Devoção ao Preciosíssimo Sangue

A carta apostólica "Inde a Primis" e o magistério do Sangue de Jesus

No artigo anterior, verificamos que a devoção ao Preciosíssimo Sangue iniciou-se através da piedade e devoção de São Gaspar de Búfalo. Em continuidade, veremos a manifestação do magistério da Igreja autenticando essa devoção e colocando a sua importância para toda a comunidade cristã.

O magistério do Sangue de Jesus na carta apostólica Inde a Primis

Em 30 de junho de 1960, a carta apostólica Inde a Primis foi publicada pelo Papa João XXIII. Dirigida aos patriarcas, primazes, arcebispos, bispos e outros ordinários do lugar em paz e comunhão com a Sé Apostólica. A carta trata do culto do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e destaca a importância da devoção ao Preciosíssimo Sangue. Trata-se como uma expressão divina da misericórdia do Senhor sobre as almas individuais, sobre a Santa Igreja e sobre o mundo inteiro.

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A carta também menciona a importância da vigilância sobre a sã doutrina. Destaca a devoção ao Preciosíssimo Sangue como uma festa litúrgica elevada pelo Papa Pio XI, tornando-se uma solenidade litúrgica. A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus é considerada um objeto de meditações mais devotas e de comunhões sacramentais mais frequentes pelos fiéis. Essa devoção está, de certa forma, vinculada às revelações que Santa Margarida Alacoque recebeu sobre o Sagrado Coração de Jesus.

Citações bíblicas na carta apostólica

Na carta, menciona-se que uma só gota desse Sangue pode salvar o mundo todo de toda culpa. O Sangue de Jesus é um penhor de salvação e de vida eterna. Além disso, a carta apostólica Inde a Primis contém duas citações bíblicas. A primeira citação é de Hebreus 9,14: “O Sangue derramado por Cristo ‘por impulso do Espírito Santo’ (Hb 9,14) mereceu para o mundo inteiro”.

A segunda citação é de 1 Pedro 1,17-19: “Portai-vos com temor durante o tempo do vosso exílio. Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou ouro que fostes resgatados, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pd 1,17-19)”. O que demonstra seu fundamento na revelação divina entre outras passagens.

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O Sangue derramado purifica o mundo

O Papa cita São João Crisóstomo que exclamou: “Saímos daquela mesa quais leões expirando chamas, tornados terríveis ao demônio, pensando em quem é o nosso chefe e quanto amor teve por nós. Esse Sangue, se dignamente recebido, afasta os demônios, chama para junto de nós os anjos e o próprio Senhor dos anjos. Esse Sangue derramado purifica o mundo todo. Este é o preço do universo, com ele Cristo redime a Igreja.

Tal pensamento deve refrear as nossas paixões. Até quando, com efeito, ficaremos apegados ao mundo presente? Até quando ficaremos inertes? Até quando descuraremos pensar na nossa salvação? Reflitamos sobre os bens que o Senhor se dignou de nos conceder. Sejamos-lhe gratos por eles, glorifiquemo-lo não só com a fé, mas também com as obras” (In loan., Homil. 46; PG 59, 260-261). Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.

 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.