🕊️ Espírito Santo

A Visitação de Maria: a graça vem ao nosso encontro

Um verdadeiro encontro entre duas alianças

“Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá” (Lc 1,39). Assim começa o relato da Visitação, celebrado pela Igreja no dia 31 de maio, encerrando o mês tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora. 

Logo após receber o anúncio do anjo Gabriel, Maria se põe a caminho. A cena, porém, é muito mais do que uma visita familiar: é um verdadeiro encontro entre duas alianças; duas mulheres grávidas da promessa, duas vidas tecidas pela fé.

Crédito: Domínio Público

Maria, cheia do Espírito Santo, leva consigo o Verbo que em seu ventre é tecido na carne e se torna, como disseram os Padres da Igreja, a “arca viva da nova aliança”. Santo Ambrósio já ensinava que “Maria parte apressadamente, não por incredulidade, mas por alegria espiritual; ela vai às pressas porque está cheia de Deus.”

Reconhecer a presença do Salvador

Narrando a chegada de Maria à casa de Isabel, o Evangelho nos oferece um momento de pura graça: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41). O primeiro a reconhecer a presença do Salvador é João Batista, ainda no seio materno. A primeira a proclamá-lo é Isabel, movida pelo Espírito: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42).

Este momento é litúrgico em sua essência: há saudação, louvor, profecia e exultação. E é também eclesial: ali está a Igreja nascente, reunida em torno da presença de Cristo, acolhida com fé e celebrada com júbilo. É por isso que na Liturgia das horas daquela festa se canta: “Quando tu vieste a mim, ó Mãe do meu Senhor, o menino dançou de alegria no meu ventre”.

A Visitação é um ícone da missão cristã

O encontro culmina com o Magnificat, o cântico de Maria (Lc 1,46-55), que é um verdadeiro salmo novo. Nele, Maria não fala só de si, mas de toda a ação de Deus na história. Ela é a voz dos pobres, dos humildes, dos que esperam. E, ao mesmo tempo, é modelo da alma orante, da mulher que reconhece a grandeza do Senhor e se faz toda serva.

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A Visitação é um ícone da missão cristã: quem encontra Jesus não pode guardá-lo só para si. Maria, ao acolher o dom de Deus, não se fecha em contemplação passiva. Ela parte, serve, leva consolo, oferece sua presença. Como ensinou o Papa Francisco, “Maria é a missionária da alegria, porque leva Cristo aos outros não com discursos, mas com o dom de si mesma.”

Somos chamados a imitar essa pressa santa de Maria

Hoje, somos chamados a imitar essa pressa santa de Maria, que é sinal de caridade autêntica. Que cada visita, cada encontro do cotidiano, cada gesto de serviço, possa ser ocasião de graça, portador da presença de Cristo.

Que Maria, a portadora da alegria e Mãe do Senhor, nos ensine a viver com generosidade, saindo de nós mesmos para encontrar os outros. E que cada “visitação” nossa seja como naquela casa de Isabel, uma explosão de bênção.

Pe. Diogo Shishito
Dioc. de Mogi das Cruzes / Especialista em Liturgia – Pontifícia Universidade Santo Anselmo/Roma