Meditação sobre a morte

Quem se lembrará de nós alguns anos após a nossa morte? Talvez uma lembrança vaga, uma evocação de saudade muito apagada. E como somos orgulhosos hoje! Tanto nos fere e magoa um esquecimento mesmo involuntário! Felizes os que se desiludem e se desapegam das amizades e vanglórias da Terra antes que chegue a mestra e doutora da vida! – a Morte!

Como se compadecem todos dos enfermos! Que carinho e solicitude e mil sacrifícios em torno do leito de um pobre doente que geme! Porém, veio a morte. Pranto, homenagens sentidas, flores, túmulos, necrológios, e… esquecimento. Hoje afastam a idéia da morte como se fossemos todos imortais. É mister esquecer os defuntos, deixá-los no túmulo, evitar essa preocupação doentia da morte e da eternidade.

Morreu… acabou-se! Vamos rir, vamos dançar e cantar. Deixemos que a vida corra alegre e feliz. Não pensemos mais na morte e muito menos em mortos. Não é assim que fala e age o mundo louco e materialista de hoje?

Ai! Como são esquecidos os mortos! O materialismo estúpido não compreende nem a beleza, nem a consolação do culto à memória dos mortos como o tem a igreja católica. Para nós, eles não morreram, mudou-se-lhes a condição da vida: Vita mutatur, non tollitur! – A vida não é tirada, mas transformada.

Na sepultura não se acha para sempre o homem. Cremos no que dizemos cada dia no Credo: Eu creio na ressurreição da carne e creio na vida eterna.

A piedade para com os mortos é um ato de fé na vida eterna, uma doce certeza de que nossos mortos queridos não estão perdidos para sempre ao nosso amor. Havemos de os encontrar um dia no seio de Deus! Como é doce consolar e belo crer na imortalidade e esperar a vida eterna!

Pois se cremos na vida eterna, cremos no purgatório. E se cremos no purgatório, oremos pelos nossos mortos.

Requiem aeternam dona eis Domine! – Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!

Não sabemos então que é de nosso próprio interesse orar pelos mortos?

Um dia também iremos para a eternidade e nas chamas do purgatório acharemos tudo quanto tivermos feito na Terra dos mortos. Vamos, pois, neste mês dos defuntos: celebrar Missas, rezar rosários, dar esmolas, fazer penitências, orações fervorosas pelos nossos mortos queridos!

“Como são esquecidos os mortos!”, exclamava Santo Agostinho. E no entanto, acrescenta São Francisco de Sales, em vida eles nos amaram tanto e (quem sabe?) estão no purgatório por nossa causa…

Nos funerais, lágrimas, soluços e flores. Depois, um túmulo e o esquecimento… Como são esquecidos os mortos!

Combatamos estas duas causas do esquecimento dos mortos: a presunção, que diz: Estão no céu, e comodamente não nos interessamos em sufragá-los mais, e a falta de uma fé bem viva no que seja o tormento do purgatório.

Deveres sagrados e esquecidosSim, bem sagrados e sérios são nossos deveres para com os mortos. Temos obrigação de justiça e de caridade em sufragar os defuntos. Não bastam lágrimas, flores, coroas, homenagens póstumas. Tudo isso é mais consolo para os vivos que alívio para os mortos, dizia Santo Agostinho.

Devemos, pois socorrer os defuntos:
1-Em razão do parentesco e do sangue.
2- Por gratidão, aos benfeitores nossos.
3- Por justiça
4- Por caridade

Próximos mais próximos de nós, dizia São Francisco de Sales, naturalmente são nossos pais. Não nos esqueçamos das almas de um pai querido, de uma saudosa mãe. Foram tão carinhosos e se sacrificaram por nós! Não estarão talvez no purgatório? Nosso amor filial os canonizou logo depois da morte e os colocou no céu! Ah! E talvez gemam e sofram no purgatório. Estão salvos, é verdade, no seio de Deus, entre as santas almas, porém… são terríveis os sofrimentos do purgatório.

Práticas devotasExistem muitos modos de sufragar as almas. Em especial, a segunda-feira é o dia da semana escolhido para os fiéis oferecerem sacrifícios a Deus e fazerem algum tipo de penitência na intenção das almas. Pode-se dar esmola, visitar os doentes, ir ao cemitério para rezar, acender uma vela benta e rezar o rosário por aqueles que aguardam ansiosos o momento de ver a face de Deus, sem deixar, é claro, de comungar na intenção das almas do purgatório. A comunhão é de suma importância.

É importante esclarecer que a vela, considerada por muitos instrumento de superstição, serve para lembrar a Luz que os defuntos esperam no Céu. Cristo é a Luz do mundo. A liturgia diz muitas vezes: “Que a Luz perpétua resplandeça para eles”. Contudo, velas acesas sem oração de nada adiantam para os mortos. É válido acendê-las, mas é preferível queimar menos velas e rezar mais.

Nossa Senhora prometeu que “tirará logo do purgatório os que rezarem o rosário (terço) ou usarem o escapulário do Carmo, desde que observados os requisitos para o seu uso”.

De acordo com os enganos que estão pregando sobre o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, inventam, sem nenhum fundamento, escapulário de Santo Antônio, de Santo Expedito, de Santa Rita. Esses não têm valor espiritual ou comparação alguma com o de Nossa Senhora do Carmo.

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