O sofrimento nos acompanha, passo a passo, no caminho da vida. Ele é um companheiro assíduo e inseparável: sofrimento físico, moral, doença, decepção, frustração, perda.
A provação pode ser uma grande amiga ou uma terrível inimiga, pois tem o poder de edificar ou destruir, enriquecer ou despojar. Tudo depende de como o encaramos, do sentido que somos capazes de lhe dar.
A sombra da cruz – do sofrimento e do sacrifício –, faz-nos estremecer. Custa-nos entendê-la e, ainda mais, custa-nos aceitá-la. Por que o sofrimento? Por que o sacrifício?
Dar sentido
Todos nós já nos fizemos, provavelmente, essas perguntas uma ou muitas vezes na vida. E todos sabemos que, quer perguntemos quer não, quer aceitemos a cruz ou nos revoltemos contra ela, continuará a fazer parte deste mundo e da vida de cada um de nós.
Em nada nos ajuda fazer meras especulações sobre o sofrimento, baseadas em hipóteses irreais: “Se não existisse o sofrimento”, “Deus não deveria permitir o sofrimento”, “Se Deus é Pai, por que nos deixa sofrer?”.
A realidade é que o sofrimento existe e Deus o permite. Por isso, só poderemos encontrar um sentido, uma ajuda, se fizermos as perguntas sobre a dor dentro do quadro da vida real: “O sofrimento existe, sempre existiu e continuará a existir? Eu o tenho na minha vida? Que sentido tem? Que faço com ele? Que devo fazer com ele?”.
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A sabedoria da cruz
Podemos fazer muitas coisas. Há pessoas que, diante das cruzes da vida, se asfixiam na revolta e no desespero. Queixam-se, amarguram-se, arrasam-se. Às vezes, até se autodestroem.
Por outro lado, há outras pessoas que, com os mesmos ou maiores dificuldades, amadurecem, ganham sabedoria e virtude, aprendem a ver e a amar as coisas e as pessoas de uma maneira nova. E, no meio da dor, têm uma vida cheia de paz, de grandeza e fecundidade.
Há, pois, um mau modo e um bom modo de encarar o sofrimento. Esse último é o que, em linguagem cristã, chamamos a sabedoria da cruz (cf. I Cor 1, 25).
Padre Francisco Faus