📚 História

São Francisco Solano

Sacerdote da Ordem dos Frades Menores – OFM (1549-1610)

Apóstolo do Novo Mundo, Francisco nasceu em Montilla (Córdoba, Espanha) a 10 de março de 1549, terceiro filho de uma família abastada e de ascendência nobre. Fez seus estudos em Córdoba, onde mostrou uma viva inteligência, dado à contemplação e à caridade. Antes de concluir os estudos de medicina, pediu para ingressar na Ordem dos Frades Menores, em Granada. Em 1569, vestiu o hábito franciscano e emitiu a profissão religiosa.

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Sempre austero, pobre e humilde, na perfeita observância da Regra de São Francisco de Assis, fez os estudos de filosofia e teologia em Sevilha, morando num canto minúsculo do coro. E celebrou sua primeira missa na Festa do Santo de Assis, em 1576. Inicialmente, foi mestre de noviços em diferentes lugares e, depois, assumiu os encargos de guardião e pregador.

Em todo lugar, acompanhava-o a fama de santidade e de taumaturgo, tantos eram os milagres que sua presença provocava. Quando a epidemia de peste bubônica atingiu a vizinha cidade de Montoro, ele corajosamente se ofereceu para o cuidado dos infectados. Em diferentes cidades, era estimadíssimo por sua eloquente e coerente pregação popular. Era um apóstolo para os pobres, para os enfermos e os encarcerados em toda a região ao seu redor.

Por obediência, abandonou o desejo de ir aos países muçulmanos e morrer mártir. Não se considerava digno de ser venerado pelo povo. Pediu, então, para ser enviado com uma expedição missionária destinada ao Novo Mundo, a América. Em 1589, partiu de navio com outros onze confrades e chegou a Cartagena, na Colômbia, em maio do mesmo ano. Daí continuou a pé até Nome de Deus, no Panamá, atingindo as margens do Pacífico.

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Quando viajava para o Peru, destino da expedição, o navio acabou afundando ao passar pela Ilha de Górgona, perto da Colômbia. Frei Francisco foi salvo e se considerou pastor desta comunidade, onde viu tantos desalentados devido às condições de vida, entre os quais muitos escravizados. Depois de passar dois meses na Ilha e com muitos sofrimentos, foram enfim recolhidos e levados até o norte do Peru.

Daí, o santo frade continuou a pé até a cidade de Lima. Foi imediatamente designado missionário na longínqua Tucuman, no norte da Argentina. Partiu numa cansativa viagem de três mil quilômetros através dos Andes, a pé ou no lombo de algum pobre animal.

Chegado a Tucuman em novembro de 1590, foi-lhe dada a incumbência das missões na Custódia Franciscana de São Jorge, fundada em 1565. Vencendo não poucas dificuldades de língua, fundou a missão ou redução de Socotonio e Madalena, das quais foi pároco-missionário, exercendo o ministério aos indígenas Diaguitas, dos quais se tornou evangelizador, pacificador, educador e defensor.

Foi muito agraciado com o dom de se comunicar nas várias línguas. Entre as grandes coisas que o seu estilo e testemunho pessoal ajudaram a conquistar está a acolhida da fé por esta população, antes muito resistente, numa Quinta-feira Santa de 1591. Foram atribuídos a Frei Francisco duzentas mil conversões e batizados. E ele logo estendeu o seu apostolado aos colonos europeus e aos povos mestiços, aí estabelecidos.

A partir de 1595 foi chamado, pela obediência religiosa, a Lima, e depois Trujillo. Foi logo conhecido como o pregador enérgico e inspirado. Profetizou a destruição da cidade de Trujillo, o que aconteceu em 1619. Voltado a Lima, exerceu vários serviços. Em dezembro de 1604 percorreu ruas e praças com um crucifixo nas mãos, o que provocou um tal estado de comoção que o Vice-rei precisou intervir.

Mesmo sendo austero, mostrava-se alegre e costumava tocar violino para alegrar aos confrades e a si mesmo e como instrumento de missão, principalmente na aproximação aos indígenas.

Devido às suas penitências, nos últimos tempos de vida, viveu na enfermaria do Convento Máximo de Jesus (hoje São Francisco), em Lima. Durante um terremoto em 1609, Frei Francisco se levantou com muita dificuldade e foi confortar a população com palavras de fé.

Com isso, não recuperou mais a saúde e morreu santamente em Lima, a 14 de julho de 1610. A seu pedido, os frades cantavam o Credo e suas últimas palavras foram: “Glorificetur Deus” (Deus seja glorificado).

Foi canonizado pelo Papa Bento XIII, a 27 de dezembro de 1726.

São Francisco Solano: Inspiração para o Missionário de Hoje

O exemplo deste grande santo franciscano continua a nos inspirar e desafiar em nosso tempo. Sua vida nos ensina que a verdadeira missão nasce do encontro profundo com Cristo e se manifesta no amor concreto ao próximo, especialmente aos mais necessitados e esquecidos.

Como Frei Solano, somos chamados a ser missionários nos lugares e nas circunstâncias em que estivermos. Hoje este espaço é o das nossas cidades, com seus tantos excluídos ao abandono, ameaçados pela violência, pela falta de educação e trabalho, é junto aos carentes e enfermos de nossa vizinhança, junto aos migrantes e refugiados, junto aos jovens em busca de sentido e é o de tantas outras periferias geográficas e existenciais.

O exemplo deste Santo nos mostra que o missionário autêntico não teme as dificuldades, mas as enfrenta com coragem e confiança na Providência Divina.

O esforço que São Francisco Solano fez para aprender novas línguas e culturas do povo a ser evangelizado nos ensina a importância do diálogo com todo tipo de cultura e o da inculturação do Evangelho. Num mundo globalizado, mas com tantas divisões, nós cristãos somos chamados a construir pontes de compreensão e reconciliação entre os povos e entre as pessoas. É o que nos tem pedido com insistência o Papa Leão XIV.

A alegria, manifestada na música de seu violino, recorda-nos que o missionário deve ser testemunha da alegria do Evangelho. A austeridade e simplicidade de vida não exclui a alegria do coração, mas a alimenta na fonte do amor divino.

Que São Francisco Solano interceda por todos os missionários de hoje e nos ajude a ser, como ele, instrumentos de paz, de evangelização e de esperança no mundo de hoje, levando Cristo a todos os cantos da terra com a mesma paixão e dedicação com que ele, há 400 anos atrás, já o demonstrou em nosso continente latino-americano.

Frei César Külkamp
Ordem dos Frades Menores