Deus reserva para o pecador as Suas delicadezas de Pai de misericórdia, que ama e perdoa sempre. Regenera-o totalmente para que possa retornar o caminho e trabalhar para o Reino d’Ele, pela justiça e pela paz. “Misericórdia” é uma das palavras que mais aparecem na Bíblia, sobretudo, no Evangelho de Lucas, que é chamado “o evangelista da misericórdia”. A prática de Jesus confirma a atitude de um Pai misericordioso. Cuidar e cuidar-se são atitudes que geram qualidade de vida. Tudo na vida requer cuidado. Um projeto de santidade requer uma atitude contínua de vigilância e de cuidados diários. Devemos cuidar diariamente de nosso corpo e de nossa alma, assim como quem tem flores precisa cuidar delas todos os dias para não perdê-las.
A Igreja oferece a seus fiéis um sacramento especial: rito do perdão. O sacramento da confissão é o lugar privilegiado do perdão de Deus para recuperar e cuidar da vida decaída dos cristãos.
Você se sente fraco e pecador? Deus lhe diz: “Faça sua parte e eu farei o resto. Tende confiança. Eu venci o mundo” (cf. Jo 16,33).
Almeje a santidade!
Diga com vontade: “Quero ser santo”, “quero continuar a caminhada”, e isso vai acontecer. Quem persegue um sonho precisa ter obstinação e uma santa teimosia, além de um otimismo repleto de esperança, que confia em Deus e em Seu poder. Deixe o resto por conta d’Ele. Deus ama a todos como são. Aliás, ama os pecadores mais que os “santos“. É a lógica do amor. O Senhor entende profundamente o coração humano, que é inconstante.
Deus Pai perdoa não apenas pelo sacramento da confissão. Sempre que alguém se arrepender de algo e pedir perdão será perdoado. A Bíblia diz que a caridade cobre uma multidão de pecados. Então quem tem o amor no coração não deve ter medo do pecado. O Altíssimo não só perdoa, mas se alegra com o retorno do filho, com sua conversão e faz festa, assim como o pai do filho pródigo, que abraçou e beijou o filho que retornava para a casa, preparando uma grande festa para comemorar a sua volta.
O tratamento que Jesus dispensava aos publicanos e aos pecadores era tão especial que escandalizava os fariseus, que se julgavam os “melhores”. Cristo agia bem diferente: perdoava e esquecia os pecados cometidos pelos homens.
A alegria do perdão
Há pessoas muito boas, bem intencionadas, que carregam certos “pecados” como uma verdadeira cruz, às vezes, pela vida inteira. Só Deus conhece o sofrimento terrível dessas pessoas que querem seguir a Jesus, mas não conseguem porque cometem sempre a mesma falta, a qual, muitas vezes, nem pecado é, e sim hábito. Qualquer texto de moral cristã ensina que o hábito diminui a culpabilidade e até cancela a culpa. Embora, muitas vezes, não sejam pecados, criam, no entanto, um “sentimento de culpa” causando sofrimento às pessoas. Deus não quer isso para os Seus filhos queridos.
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É preciso ter paciência também consigo mesmo e perdoar-se, sentir a alegria do perdão. O Salmo 50 nos ajuda a rezar: “Devolve-me a alegria de ser salvo” (Sl 50,14). Quem se perdoa, perdoa aos outros também.
O grande recurso criado por Cristo para restituir a paz e o perdão ao pecador e permite-lhe continuar, sem remorsos inúteis, o caminho da santidade é o sacramento da reconciliação ou penitência. Com ele, sela-se a paz. Sentir-se perdoado, poder “deixar para trás” um passado que, muitas vezes, nos incomoda e envergonha, para recomeçar uma vida nova, é certamente um grande dom de Cristo a cada cristão e à Sua Igreja.
(Trecho extraído do livro “Cristãos de atitude – O caminho espiritual proposto por Dom Bosco” de padre Mário Bonatti)