Presença feminina na Igreja

A crescente presença da mulher na Igreja

Ana Beatriz Sodero testemunha sobre o papel da mulher na Igreja

É muito importante que seja reconhecida, cada vez mais, a contribuição feminina no campo da pesquisa teológica científica e do ensino da Teologia. Pois, por muito tempo, eram considerados campos quase exclusivos do clero. É necessário que essa contribuição seja incentivada e encontre mais espaço, coerentemente com o aumento da presença feminina nos vários âmbitos de responsabilidade da Igreja, em particular, e não somente no campo cultural”, disse Papa Francisco na entrega do Prêmio Ratzinger 2018 na Sala Clementina, no Vaticano.

Ana Beatriz Sodero Toledo é um exemplo desse aumento da presença feminina na Igreja. Ela é casada, mãe de três filhas e, há dois anos, atua como ecônoma na Mitra Diocesana de Lorena, interior de São Paulo. Essa função é, majoritariamente, exercida por homens e compete a esse cargo assuntos econômicos da Igreja.

“No ano de 2015, comecei na Mitra para gerenciar a parte de imóveis da Diocese. E, quando o ecônomo pediu o desligamento dele dessa função, fui convidada pelo bispo para assumir o economato”, diz Ana Beatriz.

Ana Beatriz Sodero

Ana Beatriz (à direita), com seu esposo e suas três filhas. Foto Ilustrativa: Arquivo Pessoal

Quanto ao cargo ser exercido –  majoritariamente – por homens, Ana Beatriz explica ter sido um grande desafio exercer a função. No entanto, sempre teve apoio incondicional do bispo Dom João e do monsenhor Silva, Vigário Geral e, também, de todo o Clero.

Quais os lugares em que as mulheres podem prosperar dentro da Igreja e da sociedade?

“Nunca senti qualquer preconceito por ser mulher, muito pelo contrário, fui e sou recebida com grande respeito e carinho pelos padres”, conta Ana.

Conforme alerta Papa Francisco, a “falta de igualdade entre homens e mulheres é um problema difuso na sociedade e isso acontece, também, na Igreja”. Mediante a essa reflexão, o Sumo Pontífice questiona sobre “quais os lugares em que as mulheres podem prosperar dentro da Igreja e da sociedade?”.

A esse questionamento feito pelo Papa, Ana Beatriz responde:

“Espero contribuir para o crescimento da Diocese como um todo, sem me preocupar exatamente com o bom exercício da função por ser mulher, e sim por ser profissional, por ter amor pela Diocese e pela religião católica, buscando sempre ser digna da função exercida. Mas, se por intermédio do trabalho, puder contribuir com a solicitação do Papa, ficarei muito honrada”, finalizou Ana.

Entenda o trabalho do ecônomo

A Igreja Católica está organizada em comunidades, paróquias e dioceses. E, cada diocese deve ter seu governo próprio, presidido pelo bispo diocesano.

Conforme indica o terceiro artigo do Código Canônico, os assuntos econômicos ficam sob responsabilidade do ecônomo. E, essa pessoa, é nomeada pelo bispo denominada ecônomo.

A função de ecônomo é exercida por cinco anos, mas pode ser prorrogada. Cabe a ele administrar os bens da diocese, respeitando a autoridade do bispo. Ao término de cada ano, o ecônomo deve apresentar as contas das receitas e as despesas ao conselho.

Por Letícia Barbosa