? ? Celebração do Natal

Viva bem o Advento neste tempo de pandemia

“Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes”. “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. O termo “advento” vem do latim adventum, que significa vinda ou chegada, além disso, refere-se às quatro semanas antes do Natal. Pelo Advento, nos preparamos para celebrar a primeira vinda do Senhor, ou seja, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e a expectativa da sua segunda vinda. Por isso, a característica deste tempo, com o qual começa o ano da litúrgico da Igreja, é a penitência como preparação para receber Aquele que está por vir. O caráter penitencial do Advento é acentuado pela cor litúrgica roxa.

O tempo de Advento recorda-nos da realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim. O tempo do Advento é também o tempo da espera do Senhor. A palavra fundamental é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. A vigilância não é vista como uma postura estática de uma pessoa que está parada na estação esperando o trem passar. Estar “vigilante” não significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma” limpa para que a morte não o apanhe com pecados, mas significa viver sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.

Viva bem o Advento neste tempo de pandemia

Arte: Larissa Ferreira/cancaonova.com

Advento: tempo de preparação para o Natal

Pedagogicamente dizendo, Advento é um tempo em que a liturgia se dispõe à Igreja com a finalidade de preparar os cristãos para a celebração do Natal. Como é natural, trata-se de uma preparação espiritual, incentivando os católicos a prepararem o coração e a alma para o encontro com o Senhor. Mas, não é somente preparação do Natal. No caso do Advento, estamos diante de dois aspectos destes preparativos: aquele da segunda vinda, descrita por Paulo na carta aos Tessalonicenses sobre o “Dia do Senhor”, o dia do juízo final, quando nos encontraremos face a face com Deus (1Ts 5,1-6); e a preparação da primeira vinda, ou seja, o Natal.

Quanto ao aspecto de preparar-se para a segunda vinda do Senhor, a vigilância espiritual pode ser considerada tendo em vista o encontro final com o Senhor, no final dos tempos. Para isso, é preciso ficarmos atentos aos sinais dos tempos, como o próprio Jesus adverte, e o melhor meio para não se descuidar nem se distrair dos sinais dos tempos é pela vigilância espiritual e pelo serviço aos irmãos. Por vigilância entende-se o cuidado para que não nos afastemos de Deus, mantenhamo-nos fiéis, sempre com o compromisso efetivo com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais cristão; um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus. São muitas as ocasiões que podem nos distrair das coisas de Deus, nos anestesiar daquilo que é divino e nos fazer descuidar de alimentar nosso espírito com as coisas do alto.

Quanto ao outro aspecto do Advento, o da preparação para o Natal de Jesus, ele representa a alegria da nossa salvação pela encarnação do Verbo de Deus. Neste período do ano em que a publicidade natalina vem alimentar nosso espírito com “belas” e “boas” mensagens de tempos novos, repletos de paz e de harmonia fraterna, é preciso ficarmos atentos para não nos enchermos de fantasias e imagens enganosas. O alimento espiritual deste tempo que nos aproxima do Natal não pode se limitar a poesias ou mensagens vazias. Precisa de algo mais sólido como a oração diária, a meditação da Palavra de Deus e as obras de caridade.

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Como viver bem o Advento neste tempo de pandemia?

O Advento é tempo para praticar com mais intensidade a oração, a leitura da Palavra, a penitência e as obras de caridade. A vigilância é feita preferencialmente com a oração e essa nos mantém acordados para o encontro do Senhor, em sua segunda vinda; como reza a Igreja: “Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu Reino” (Prefácio do Advento I/A).

Na perspectiva cristã, a vigilância não pode ser encarada como atitude de desespero, de medo ou de paralisia diante da realidade que se apresenta à nossa frente. O cristão vive este tempo com fidelidade, confiança e esperança, como o servo que espera o seu Senhor chegar; não importa se o tempo é de escuridão, pois o encontro tão desejado e aguardado com o Ressuscitado será, para o fiel, o grande cântico do “Aleluia Pascal”. Afirma o Papa Bento XVI: “a fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente” (Spe Salvi, 41).

O Papa Francisco, durante a audiência geral (25/11/2020), convidou-nos a dedicar momentos de oração inspirados nas semanas que preparam para o Natal; num momento difícil, o Advento é a “grande esperança”. É preciso viver o Advento com esperança e em oração. “Nestes tempos difíceis para muitos, esforcemo-nos por redescobrir a grande esperança e alegria que nos dá a vinda do Filho de Deus ao mundo. Jesus nos libertou do poder das trevas, a fim de nos inserir no seu Reino e também para nos tornar testemunhas críveis da verdade salvífica. Advento, com o qual inicia-se o ano litúrgico, a luz de Cristo pode iluminar os nossos caminhos e dissipar a escuridão dos nossos corações”.

Podemos sim, celebrar o verdadeiro Natal do Senhor. O cristão celebra a presença de Deus em nosso meio. “Ele (o Senhor) está no meio de nós”. Temos a certeza de que o Senhor está entre nós, e a melhor maneira de acolhermos essa presença é ter a atitude de serviço confiante, além de viver a alegria de quem espera no Senhor. Este tem “Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes”.

O que fazer?

Sugiro que, durante o tempo do Advento e de quarentena, cada família encontre em sua casa um espaço para rezar juntos. Coloque em destaque um presépio, ou a Sagrada família ou a imagem do Menino Jesus; troque o papai Noel, figura fictícia e mítica de um natal pagão, pela imagem ou estampa do Menino Jesus. Reflita em família o Evangelho de cada dia, fazendo dessa meditação um momento de oração e de testemunho. Faça com sua família a Novena de Natal. Neste tempo de pandemia, muitas famílias estão passando por necessidades, promova em casa uma coleta (dinheiro, alimentos, roupas etc.) e ajude uma família que se encontra em situação de vulnerabilidade social. Faça dessa festa um Natal solidário.

Não perca essa oportunidade de celebrar o Natal em família com a presença do Emanuel – “Deus conosco”. O Senhor é a nossa alegria e conforto neste tempo de pandemia e de isolamento. Não estamos na solidão, e sim na comunhão, pois o Senhor vem ao nosso encontro para que nós possamos ir a Ele e, juntos, celebrarmos o Seu Natal.

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2020/documents/papa-francesco_20201125_udienza-generale.html