🤔 Reflexão

Aparições de Fátima: uma chama que cultiva a esperança 

Uma mensagem que inspira vida nova

Em meio às incertezas e desafios da vida, a esperança surge como uma âncora para a alma, uma chama que ilumina os caminhos mais escuros. Mas o que é esperança senão a expectativa confiante de um futuro melhor, a crença inabalável de que, apesar das adversidades, o bem prevalecerá?

Créditos: Santuário de Fátima, Portugal.

Com foco nas memórias da Irmã Lúcia, uma das videntes de Fátima, mergulhemos especialmente no relato da aparição de 13 de setembro de 1917, desejosos que reacendam, em nossos corações, o desejo de viver com uma esperança transformadora, capaz de gerar metas e propósitos de vida.

Fátima: humanidade e esperança

A Irmã Lúcia, ao descrever em suas memórias a sua chegada e dos primos Francisco e Jacinta à Cova da Iria, em 13 de setembro de 1917, nos revela um retrato comovente da condição humana. As estradas apinhadas de gente, ouvia-se o clamor da multidão, os joelhos prostrados, os apelos desesperados por curas, por entes queridos na guerra, por conversão de pecadores – tudo isso revela um oceano de sofrimento e anseios.

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Ali, diante de três crianças, a humanidade desvelava suas misérias e, embora fosse grande a dor, traziam nos corações a sua mais profunda esperança.

Lúcia  nos relata: “Ali, apareciam todas (as) misérias da pobre humanidade. E alguns gritavam até de cima das árvores e paredes, para onde subiam, com o fim de nos ver passar. Dizendo a uns que sim, dando a mão a outros para ajudá-los a levantar do pó da terra, lá fomos andando, graças a alguns cavalheiros que nos abriam passagem por entre a multidão”.

Esse relato é um espelho que reflete as angústias e as esperanças que ainda habitam o coração humano hoje. Assim, como a multidão de Fátima buscava alívio e intervenção divina, nós também, em nossos tempos, ansiamos por respostas, por superação, por um futuro mais sereno.

A mensagem: um convite à esperança ativa

No cerne da aparição, a mensagem de Nossa Senhora ressoa como um hino à esperança e à ação:Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.”

Ela nos recorda que a esperança não é uma atitude passiva. É um chamado à perseverança na oração, a reconhecer o valor do sacrifício e, o direcionamento para a viver a fé de forma equilibrada e sensata (“não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia”). A promessa de um milagre em outubro (“Em outubro farei o milagre, para que todos acreditem”) não é apenas um sinal de poder divino, mas um selo de esperança para aqueles que creram e perseveraram.

Em relação aos tantos pedidos feitos a Lúcia referente à cura dos doentes, Nossa Senhora diz: 

– “Sim, alguns curarei; outros, não”. Esse pedido nos lembra que a esperança não é uma garantia de que todos os nossos desejos serão atendidos exatamente como queremos. No entanto, Ela nos assegura que a Providência Divina age em nosso coração e em nossa vida de maneira que nem sempre compreendemos, mas que visam o nosso maior bem. A esperança nos ensina a confiar, mesmo quando o “porquê” nos escapa.

Transformando esperança em metas de vida

Essa Aparição nos convida a transformar essa esperança latente em metas de vida concretas e significativas:

  1. Uma fé inabalável: a exemplo da fé do povo português, que, presente na Aparição, se prostrava diante das crianças, é um testemunho da sede de Deus. Ter fé como uma meta em nossa vida significa buscar aprofundar a nossa espiritualidade. Isso pode se traduzir em momentos de leitura e reflexão das Sagradas Escrituras, em práticas de gratidão através do louvor a Deus por tudo que realiza em nossas vida, sempre na busca por um propósito maior. A esperança floresce onde a fé encontra terreno fértil.
  2. A Compaixão Ativa: Irmã Lúcia, embora criança, “dando a mão a outros para ajudá-los a levantar do pó da terra”, nos inspira a uma compaixão ativa. Quais são as “misérias” que nos cercam hoje? Que “mãos” podemos estender para levantar o outro do “pó da terra”? A esperança se multiplica quando é compartilhada, quando se transforma em serviço ao próximo. Seja através do voluntariado, da escuta atenta ou de um gesto de bondade, nossa esperança pode ser o bálsamo para as feridas alheias.
  3. A perseverança na oração e na ação: A Virgem Maria instrui: “Continuem a rezar o terço”. A oração, em seu sentido mais amplo, é a persistência em nossos propósitos mais elevados. Se temos um objetivo – seja pessoal, profissional ou espiritual – a esperança nos impulsiona a não desistir, a “continuar a rezar” por ele, mas também a agir em sua direção. A frase “Deus está contente com os vossos sacrifícios” reforça que o esforço e a dedicação são partes integrantes da jornada da esperança. Quais são as nossas ações diárias e contínuas que nos aproximam de nossas metas?
  4. A confiança na Providência: Mesmo diante da resposta “alguns curarei; outros, não”, a esperança nos ensina a confiar. Nem todas as portas se abrirão, nem todos os caminhos serão fáceis, mas a esperança nos capacita a acreditar que há um plano maior, que, mesmo nos “nãos”, reside uma sabedoria. Ter como meta desenvolver essa confiança é libertador, pois nos permite soltar o controle da nossa vida e lançar-se nos braços de Deus, permitindo que Ele cuide de nós e nos conduza.

O legado da esperança

A reflexão da Irmã Lúcia sobre a fé do povo português, ao comparar o que viu com a passagem de Jesus pela Palestina, revela  sinal de esperança da multidão, pois compreendeu que a humanidade, em sua essência, anseia por Deus, pelo milagre, pela transformação: “E penso: se essa gente se abate assim diante de três pobres crianças, só porque a elas é concebida, misericordiosamente, a graça de falar com a Mãe de Deus, o que não fariam se vissem diante de si o próprio Jesus Cristo?”

Perguntemo-nos: Se a esperança pode mover multidões diante das pequenas crianças, que poder ela tem para nos mover em nossa própria vida?

Viver com esperança não é ignorar a realidade do sofrimento ou fechar os olhos para os desafios. É, sim, ter a coragem de olhar para a frente com a convicção de que o bem é possível, que a luz sempre se sobrepõe às sombras. É transformar essa convicção em ações, em metas, em um propósito que eleva não apenas a nossa existência, mas também a daqueles ao nosso redor.

Abracemos a esperança não como um mero sentimento, mas como uma força motriz, um farol que nos guia para uma vida plena de sentido e de realizações, sempre com os olhos fixos em Deus e na Sua promessa! 

 


Nilza Pires Corrêa Maia

Nilza Pires Corrêa Maia é Brasileira, nasceu no dia 09/03/1974, em Várzea Grande, MT. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 1999 no modo de compromisso do Núcleo.