A respeito de certos sermões sobre Maria Santíssima, dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “Apresentam-nos Nossa Senhora como inacessível, deveriam propô-la como imitável”. Na verdade, é Maria inacessível nos altíssimos privilégios que coroam sua divina maternidade, e é justo considerar tais privilégios para admirar, contemplar, louvar as grandezas de nossa Mãe e, assim, enamorar-nos cada vez mais dela. Ao mesmo tempo, cumpre considerar Maria no quadro concreto de sua vida terrena, quadro humilde e simples que, de modo nenhum, sai da moldura de uma vida ordinária, comum a qualquer mãe de família: sob este aspecto, é Maria verdadeiramente imitável.
João Paulo II, seguindo a linha do Concílio Vaticano II, diz que é inadmissível uma Mariologia desvinculada do Filho que ela acolheu na Anunciação: “só no mistério de Cristo” se esclarece “plenamente o seu mistério… Maria está unida a Cristo de um modo absolutamente especial e excepcional. Maria recebe a vida daquele ao qual ela própria, na ordem da geração terrena, deu a vida como mãe” (RMA 4,8 e 10).
Não é de admirar que o Papa tenha desejado dedicar ao Rosário sua “oração predileta” (RVM), o ano que antecederia a celebração de seus vinte e cinco anos à frente da Igreja. Quis, assim, incentivar “a contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo” (id. 3). Ele colocou como intenções do Ano do Rosário duas das maiores preocupações de seu pontificado: A PAZ E A FAMÍLIA.
A missão de nos ensinar a fixar os olhos no rosto de Cristo e de nos ajudar a “reconhecer seu mistério no caminho ordinário e doloroso de sua humanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai” (RVM 9) parte de uma convicção de que “a contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável”, pois “o rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial” (id. 10).
A devoção de São João Paulo II a Maria
Ele foi fortemente influenciado por São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716): “Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é, incontestavelmente, aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Ora, sendo Maria, entre todas as criaturas, a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que, de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo” (Tratado 120, citado na RVM 15).
Se tivéssemos que destacar um pensamento que sintetize a mariologia do Papa, teríamos um imenso desafio pela frente, pois, além de ele ter escrito a encíclica Redemptoris Mater e a carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, reservou a Nossa Senhora capítulos de alguns documentos (como não lembrar “Na Escola de Maria, Mulher ‘Eucarística”, da Ecclesia de Eucharistia?), fez dezenas de alocuções, às quartas-feiras, sobre o lugar da Bem-aventurada Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja, centenas de homilias marianas, e lhe dedicou um número incalculável de orações e consagrações. Aceitando o possível desafio, escolhemos uma frase que não só resume sua visão Mariana como também sintetiza a razão de seu totus tuus: “Importa reconhecer que, antes do que quaisquer outros, o próprio Deus, o Pai eterno, confiou-se a Virgem de Nazaré, dando-lhe o próprio Filho no mistério da Encarnação” (Rm 39).
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Maria é espelho para os cristãos
Muitos padres se espelham em Maria para viverem melhor suas vocações, vivendo a pobreza, a obediência e a castidade. Maria é modelo de vocação, foi e sempre será a primeira vocacionada. Muitos santos também se espelharam em Maria, como João Maria Grignon de Monfort, que escreveu o “Tratado da Verdadeira Devoção a Virgem Maria”, São Bernardo de Claraval, Santo Agostinho, São Maximiliano Maria Kolbe etc., para que, assim, se conseguisse fazer a vontade de Deus.
Um grande exemplo foi São Pedro Juliao Eymard, que vivia tão intensamente uma relação com a Virgem Maria, que seus amigos, ao verem-no sempre doce e recolhido, diziam entre si: “Aí vem a Virgem”. Maria é modelo da Igreja e modelo para todos nós. Está sempre presente na vida de todos os vocacionados.
Por isso devemos sempre pedir a ela que rogue por nós a Deus. Maria, Mãe de Deus e de todos os homens, rogai por nós a Ele, pedindo-Lhe que envie vocacionados para Sua Igreja. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Eduardo Rocha Quintella Fraternidade S. J. da Cruz – O.C.D.S – B.H