Antes da vida de cada um de nós acontecer, Deus pensou em nos dar um propósito, uma meta, à qual também chamamos de “vocação”. “Pois todas as coisas foram criadas para uma finalidade” (Eclo 39,26). Assim, nossa existência passa a ter um sentido, algo que impulsiona nosso interior.
Só é feliz quem realiza sua vocação, pois alinha sua dimensão social, psicológica, espiritual e física com o propósito maior para o qual a pessoa foi criada. Essa pessoa encontrará, mais facilmente, uma finalidade para suas lutas e dores; além da alegria de ver seus esforços produzindo frutos. Tudo isso ressoando, acertadamente, com seu interior, porque Deus tem um plano de felicidade para a vida de cada um de nós. Ele não nos chamaria à existência para sermos infelizes, e esse projeto não é para ser realizado apenas no Céu, mas começa neste mundo. “Embora estejam chamados à plenitude eterna, sabemos que Deus deseja a felicidade de seus filhos também nesta terra” (Papa Francisco, Exort. Apost. Evangelii Gaudium).
Só é feliz aquele que realiza a sua vocação com amor
Ultimamente, ouvimos muito a frase “eu quero é ser feliz” como expressão de meta máxima, pela qual um grande número de pessoas tem depositado seus esforços e o sentido de sua vida. Muitos pensam na felicidade como um padrão de sucesso profissional, com muitos bens e influência social; também a chamada “sorte no amor”, que designa talvez o acerto na vida afetiva. Outros empregam suas energias em ter o dinheiro suficiente para viajar, para conhecer o mundo ou adquirir alguns aparatos de entretenimento. Há ainda aqueles que pensam apenas em curtir a vida. Realmente, como já vimos, a felicidade é um dom que o Senhor proporciona ao ser humano, portanto, é justo e louvável que a busquemos. Porém, a maioria das pessoas, quando canaliza suas forças no empenho pela felicidade e diz “eu quero mais é ser feliz”, geralmente, projeta sua vida em um relativismo mundano.
É óbvio que uma pessoa que não teve contato com o Cristianismo ou se declara ateia não terá a preocupação em ser feliz à luz dos ensinamentos de Cristo. Vemos, num mundo culturalmente secularizado, em muitos países abastados, o crescente número de suicídios e depressão. Isso demonstra um sinal de que seus conceitos de liberdade, moral e riqueza não proporcionam tanta felicidade assim.
Tenho buscado minha felicidade fora dos planos de Deus?
Quero dirigir-me aos católicos, porque muitos praticantes do Cristianismo se deixaram envolver pelo relativismo religioso. Eles podem viver 95% de suas ações e práticas fundamentadas nos ensinamentos de Jesus, mas, quando alguma coisa não lhes convêm ou não é o modo mais fácil para eles, vivem os 5% restantes fora dos desígnios divinos. Ainda assim, essas pessoas não serão felizes, porque “vinho novo não se põe em odres velhos” (cf. Mt 9,17).
Tomemos como exemplo as uniões ilícitas, os delitos contra a ética e a moral, os vícios; enfim, as contrariedades aos sacramentos e aos mandamentos de Deus, as ações de rebeldia e de contrariedade ao que pede Nosso Senhor. Esses feitos, além de manchar nossa alma por completo, terão consequências nas outras dimensões de nosso ser.
É triste, mas as pessoas estão dispostas a buscar felicidade fora dos planos de Deus. Por vezes, elas se justificam dizendo: “Não acredito que Deus vá me condenar por buscar a felicidade! Faço tudo certo, mas, nesse caso, discordo da Igreja. Isso é coisa dos homens e não de Deus!”.
Não há felicidade fora de Deus
Uns planejam esse seu infortúnio, trilhando, conscientemente, para o abismo. Levados por sua conveniência, vão caminhando e discordando da Igreja e do Senhor; outros reagem por impulso para sentir um conforto imediato, não consideram os fatores à sua volta nem possíveis consequências de suas medidas impensadas, tomam decisões movidos pela ansiedade e pela falta de paciência com eles mesmos e com o processo dos outros. Tanto num caso quanto em outro, existe muita gente ‘batendo cabeça’, e para se livrar do que não deu certo, embarca em outra atitude que, no futuro, a levará à infelicidade.
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Para todas essas pessoas quero dizer que ninguém será feliz se viver fora de Deus. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama” (Jo 14,15.21). Jesus mesmo deixou os mandamentos para os apóstolos e lhes deu autoridade para que estes os levassem adiante. “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16).
Deus, condutor da felicidade
Não são os nossos sentimentos os condutores da felicidade, mas Deus, que é o centro de tudo e Senhor de todas as coisas. Nele, nossa vida pode ser ordenada e acertada, somente n’Ele a casa será construída sobre a rocha (cf. Mt 7,24-27), e nossa felicidade terá bases sólidas.
É importante sabermos que, na lei de Deus, não existe opressão, privação da liberdade, muito menos infelicidade. Pelo contrário, são essas regras que balizam o caminho para construirmos a nossa felicidade já neste mundo. Não é Deus quem Se afasta de nós ou nos prejudica quando pecamos, mas nós mesmos, quando geramos o próprio mau, escolhermos o lado contrário à felicidade e nos afastamos do Senhor.
Deus nos ama. E para sermos felizes, o primeiro passo é nos sentirmos amados por Ele. Ele nos pede coisas que, a princípio, podem parecer difíceis demais. No entanto, se formos persistentes, assim como fomos no erro, com certeza o sentido da nossa vida se revelará. O Senhor nos chamou à existência e nos ama, sustenta e dá tudo o que é preciso para alcançarmos nossa felicidade. Não tenhamos medo de nos entregarmos a Ele!
Deus o abençoe.