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Orar como convém: o sentido da oração

“A oração brota da santidade de Deus e é, ao mesmo tempo, a resposta a essa santidade” (São João Paulo II).

Primeiramente, precisamos entender o que é a oração. Ela tem sua origem em uma palavra hebraica, tefillah, que significa “juízo”. Fazemos um juízo, ou julgamento, com Deus. O conteúdo da nossa oração precisa submeter-se ao
juízo de Deus – não um juízo ou julgamento no sentido negativo, mas de chegar a um discernimento com Deus sobre todos os aspectos da nossa vida. Assim, antes de pensarmos no que rezar ou falar com Deus, precisamos pensar n’Ele, no seu amor, na sua ação. Então, estaremos submetendo nosso juízo e pensamento da oração aos cuidados
de Deus e ao Seu olhar.

Orar como convém: o sentido da oração

Foto ilustrativa: Delmaine Donson by Getty Images

A necessidade da oração

Oração é aprender a olhar com Deus para todas as coisas, pois na oração a vontade e o querer de Deus precisam ter prioridade, bem antes de nossa própria vontade ou querer.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria (…) A oração é a elevação
da alma para Deus, ou o pedido feito a Deus de bens convenientes.29

São Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da História, define a oração como “expressão do desejo que o homem tem de Deus”.

E, nessa mesma direção, o Papa Francisco nos ajuda a entender a oração com uma definição bem simples, porém, muito rica para entendermos a necessidade de oração, quando afirma: a oração ajuda a conservar a fé em Deus e a nos entregar a Ele, mesmo quando não compreendemos a Sua vontade. Nisso, Jesus, que rezava tanto, é um
exemplo para nós.30

Estado permanente

Orar deve ser um estado de alma, corpo e espírito, ou seja, devemos viver em estado permanente de oração. No coração do homem existe o desejo de Deus,31 de buscá-Lo, de permanecer na intimidade com Ele. E essa relação só é possível manter na oração. Por isso, rezar é uma arte, uma conquista, um aprendizado.

A oração precisa gerar em quem reza o desejo de perfeição, de mudança, de se tornar melhor. Pode-se entendê-la como uma “ascensão da alma a Deus” (São João Damasceno).

A oração também pode ser definida como uma elevação da alma para Deus, com o fim de Lhe prestar homenagens que Lhe são devidas e de pedir  as Suas graças, para assim nos tornarmos melhores para a Sua glória.32

Essa elevação da nossa alma a Deus é necessidade interior de todo homem. Quando rezamos, nossa alma anseia por Deus e quer estar com Ele e n’Ele.

A intimidade com Jesus faz com que nos aproximemos de Deus Pai. A oração nos faz capaz de acessar a Deus. E essa relação na oração faz com que sintamos a paternidade de Deus e a alegria da filiação. Na oração, nos tornamos cada
vez mais filhos no Filho.

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Luz divina

Como afirma o Papa emérito Bento XVI, em uma das suas catequeses sobre o homem em oração: Todavia, só no Deus que se revela encontra pleno cumprimento a busca do homem. A oração, que é a abertura e elevação do coração a Deus, torna-se assim relação pessoal com Ele. E mesmo que o homem se esqueça do seu Criador, o Deus vivo e
verdadeiro não cessa de chamar primeiro o homem ao misterioso encontro da oração.33

Na oração não só encontramos a luz divina, mas um profundo sentido da vida existencial e da realidade. A oração provoca desejo pela felicidade e a necessidade de salvação.

A oração é, portanto, uma exigência que se estende a todos os homens pelo fato de terem sido chamados à vida por Deus e Dele terem recebido tudo quanto são e possuem.34

Quem reza se sente atraído por Deus; não só faz experiência com Ele, mas, de certo modo, acessa o transcendente. Quando falamos do homem orante, devemos lembrar que ele, necessariamente, precisa ter uma atitude interior diante de Deus. “Orar é perderes gratuitamente o tempo diante d’Ele.”35

Oremos

“Senhor Jesus, concede-me o dom da oração, pois não sei orar, não sei pedir. Faltam-me as palavras. Vem em socorro da minha fraqueza, da minha falta de fé e oração. Ora em mim como convém. Muda-me segundo o Teu querer. Vai à profundidade de minha vida, aos lugares que só o Senhor conhece. Usa-me com a força do Espírito Santo, para que eu aprenda a rezar como convém. Que a força do Espírito Santo orando em mim e através de mim possa me fazer santo. Gera a santidade em mim, para que eu possa estar totalmente unido a Ti. Entra em minha intimidade e me eleva até o Teu coração. Amém.”

Texto extraído do livro “A oração move o Céu“, de padre Reinaldo Cazumbá.

Referências Bibliográfica:

29 CIC 2558/2559.
30 Papa Francisco, Audiência geral, 25 de maio de 2017.

31 CIC 27.
32 Adolph Tanquerey. A vida espiritual explicada e comenta-
da, p. 280.
33 Bento XVI, Audiência geral, 11 de maio de 2011.
34 Benedikt Baur, A vida espiritual, p. 113.
35 Jean Lafrance, Reza ao Pai no seu intimo, p. 24.

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