É adorando o Senhor com fidelidade que descobriremos nossa própria pequenez
Neste programa ‘Luz da Fé’, quero refletir com você sobre o número 208 do Catecismo da Igreja Católica, que nos ensina o seguinte:
208. Diante da presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre sua pequenez. Diante da sarça ardente, Moisés tira as sandálias e cobre o rosto em face da Santidade Divina. Diante da glória de Deus três vezes santo, Isaías exclama: “Ai de mim, estou perdido! Com efeito, sou um homem de lábios impuros” (Is 6,5). Diante dos sinais divinos que Jesus faz, Pedro exclama: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador” (Lc 5,8). Mas porque Deus é santo, pode perdoar o homem que se descobre pecador diante dele: “Não executarei o ardor da minha ira… porque sou Deus e não homem, eu sou santo no meio de ti” (Os 11,9). O apóstolo João dirá: “Diante dele tranquilizaremos nosso coração, se nosso coração nos acusa, porque Deus é maior do que nosso coração e conhece todas as coisas” (1Jo 3,19-20).
O Catecismo da Igreja nos ensina: Diante da presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre sua pequenez. Certa vez, li um artigo, num site norte-americano sobre as cinco características de uma pessoa narcisista, e uma das características é a de que o narcisista não consegue ouvir o outro. O narcisista simplesmente não tem empatia com o próximo, não consegue se compadecer diante do sofrimento alheio. E por quê? Porque o mundo do narcisista está centrado nele mesmo. O narcisismo leva o indivíduo a ficar sempre se “endeusando”.
Estou trazendo essa informação a você, porque existe, por outro lado, um jeito de ser e de agir que é exatamente o oposto do jeito de ser e de agir do narcisista. Esse jeito nos é ensinado pelo Catecismo da Igreja: descobrir a própria pequenez.
Como reconhecemos nossa própria pequenez? O Catecismo também explica: Diante da presença atraente e misteriosa de Deus. Ou seja, é diante da presença de Deus que o homem deixa de ser um narcisista apenas centrado em si mesmo, para se tornar alguém capaz de descobrir os próprios limites e fragilidades.
Na adoração, descobrimos nossa pequenez
Como acontece isso na prática? Monsenhor Jonas Abib, no seu livro escrito a respeito da adoração, ensina o seguinte:
“Na adoração, não mais me ocupo de mim mesmo, dos meus conflitos interiores, das minhas feridas, das minhas mágoas e dos meus problemas; ao contrário, busco estar com os olhos fixos somente para meu Deus. Não me lembro mais de mim mesmo, porque Deus me tomou totalmente, porque unicamente Ele é importante para mim, Ele é o meu Senhor, o meu Salvador. O interessante é que, esquecendo-me de minha pessoa, torno-me presente para mim mesmo, torno-me verdadeiro, totalmente eu mesmo com tudo aquilo que está no meu interior. Diante do Senhor, não preciso de máscaras” (Livro “Agora meus olhos Te viram”, pág. 14).
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Diante dessas palavras, faço um convite a você: adore a Jesus Sacramentado. Quanto tempo faz que você não se coloca diante de Jesus Eucarístico, presente nos sacrários das nossas igrejas e capelas? É certo que eu e você necessitamos de uma boa dose de adoração, precisamos adorar o Senhor com frequência e fidelidade. Fazendo isso, descobriremos nossa própria pequenez. E descobrir isso é segredo de felicidade! Mais ainda: adorar a Jesus Sacramentado é o antídoto para o narcisismo.
Passe por baixo dos problemas
Conta-se que Santa Teresinha do Menino Jesus, dentro do convento onde vivia, foi visitada em sua cela por uma noviça que não estava conseguindo superar uma tentação que enfrentava diariamente. Essa noviça disse à santa: “Irmã, eu não consigo passar por cima dessa minha dificuldade”. Ao que foi imediatamente interpelada pela santa: “Mas por que você quer passar por cima? Passe por baixo!”. E Santa Teresinha prosseguiu na sua explicação: “Quando eu era criança, certa vez, havia um cavalo bem na entrada da minha casa. Os homens que ali estavam discutiam entre si qual a melhor forma de afastar o animal. Enquanto eles discutiam, eu simplesmente me aproveitei do meu pequeno tamanho e passei por baixo do cavalo. Assim eu consegui entrar em casa. Como é bom ser pequenininha!”.
Sendo pequenos diante de Deus, eu e você conseguiremos superar os obstáculos da vida passando não por cima, mas por baixo deles. E é através da adoração eucarística que vamos adquirindo essa sabedoria para enfrentar as dificuldades com humildade.
Um forte abraço!