Aprender a rezar

Nosso Deus é um Deus do impossível

Para você ser um jovem “de pé”, forte e equilibrado, senhor de si mesmo e capaz de amar, você precisa aprender a rezar. A nossa natureza ficou debilitada pelo pecado original e é marcada pela concupiscência, isto é, uma força que nos puxa para o mal. Quem de nós não sente isso? Jesus disse claro: “O espírito é forte, mas a carne é fraca. Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41).

Jesus estimava tanto a oração, que passava noites inteiras no alto dos montes da Galileia conversando com o Pai (cf. Lc 5,16; 6,12; 9,29). E aí estava a sua força: de dia pregava, de noite rezava. Ensinou os discípulos a rezarem (cf. Mt 6,9) e insistiu com eles: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Pedi e se vos dará” (Mt 7,7a).

Orar é uma ordem, um mandamento do Senhor. Sem oração, nenhum de nós fica de pé espiritualmente e ninguém consegue fazer a vontade de Deus. A razão é muito clara: “Porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4). Jesus deixou claro: esse ‘nada’ indica que, por nós mesmos, não conseguiremos fazer o bem e, pior ainda, evitar o mal. São Paulo insistiu: “E o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Cor 12,6b).

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Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Ninguém nos ama tanto como Deus

Quando o Senhor manda: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis” (Mt 7,7a), no fundo, Ele deseja que reconheçamos que só Ele é o autor dos nossos bens e que, portanto, devemos só a Ele recorrer. É por isso que desagradamos, profundamente, a Deus todas as vezes que buscamos socorro fora d’Ele, especialmente nas práticas idolátricas – magia, feiticismo, necromancia, cartomancia, adivinhação, invocação dos mortos, horóscopo e em outras práticas –, sendo infiéis a Deus.

Toda a tradição da Igreja e as Escrituras condenam toda e qualquer busca de poder fora de Deus, por ser exatamente essa a característica do paganismo (1Cor 10,20; Dt18,9-13). Por outro lado, aquele que ora manifesta confiança em Deus, como o salmista disse: “Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele: e ele agirá” (Sl 36,5). O velho Tobias afirmava: “Pede-lhe que dirija os teus passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade” (Tb 4″,20b).

Feliz o cristão que adquiriu o hábito de conversar, coração a coração, familiarmente, com Deus. Isso é orar, é falar com Deus, coração a coração, em todas as circunstâncias. Deus quer que conversemos com Ele, diz São Ligório, e quer ser tratado como Amigo íntimo. Ninguém nos ama tanto como Ele, e até as nossas pequenas coisas Lhe interessam.

Sem a oração, não conheceremos a vitória

É preciso sermos transparentes diante do Senhor; abrindo-Lhe o coração com toda a liberdade e confiança. Diz o livro da Sabedoria que “Deus se antecipa a dar-se a conhecer aos que O desejam” (cf. Sb 6,13).

São Paulo expressou tudo isso em poucas palavras: “Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1 Ts 5,16-18).

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Você deve conversar com Deus em todas as ocasiões: na alegria e na dor, na penúria e na fartura, na saúde e na doença, pedindo, agradecendo, louvando, bendizendo, cantando. Podemos orar quando estamos no carro, na bicicleta, na cozinha, no silêncio do quarto, na rua. E Deus estará sempre acolhendo nossa oração e nos respondendo.

Enfim, a oração é a força do homem, é o caminho mais simples para receber os dons de Deus. Sem oração, não conheceremos a vitória. Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, viveu 91 anos. Ele escreveu mais de cem livros e disse que, se em toda a sua vida tivesse de fazer uma só pregação, essa seria sobre a oração.banner_espiritualidade


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino