Semana Santa

A cruz é imprescindível para a salvação da nossa alma

O sofrimento é inevitável na vida do ser humano. Uns, por serem pobres, sofrem por não possuir, às vezes, nem o necessário para a sobrevivência. Outros, por serem ricos, sofrem com medo de perder o que têm. Quem casa sofre as dificuldades próprias do casamento. Outros sofrem por não conseguirem se casar. Alguns casais sofrem em decorrência dos problemas gerados pelos filhos, enquanto que, para outros, o sofrimento é não poder ter filhos. Todo mundo, sem exceção, sofre de algum modo. 

Poderíamos nos perguntar: se todo homem sofre, então, qual seria a diferença entre o sofrimento de uma pessoa que tem fé e o de outra que não tem? A pessoa que tem fé une seu sofrimento ao de Cristo, completa em sua carne o que faltou aos sofrimentos de Cristo (Cl 1, 24). Já para os que não têm fé, seu sofrimento não passa de uma dor insuportável e sem sentido. 

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Sofrimento como visita divina e não como castigo de Deus, segundo Monsenhor Jonas

O sofrimento não é castigo de Deus. Antes, como ensinou nosso pai fundador, Monsenhor Jonas, é “verdadeira visita de Deus”. Além do mais, precisamos entender que, se o caminho percorrido por Cristo foi o da cruz, não poderia ser diferente para todos os cristãos. Caminhar carregando sua cruz foi a condição indispensável apresentada por Jesus para alguém ser seu discípulo (Mt 16, 24). Seguir Jesus é tomar a cada dia o caminho da cruz

Quando Jesus estava na cruz, muitos gritavam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt 27, 40). Eles não sabiam o que estavam pedindo. Pedir para Jesus descer da cruz significava desistir do plano salvífico do Pai. Para nós cristãos, desistir de nossa cruz, equivale a desistir do projeto de salvação para nossa vida. Em outras palavras, desistir da cruz é desistir da própria salvação. 

Lembremos ainda a confissão de Jesus ao dizer que precisava “ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas…” (Mt 16, 21). Pedro, imediatamente, protesta dizendo: “que Deus não permita isto, Senhor!” (Mt 16, 22). Jesus exorta-o imediatamente, dizendo: “afasta-te Satanás!” O Senhor reage dessa forma porque estava em jogo a salvação de todos os homens por meio da cruz. Sem a cruz não existiria salvação. 

A importância da cruz para a salvação, segundo a Bíblia

Jesus até poderia salvar o mundo de outra forma, mas não foi isso que aconteceu. Logo, a cruz é imprescindível para a salvação. Querer não sofrer equivale a desejar não ser santo. Pedir para alguém deixar de sofrer é a mesma coisa de pedir para ela não ser santa. 

O sofrimento cristão  não é sem sentido e não caminha sozinho, está sempre acompanhado pela esperança, que é o combustível que leva o cristão a nunca desistir, jamais desanimar. Todo batizado, ao receber o Espírito Santo e com Ele as virtudes teologais, é ao mesmo tempo um ser que crê, espera e ama. Está no cerne da vida humana a esperança. Somente um homem de Deus é capaz de conjugar sofrimento e esperança. Quem tem esperança está sempre um passo à frente. Diz São Paulo: “Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rom 8,18). Quem tem Deus, sabe que o sofrimento presente passará. Mesmo que esteja sendo duradouro, não é eterno. Sua esperança não está aqui neste mundo, mas no céu que o espera.

O sofrimento de Cristo foi redentor.  O sofrimento humano, unido ao d’Ele na cruz, também assume um sentido de redenção. Completo na minha carne, diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do sofrimento, o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja. (Col, 1,24). Neste contexto, por amor de Deus, o sofrimento tem um sentido, podendo tornar-se acontecimento de salvação. “As nossas aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno”. (2Cor 4,17).

A pergunta de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos sobre o oferecimento a Deus

Na mensagem de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio de 1917, Ela fez uma pergunta aos Pastorinhos: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?”. No dia 15 de agosto do mesmo ano ela fez um pedido: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. Com isto entende-se que a redenção através do sofrimento humano é tanto para a pessoa que sofre como também para aqueles pelos quais ela queira oferecer.

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Meus amados irmãos, a dor pode ser um grande instrumento de salvação para nós e para os outros. Para a doutrina cristã, a dor assume um significado particular no plano salvífico de Deus, pois é uma participação na Paixão de Cristo e uma união com o sacrifício redentor que Ele ofereceu em obediência à vontade do Pai. Ao saber disso, agora, cabe a nós não desperdiçar nosso sofrimento. Em vez disso, uni-lo à Cruz de Cristo, em prol da nossa salvação e do mundo inteiro. Vivamos tudo isso, amando a Deus, com fé e esperança de dias melhores!

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