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Ofensas e humilhações: combustível para mais ofensas e humilhações

Costuma-se dizer que uma pessoa só revela aquilo que ela verdadeiramente é quando se exige dela uma resposta imediata diante de uma situação repentina. Não sei se isso é totalmente verdadeiro, porém, é inegável que a zona de conforto que todos nós gostamos tanto e na qual nos refugiamos é também uma região em que se manifestam apenas as nossas aparências. Nela, o ‘verdadeiro eu’ permanece num cochilo “hibernaz”.

Por vezes, o sossego duradouro do ‘verdadeiro eu’ é incomodado. Geralmente, esse inconveniente é causado por aquilo que ouvimos, vemos, pensamos, presenciamos, em suma, pelo que se nos apresenta, principalmente, de supetão. Caso me fosse pedido um exemplo concreto, eu logo responderia o mais recente: o tal vídeo que  “tsunamizou” a internet essa semana. Quem não assistiu, afinal, ao vídeo daquele rapaz que trabalha com entregas de alimento sendo recebido com exasperação por um outro que fizera a tal encomenda?

Não pretendo fazer nenhum comentário diretamente sobre o vídeo, muitos já o fizeram. Que cada um analise para si a justeza (ou não) dessa repercussão acalorada. A bem da verdade, confesso, não consegui até hoje assistir ao vídeo do início ao fim. Meu propósito é tecer alguns breves comentários sobre a repercussão do caso nas redes sociais.

Ofensas e humilhações: combustível para mais ofensas e humilhações

Foto ilustrativa: skynesher by Getty Images

Jesus quebrou o ciclo das ofensas e das humilhações

Alguém parou para pensar, ao menos por um minuto, no conteúdo dessa repercussão? Merecida ou imerecidamente, a pessoa que humilhou foi fortemente repreendida com mais humilhações. Situação que se assemelha, de certo modo, a uma reprimenda de uma mãe que, aos berros enlouquecedores, pede para o filho parar de gritar. Não teria essa situação algo de esquizofrênico? Eis o ciclo do mal e da ignorância sendo fomentado com mais mal e mais ignorância.

A título de exemplo, que bem se poderia tirar comparando a uma caixa d’água aquele que, no vídeo, provocou a humilhação? Pelas redes sociais, o infeliz ainda ganhou rosto de demônio, feições suínas, corpo de personagens jocosos do cinema, sem contar os intermináveis xingamentos desmedidos que nem cabe retomar. Com isso, não estou defendendo nem deixando de defender ninguém.

A propósito, o Mateus – aquele do Evangelho – possuía uma profissão que lhe trazia enormes somas de dinheiro, ou seja, era coletor de impostos. Embora fosse rico, aquele homem, o Mateus do Evangelho, foi desprezado. Considerado por todos como um aproveitador, certamente Mateus seria alvo de muitos memes caso estivesse nos nossos tempos. Assim como os fariseus daquele tempo não o perdoaram, os do nosso tempo, provavelmente, também não o faria. O fato importante é que Jesus, mesmo sabendo quem ele era, quis jantar em sua casa.

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Ser cristão, caro internauta, realmente é um grande desafio. Jesus quebrou o ciclo das ofensas e das humilhações. Em Jesus, o mal que Mateus fazia não foi usado de combustível para fomentar mais ofensas e humilhações. Jesus quebrou o ciclo do mal com o amor, desarmou o gatilho do mal. Aliás, Ele é especialista em fazer essas coisas. A mansidão do nazareno trouxe outra perspectiva para o caso do Mateus do Evangelho. O antídoto para a vozearia e o
burburinho ensurdecedor causado pela vontade de vingança havia sido apresentado por Jesus. Os fariseus, infelizmente, não o souberam usar.

Colocando novamente em evidência o caso específico do vídeo que citei acima, atrevo-me a perguntar a todos que, de alguma forma, reagiram ao caso: “Você foi capaz de quebrar o ciclo de vingança e de ofensa, assim como nos ensinou Jesus?”. Não sei qual será a resposta que sua consciência lhe dará. Sei, porém, a resposta que a minha consciência me dá, a saber, um vergonhoso “não”. Preciso me converter!

Desse caso tirei um aprendizado: não quero deixar escapar dos meus pensamentos que até mesmo o rico Mateus, aquele do Evangelho, recebeu o perdão e a misericórdia de Deus. Viver o cristianismo, realmente, não é fácil.

Deus abençoe você e até a próxima!

Equipe Formação Canção Nova