Passamos, em geral, a maior parte de nosso tempo envolvidos no trabalho
É próprio da natureza humana a busca da felicidade. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é, na verdade, por influência dessa busca. Até o fato de amarmos a Deus e lutarmos para permanecermos fieis aos Seus ensinamentos é porque, conscientes ou inconscientes, queremos como recompensa a felicidade. Existem várias fontes de felicidade, umas puras, outras corrompidas; nas fontes puras, uma me atrai mais: o trabalho! Diz um provérbio conhecido que “a ociosidade é mãe de todos os vícios”. E para vencer a ociosidade, temos de colocar as mãos à obra!
Geralmente, experimentamos momentos de verdadeira felicidade e realização pessoal no trabalho que realizamos, e é bom que seja assim. Para percebermos a importância desse bem em nossa vida, basta lembrarmos dos tempos de pouco ou nenhum trabalho, quando estávamos entregues “ao vento”, sem metas a cumprir. É certo que nossos pensamentos eram improdutivos ou até nocivos. Aqueles que conviveram conosco, acabaram sofrendo por nossa causa; sem querer, éramos um peso para eles e para nós. Diz o Padre Kentenich, em um de seus escritos, que “a sociedade humana sente-se muito mais feliz, satisfeita e ao mesmo tempo útil e realizada com o excesso de trabalho do que a falta dele”.
A obra de arte, neste caso, é alternar com prudência e descontração, o trabalho e o descanso. Passamos, em geral, a maior parte de nosso tempo envolvidos no trabalho, nada melhor que fazermos as pazes com ele e encará-lo como fonte segura de felicidade e realização pessoal.
Lembro-me de um fato que vivi certa vez: Estava fazendo um Programa na Rádio Canção Nova, onde trabalho, e um padre, vindo nos visitar, ficou um tempo me observando trabalhar, sem dizer nada. Mantinha seu olhar sereno, como quem esconde uma sabedoria purificada ao longo dos anos. Quando terminei o programa que estava apresentando e pude, afinal, dar-lhe um pouco mais de atenção, ele me perguntou: “Você gosta do que faz, não é?”. Eu falei com um sorriso largo: “Sim, padre, gosto muito!”. Ao que ele retrucou: “Você não trabalha, então!”. Eu, desapontada, tentava entender, quando ele, tranquilamente, explicou-me que quem faz o que gosta não trabalha, diverte-se o tempo todo.
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Tenho compreendido que essa tal felicidade no trabalho é uma questão de harmonia amorosa. Concordo quando padre Kentenich diz: “O verdadeiro amor a Deus deve despertar, sempre mais, o nosso amor à profissão e às pessoas; e o amor ao trabalho e ao próximo, por sua vez, deve ser expressão e meio para o amor a Deus”.
Que o Senhor nos conceda a graça de amar, na medida certa, aquilo que fazemos, e fazemos tudo com amor, certos de que a recompensa vem sempre de Deus.