Somente livres de todo o peso do pecado é que poderemos desfrutar da alegria de um coração renovado
O homem pode libertar-se de tudo, menos de sua consciência, e não há nada que a incomoda mais, do que uma vida vivida no “mais ou menos” ou melhor: uma vida mais ou menos vivida. Porque a indecisão esvazia as possibilidades, e a dúvida conduz a alma à tristeza.
“Mais ou menos” é a medida da derrota, é o selo do fracasso, é a marca de tudo o que poderia ter sido bem-feito mas não foi, vivido com intensidade e não foi. Há uma palavra no livro de Jeremias que diz: “Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor” (Jr 48,10a). Quem negligencia não deixa de fazer, mas o faz com descuido, com desleixo, sem atenção; faz mais ou menos. Um homem mais ou menos justo – não é justo; uma mulher mais ou menos fiel – não é fiel; e um coração mais ou menos quente – é morno.
Coragem! Chega de deixar escapar as oportunidades que Deus lhe dá, por medo de se entregar! Por que deixar mais uma vez para amanhã aquilo que Deus quer para agora? Tudo o que foi postergado para o dia de amanhã deixou um vazio no hoje, que é o único tempo que você realmente tem. Mas não desanime por isso!
Deus é amor, Deus ilumina, Deus inspira, Deus acalma sua alma, Deus preenche o vazio que você traz dentro de seu coração. Ele lhe dá uma nova chance para lutar e, quando você cansar, Ele será o seu repouso, mas Ele precisa da matéria prima para construir a sua nova história. Ele precisa da sua luta.
Essa mudança é possível, porque, a fé ainda remove montanhas, porque, a oração ainda toca o céu e a persistência continua tornando realidade resultados aparentemente impossíveis de serem alcançados.
Aprendendo com as águias
É preciso fazer como as águias. Elas têm uma vida relativamente longa, chegam a viver por volta de uns setenta anos. Mas, para alcançar essa idade, aos quarenta anos elas têm de tomar uma decisão séria e difícil.
Quando chegam aos quarenta, suas unhas já cresceram demais e se tornaram flexíveis, perderam completamente a firmeza e já não conseguem agarrar a caça para matar a fome; o bico vai se curvando, e as penas vão engrossando, ficando velhas e pesadas, e voar torna-se, para elas, um transtorno.
É nessa hora que se faz necessária uma decisão: ela pode se acomodar e morrer ou, então, enfrentar um processo lento e doloroso de renovação que, vai durar cerca de uns cento e cinquenta dias. Para renovar-se, ela precisa ir ao alto de uma montanha e construir um ninho em lugar bem protegido, de onde ela não precise sair para voar.
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Quando a águia se sente abrigada e segura, começa a bater com seu velho bico em uma parede até arrancá-lo; então, espera nascer um novo. Com ele, arranca as velhas unhas; quando as novas unhas começam a crescer, ela passa a arrancar as velhas penas.
São cinco meses de luta e transformação até que, chega o dia do chamado “voo de renovação”. Essa mudança lhe garante mais prováveis trinta anos de vida.
Ingresse numa realidade nova
Há quem faça o impossível para morrer um pouco mais tarde e, no entanto, nada faz para não morrer para sempre. O que nos espera não são meros trinta anos a mais, e sim, a vida eterna. Ninguém pode entrar nela sem passar por uma mudança radical. “Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta, e apertado, o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram” (Mt 7,13-14). É preciso deixar para trás os costumes, tradições, mentalidades e vícios para alçar o voo da vida nova. Somente livres de todo o peso do pecado é que poderemos desfrutar da alegria de um coração renovado.
Viver a renovação é aceitar o convite: “Voltai a mim […] deixai vossos maus caminhos e vossas más ações […]” (Zc 1,3-4). Trata-se não só de mudar a maneira de proceder, mas, principalmente, de ingressar numa realidade toda nova. Entrar em algo muito bom: no domínio de Jesus. Trata-se de esquecer o antigo modo de viver: o que passou, passou! “Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as coisas antigas, porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes?” (Is 43,18-19). É o Senhor lhe dizendo que caminhe para a frente e deixe de pender para trás, que se liberte das ilusões de Satanás e passe a viver sob a direção de Deus (cf. At 26,18).
(Extraído do livro “Vencendo Aflições Alcançando Milagres”)