introdução

Livro do Apocalipse: esta é a revelação de Jesus Cristo

“Esta é a Revelação de Jesus Cristo”. Com essas palavras, tem início o livro do Apocalipse, o último que encontramos na Bíblia. Aliás, a palavra “Apocalipse” vem do grego e significa exatamente “revelação”.

O livro do Apocalipse, escrito pelo apóstolo João, no fim do primeiro século, está dividido em três partes. A primeira delas contém sete cartas, sete mensagens dirigidas às Igrejas da Ásia Menor, que era situada na atual Turquia. A segunda parte do Apocalipse apresenta o curso da história, a partir do tempo de João até o fim do mundo. A terceira parte, estritamente ligada às duas anteriores, apresenta o fim da história, “a hora do julgamento” (14,7).

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O livro do Apocalipse está dividido em três partes

A primeira parte se refere a uma situação que existia no tempo de João, mas que é sempre atual. Aliás, o motivo imediato que levou João a escrever o livro do Apocalipse foi exatamente a situação da Igreja naquela época. As sete mensagens às sete Igrejas da Ásia Menor são verdadeiras cartas escritas para aquelas comunidades cristãs, e consideram as dificuldades específicas de cada uma dessas comunidades. Trata-se, pois, juntamente com o livro dos Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo, especialmente as duas cartas aos Coríntios, de um dos mais preciosos documentos sobre a história da Igreja primitiva.

Os cristãos deveriam enfrentar duas lutas: contra os judeus e contra os pagãos. A hostilidade dos judeus continuava, desde a acusação contra S. Estêvão, o primeiro mártir. No entanto, Jerusalém, com seu Templo, tinha sido destruída no ano 70. Por isso, a amargura e o ódio dos judeus contra os cristãos era veemente. João chama os judeus de “sinagoga de satanás” (2,9). Mas a luta dos pagãos contra a Igreja era pior. Enquanto a perseguição do imperador Nero (54-68 d.C.), na qual morreram juntamente com muitos cristãos, os apóstolos Pedro e Paulo, tinha ficado circunscrita à cidade de Roma, agora com o imperador Domiciano (81-96 d. C.) tinha-se estendido a todo o império.

Nesse período trágico, tinham morrido todos os apóstolos, exceto o velho João, exilado na ilha de Patmos, no Mar Egeu, situada a 55 km. da costa SO da Turquia. A essa luta contra os adversários externos acrescentavam-se as dificuldades internas das Igrejas. Já no tempo do apóstolo Paulo, tinham-se manifestado os primeiros sintomas de falsas doutrinas (2 Tim. 4,3-4), que, com o tempo, se desenvolveram. Uma delas era o docetismo. Esse termo provém do verbo grego dokéin, que significa “aparecer”. Essa doutrina afirmava que o corpo de Cristo não era real, mas aparente. Nesse sentido, ele não teria sofrido na cruz. João, claramente, no seu Evangelho e na primeira carta opõe-se a essa falsa doutrina, afirmando a realidade de Jesus homem, o Verbo Encarnado. Por isso, ele escreve: “O Verbo se fez carne” (João 1,14); e “no mundo já apareceram muitos falsos profetas. Para saber se alguém é inspirado por Deus sigam esta norma: fala da parte de Deus todo aquele que reconhece que Jesus Cristo se encarnou” (1 João 4,1-2).

Ao erro seguiam as manifestações da decadência moral. O esplendor dos antigos templos pagãos, as festas imorais, como a prostituição sagrada praticada pelos pagãos, exercia um fascínio sobre os cristãos. Mas as mensagens de João apontam para algo mais profundo. João mostra que, atrás de tudo isso, está presente o inimigo, o poder de satanás.

Palavra viva

Por outro lado, está presente Cristo, que venceu satanás. Ele é o triunfador no meio das Igrejas, Aquele que promete a vitória. Neste tempo de grave perigo, o último apóstolo de Jesus, ainda vivo, o discípulo que Jesus amava, escrevia as suas cartas às Igrejas para ajudá-las, pelo menos com um texto escrito, onde ele não podia chegar pessoalmente com a palavra. Esta palavra ter-se-ia, em seguida, perdido, mas suas cartas chegaram até nós e continuam válidas até o fim da história: a Bíblia, pois ela não é apenas uma obra de história que nos transmite dados sobre o passado, mas é revelação, palavra viva, sempre válida.

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Nas próximas semanas, se Deus quiser, vamos refletir sobre as mensagens dirigidas a estas sete Igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia. Quem manda escrever essas cartas é o Cristo Ressuscitado, que aparece a João “num domingo”, “no dia do Senhor” (1,10), e dirigiu-se ao apóstolo com estas palavras: “Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último. Sou o Vivente. Estive morto, mas estou vivo para sempre. Escreva o que você viu: tanto as coisas presentes como as que devem acontecer depois delas” (1,17-19).

Vamos, pois, acolher essa Palavra que Jesus Ressuscitado continua nos dirigindo para nossa salvação!