Tecnologia

Conectar-se nem sempre é comprometer-se

Entenda que se conectar nem sempre é comprometer-se

É comum dizermos que a grande dificuldade, em nossas casas e em nossos relacionamentos, de forma geral, é a comunicação ou a falta dela.

Temos vivido uma realidade que parece tão contraditória, mas está escancarada para quem quiser ver e sentir seus reflexos. Temos todos os meios de comunicação em mãos: TV aberta, TV por assinatura, celulares com todos os recursos, chats, blogs, microblogs, sites e rádio. Poderíamos listar tantos meios de comunicação, mas o convido a pensar um pouco mais a este respeito.

Conectar-se nem sempre é comprometer-se

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Frente a tantos meios, você acha que tem se comunicado melhor ou pior com seu amigo de trabalho, com seu filho, sua esposa ou namorado? Já reparou que os assuntos eram melhor resolvidos quando não tínhamos tanta tecnologia? Tenho a sensação de que os meios de comunicação nos levaram ao isolamento. Não discuto as vantagens de tanta tecnologia, afinal de contas, estamos conversando aqui por meio da internet, mas discuto a qualidade daquilo que comunicamos.

Sabe aquele super-papo que você teve pelas redes sociais, que foi mal interpretado pela outra parte e gerou uma baita briga? Já viveu isso? Pois é…. Acho que todos nós já vivemos isso. E aquela foto que você postou e gerou um enorme desentendimento entre você e sua família, por exemplo?

O grande convite, neste tempo, é a necessidade de retomarmos um espaço de comunicação verdadeira, próxima, humana, onde possamos olhar nos olhos um do outro. Precisamos comunicar não apenas aquilo que “sai da nossa boca”, mas valorizarmos “o que sai da nossa boca”.

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Muitas vezes, estamos vivendo situações nas quais a forma de comunicar tem nos afastado ou mesmo não tem sido valorizada, porque temos coisas mais urgentes: o tempo no trabalho nos consome, fazemos coisas paralelas enquanto conversamos de um assunto sério e não percebemos a falta de investimento num tempo de qualidade para conversar.

Até quando vamos permitir que nossa comunicação seja descartável, superficial, imprecisa, desqualificante e, ainda mais, que permita desentendimentos com as pessoas que estão mais próximas a nós? Será que aquele seu “amigo” da rede social é, realmente, seu amigo?

Claro que convivemos num mundo cheio de estímulos, e isso facilmente nos isola, mas algumas dicas podem nos ajudar no desafio da comunicação com qualidade:

Dicas para comunicar-se com qualidade

1) Reserve um tempo para conversar;

2) Quando conversar, crie um espaço que propicie a escuta ativa, ou seja, a escuta que permite os olhos nos olhos, a empatia (ou seja, a capacidade de colocar-se no lugar do outro), a qualidade do tempo e não apenas o tempo de conversa (podemos ter 5 minutos de bate-papo, mas se for com qualidade, vale por 1 hora);

3) Crie momentos de convivência em sua família;

4) Estabeleça um tempo determinado para o acesso às redes sociais: faça o exercício de estar em contato pessoal com o outro;

5) Quando estiver em comunicação, evite as distrações externas (TV, rádio, fazer outra coisa enquanto fala etc) e as distrações internas (por exemplo, quando nos preocupamos com o que vão achar de nós, já tiramos o foco da conversa);

6) Deixe seu julgamento de lado: comunique-se ouvindo abertamente quem fala com você.

Somos conduzidos a viver um mundo individual e paralelo, tendo a sensação de que a vida é rápida e passageira. Essa sensação deve-se, em parte, à expansão veloz do mundo virtual. Conectar-se nem sempre é comprometer-se. Porém, é o compromisso que consolida as relações e é ele que faz com que nossos vínculos afetivos, familiares, sociais sejam sólidos, maduros e abertos a uma comunicação de qualidade, que nos leva à aproximação e não ao isolamento. Relacionamentos vão além de uma conexão, uma desconexão e um bloqueio. Temos o grande desafio de crescer em nossos relacionamentos!

Fica aqui o convite: o que você tem feito para melhorar a comunicação em seus relacionamentos?


Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa