entenda

Você tem tempo?

“Não tenho tempo, não deu tempo, faltou tempo, hoje não tenho tempo”: essas frases tão comuns nos nossos dias sempre me incomodaram. Outro dia, ouvi alguém dizer: “Vinte e quatro horas não são mais suficientes para fazer tudo que preciso, meu dia precisava ter mais algumas horas”.

Fico pensando: “se Deus fez tudo tão perfeito, deu-nos as horas necessárias para cada dia, por que não conseguimos viver bem o tempo que temos?”. Vejo pessoas ansiosas, correndo de lá pra cá, sempre apressadas, falando rápido ou nem mesmo parando para falar, porque não podem perder tempo. Outras se gabam em dizer que fazem muitas coisas. Já ouvi até dizerem que são capazes de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.

Que seres são esses? Será que são humanos? Não duvido da capacidade que temos de usar nossos dons com tanta eficiência, ou seria autossuficiência? Que necessidade é esta de mostrarmos que somos bons e capazes? Seria necessidade de autoafirmação ou medo de perdermos nosso lugar e prestígio?

Você tem tempo?

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Vivemos num mundo cheio de medos, inseguranças, isso nos angustia, nos coloca diante de uma necessidade grande de buscarmos fazer muitas coisas a fim de nos realizarmos e provarmos, de repente, para nós mesmos, que somos capazes.

Tempo é dinheiro?

Esse negócio de que tudo tem de ser para ontem, de que não podemos perder tempo, que “tempo é dinheiro” e tantas outras expressões têm nos afastado das pessoas, têm nos feito perder esse contato tão precioso com quem amamos. Vamos nos tornando frios, indiferentes, quase nos tornamos seres virtuais.

Falamos e sorrimos por códigos, como fazemos ao usar as teclas do nosso celular. Já não sentimos mais o calor do abraço, aquele beijo molhado na face. Tem tanta gente que já não sabe mais como é gostosa aquela apertadinha na bochecha como um gesto de carinho. Quanta frieza em nossas atitudes!

A modernidade chegou em nossas vidas! Estamos tão modernizados que beijos, abraços, sorrisos são somente virtuais. O “bom dia” já caiu de moda. Hoje acenamos com a cabeça ou com a mão sem nos aproximarmos muito das pessoas com medo de que elas roubem o nosso tempo.

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“Ah! Como eu queria que o tempo parasse, meu Deus! Queria que parasse só um pouquinho, para que a nossa consciência nos fizesse ver que à nossa volta existem pessoas que sobrevivem de amor, manifestado em gestos. Queria que meus olhos pudessem ver muito mais do que os meus próprios interesses, que vissem em cada pessoa a Tua presença, para que eu pudesse Te amar no outro e, também, que Tu pudesses amar através de mim, do jeitinho que fazias com as pessoas, pois sempre encontravas tempo para todos, ninguém passava despercebido aos teus olhos. Aliás, olhavas cada um nos olhos, penetravas a alma das pessoas, tocava-as com tua mão. Quanta afetividade em teus gestos! Dá, Senhor, a nós, “humanos”, uma humanidade que nos faça, de fato, dignos de sermos chamados “seres humanos”, filhos de Deus!”

Simone Cavazzani

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