O que seria levantar falso testemunho?
Chegamos ao oitavo mandamento da Lei de Deus em nossa série sobre o Sacramento da Confissão: não levantar falso testemunho. Um testemunho é a ação de colocar-se como prova de que a alegação levantada é verdadeira. “É verdade, porque eu vi, eu sou a prova!” Portanto, o falso testemunho seria um ato que não existiu, e a pessoa sustenta que existiu.
A famosa mentira
O sétimo e o oitavo mandamentos estão profundamente ligados à Virtude da Justiça. Usurpar a fama de alguém, denegri-lo, é muito grave, pela dificuldade que podemos colocar a pessoa dentro de uma sociedade. Se roubamos-lhe alguma coisa, mesmo que de valor, a pessoa pode conseguir recuperá-la com seu esforço. Se tiver uma boa fama, pode ser até de forma rápida. Mas com má fama, seu caminho se torna muito mais difícil, pois as pessoas não querem ou tem medo de ajudar aqueles que, aparentemente, têm mais defeitos.
Ligado ao caso da mentira, é também pecado espalhar os defeitos do outro a terceiros. Nesse caso, pode não haver mentira. Pode ser que, de fato, aqueles defeitos sejam reais, mas o efeito de os espalhar é o mesmo.
Todos possuímos riquezas e defeitos. Sem exceção. Porém, quando espalhamos os defeitos dos outros, tiramos-lhe a possibilidade de gerir os próprios defeitos no conceito dos outros. Uma vez já tornado público, não há o que fazer.
Como reparar os erros?
Por conta disso, a calúnia exige reparação tanto quanto possível. Tanto o arrependimento diante da pessoa caluniada quanto o ato de desmentir a informação espalhada, caso tenha sido falso testemunho.
Claro, às vezes, isso é quase impossível. São Filipe Nery ensinava que recuperar uma informação difamatória é como seguir por um longo caminho espalhando penas, e querer recuperá-la todas na volta. Portanto, o ideal e perfeito é nunca difamar!
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Só é justo revelar algum pecado grave de outro se aquele pecado oculto vir a causar um dano maior. Por exemplo, um homem que é viciado em drogas, e esconde isso de todos, exceto do seu melhor amigo. Está com casamento marcado, e sua futura esposa ignora o fato. É dever moral desse amigo, dizer para a noiva que ele é viciado em drogas. Outro exemplo é um homem manifestamente ladrão, se candidatando a um ofício público. É preciso revelar, caso seja essa a sua intenção, que ele quer tal ou qual função, para roubar mais.
Por outro lado, caso não cite o nome da pessoa que fez algo errado, mas uma pessoa, precisando desabafar, conversa com seu cônjuge, ou um sábio, não há maledicência nisso. Existem casos de falso testemunho que não dizem respeito às pessoas, mas a situações, ideias, empresas, iniciativas, e que em nossa sociedade é amplamente praticado. Ocorre quando julgamos alguma coisa motivados por sentimentos, preconceitos, antipatias ou simpatias, até com enfoque doutrinal, sem se aprofundar no assunto por mais mínimo que seja. Após feita essa rasa avaliação, já emitimos opiniões aos ventos.
Busque a santidade
É mais sábio e prudente não emitir opinião baseado nas ideias correntes, mas procurar compreender a fundo, por estudo, meditação e oração a verdade por detrás das coisas.
Para isso, é preciso ter-se desvencilhado ao máximo das paixões que nos arrastam. Uma vez conduzido pelo medo, pelo dinheiro, pelo prazer, essas coisas nos cegam o julgamento e nos arrastam a uma visão pobre da realidade. Veja a importância de uma vida de ascese, que busca a santidade é caminho seguro para se tornar uma pessoa sábia.
Encerrando a sequência dos Mandamentos que tratam do direito natural e o relacionamento ao próximo, temos o desejo da mulher do próximo e a cobiça das coisas alheias.
Nosso Senhor nos quer puros nas atitudes e no coração. Portanto, não é lícito desejar aquilo que não é lícito fazer. Afinal, “aquele que olha para uma mulher com maus desejos, já adulterou com ela em seu coração”.
Com isso, encerramos essa sequência de ensino sobre os mandamentos que se referem ao próximo. Semana que vem, iniciaremos a tábua da lei que trata do nosso relacionamento com Deus colocados nos três primeiros mandamentos.