Hoje, no Dia Mundial de Combate ao Câncer, o formacao.cancaonova.com traz o testemunho de Graziela, que conta sobre a sua luta contra essa doença.
Eu me chamo Graziela e faço parte da Comunidade Canção Nova há 17 anos. Sou casada e tenho dois filhos. Em 2013, tendo voltado de outra missão onde havia passado quatro anos, resolvi fazer um check-up. Por meio dele, descobri que estava com três nódulos na tireoide, que precisaria ser acompanhado de seis em seis meses. No início, fiz o acompanhamento direitinho, mas, no corre-corre da vida, acabei me perdendo. Em setembro de 2018, ao realizar uma revisão de vida à qual todos os membros da Canção Nova são chamados a fazer, eu me deparei com uma pergunta sobre a saúde; nesse momento, eu me lembrei do acompanhamento dos nódulos.
Fui ao médico e, para minha surpresa, fazia dois anos que eu não ia a uma consulta. O médico então pediu os exames e um ultrassom. Durante a realização do ultrassom, percebi que algo estava diferente do habitual. Além de mais demorado, o médico me fez muitas perguntas, e logo veio ao meu coração que havia algo errado.
Levei os resultados ao médico, e o laudo de ultrassom descrevia um nódulo maligno na tireoide. Com esse resultado, foi necessário fazer uma punção do nódulo e enviar para biópsia para confirmação. Nesse entremeio, a vida não parou, seguiu o seu curso. Com dois filhos pequenos, casa, marido e o meu trabalho dentro da missão, não tinha muito tempo para ficar pensando, restava-me confiar e me abandonar no Senhor.

Foto: Arquivo pessoal.
Mãe, o que é câncer?
Quinze dias antes de buscarmos o resultado da biópsia, nossos vizinhos que estavam de mudança vieram em nossa casa e nos contaram que haviam alugado a casa para um casal cuja esposa estava com câncer nos ossos. Conversamos bastante enquanto as crianças brincavam na sala. Ao nos despedirmos, meu filho, na época com seis anos, veio ao meu encontro e me abordou com a pergunta: “Mãe, o que é câncer?”. A pergunta me desconcertou, mas, rapidamente, pensei como explicaria de uma maneira simples e sem rodeios. Disse a ele que havia muitos tipos de câncer e que uns eram mais graves do que os outros. Então, ele me respondeu: “Vou rezar para que ninguém da nossa casa tenha essa doença”. Ele nem sabia de todas as suspeitas que eu estava vivendo”.
Fomos, em família, buscar o laudo da biópsia; quando peguei o resultado, não tive coragem de abrir o envelope. Senti medo? Muito! Estava tensa, com muitas incertezas de como viveria esse tempo. Afinal, ninguém está preparado para uma notícia dessa. Abri o envelope no carro enquanto voltávamos para casa. Lógico que não entendi o laudo, então, tirei uma foto e enviei a uma amiga que é enfermeira com a pergunta: “É câncer?”. Demorou um pouquinho e ela respondeu dizendo que era, mas que tudo iria dar certo.
Não pude conter o choro nem os muitos pensamentos que povoavam minha mente. Depois de me permitir viver o momento, respirei fundo e disse a Jesus: “Se é isso que o Senhor tem para mim neste tempo, só peço a graça de aproveitar e viver bem cada momento!”.
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Em muitos momentos, pensei que não daria conta
Muitas vezes, ficamos presos buscando respostas e não conseguimos enxergar tudo aquilo que Jesus vai realizando através das situações, dos sofrimentos que nos sãos apresentados. E eu não queria viver assim. Também lembrei da oração que meu filho havia feito para que ninguém da nossa casa enfrentasse essa doença. Na hora, pensei: como vou dizer a ele que estou com câncer? Foi a partir da lembrança daquilo que ele pediu, que decidi a maneira pela qual eu enfrentaria o câncer. Eu não podia deixar que ele perdesse a sua confiança em Jesus por não o ter atendido. Era hora de dar testemunho de Cristo, pois eu havia escolhido deixar tudo para segui-Lo.
Foi fácil? Não! Em muitos momentos, pensei que não daria conta, mas sempre que me sentia fraquejar, vinha ao meu coração o quanto o Senhor me amava, pois Ele me permitiu descobrir o câncer na sua fase inicial. Foi tudo muito rápido e, em dezembro de 2018, fiz a retirada total da tireoide. Como descobrimos muito cedo, não foi necessário fazer quimioterapia, tendo que fazer somente o acompanhamento de seis em seis meses.
Com a retirada da tireoide, faço reposição hormonal, e é necessário fazer a suplementação com medicamentos. Foram e são muitas lutas. É um reaprender constante para mim e para os meus. É me deparar, a todo instante, com as minhas limitações. É ter paciência comigo mesma. É depender do outro. É me deixar ser amada. É abrir mão das coisas do meu jeito! Mas, em Jesus, somos mais que vencedores! Essa é a verdadeira obra de Deus em mim.
Pode parecer contraditório, mas, olhando para minha saúde, posso dizer que o câncer me tirou muitas coisas, mas, ao mesmo tempo, me amadureceu na fé, fortaleceu minha esperança, fez-me mais forte, resiliente e, acima de tudo, levou-me para mais perto do Senhor.
“Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I tessalonicenses 5,18).
Graziela Ciqueira, missionária da Comunidade Canção Nova