteligente escolhe por quais causas vale a pena gastar tempo durante o percurso.
Existem pessoas que são ranzinzas consigo e com os outros, e implicam com tudo, mostram-se obcecadas pela lei, exibem uma perfeição vã, uma santidade vazia e autorreferencial. Tem também aquele tipo que coleciona rancores e chateações, que tudo tem de ser do seu jeito, do contrário, não presta! Tudo isso as torna implicantes, julgadoras, maquinadoras, competitivas e petulantes. São pessoas que tem alto consumo de energia e vitalidade; e tudo o que o outro faz de contrário lhe rouba a paz.
Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Esultate, diz que se olharmos os defeitos e limites do outro com ternura e mansidão, sem nos sentirmos superiores, podemos dar-lhes uma mão e ainda evitamos gastar energia em lamentações inúteis. Podemos aplicar esse olhar de misericórdia também sobre nós, com os nossos limites. Quantas vezes precisamos dar a mão a nós mesmo e nos dizer: vamos tentar mais uma vez?
Nada vale a nossa paz
Não podemos parar em todos os obstáculos que aparecem à nossa frente. Ainda que o nosso obstáculo sejamos nós mesmos ou o outro com seu modo diferente de fazer as coisas, seus defeitos, sua inveja, seu falar mal de nós, seu desejo de nos matar. Nada disso vale a nossa paz.
Veja a atitude de Jesus diante de quem queria jogá-lo ribanceira abaixo: “passando no meio deles, continuou seu caminho”. Às vezes, só precisamos disso, passar, deixar as coisas para trás, não dar valor ao que não merece, parar com as tempestades em copo d’água, pedir perdão, perdoar e nos concentrar no que vale a pena. Naquilo que definimos como meta de vida.
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Gente sem meta só empata
Você tem alguma meta de vida? Sem meta empata a própria vida e a vida dos outros. Na exortação aqui já citada, o Papa diz: “Quais são as duas riquezas que não desaparecem? Seguramente duas: o Senhor e o próximo”. Veja que não podemos ser uma riqueza para nós mesmos. Portanto, agora sabemos onde devemos ter a coragem de investir a vida.
Se vivermos assim, nada nos tirará a paz!
Rogéria Nair, missionária da Comunidade Canção Nova