Conheça cinco principais mitos sobre o suicídio.
O mês de setembro é lembrado como o mês da campanha de conscientização e prevenção do suicídio, cujo objetivo é alertar as pessoas para essa realidade que faz, em média, 32 vítimas, por dia, no Brasil, e 800 mil pessoas, por ano, em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Esses números poderiam ser bem menores se o problema fosse tratado de forma mais clara e menos preconceituosa.
Por muito tempo, achou-se que falar sobre suicídio poderia induzir as pessoas a cometerem tal ato. Hoje, sabe-se que é justamente o contrário. Tirar esse tema das sombras é uma forma objetiva de levar informação às famílias que enfrentam esse drama, além de permitir com que os órgãos públicos possam traçar estratégias de enfrentamento do problema. Ao falar sobre o drama do suicídio, podemos também formar e incentivar as pessoas a escutar a dor do outro e desmistificar os mitos que envolvem o tema. Nesse sentido, gostaria de falar sobre os cinco principais mitos que permeiam a questão do suicídio.
Mitos sobre o suicídio
Mito 1: quem quer se matar não avisa
Fato: Em 90% dos casos, pessoas que tiraram a própria vida deram sinais diretos ou indiretos de que a dor interior estava difícil de suportar. Nunca se deve subestimar alguém que está dizendo que tirar a própria vida seria a forma mais fácil de resolver seus problemas. Na maioria das vezes, esse “dizer” não envolve necessariamente palavras, mas mudanças bruscas de comportamento, isolamento, uso abusivo de drogas, sentimento de culpa, irritabilidade excessiva e bullying.
Mito 2: quem comete suicídio ou tem pensamentos suicidas possui algum transtorno mental
Fato: apesar de as pessoas que sofrem algum transtorno psíquico estarem no grupo de maior risco, nem sempre alguém com algum diagnóstico atentará contra a própria vida. Da mesma forma, uma pessoa que pensa em suicídio, necessariamente, pode não ter nenhum transtorno mental. O ato de tirar a própria vida tem na sua base um sofrimento extremo, que está difícil de suportar. Portanto, a escuta acolhedora e incondicional é um fator de extrema importância na tentativa de aliviar a dor da pessoa.
Mito 3: a pessoa que fala em suicídio quer realmente morrer
Fato: ao escutar pessoas que apresentam pensamentos suicidas, é possível observar uma ambivalência entre querer morrer e viver. Quando alguém diz que quer tirar a própria vida, pode-se ver, neste ato, um pedido de ajuda, uma tentativa de viver. Portanto, nem sempre todo suicida quer realmente morrer. A vida sempre quer prevalecer sobre a morte.
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Mito 4: se eu falar com alguém que está em risco, isso vai estimulá-la ainda mais
Fato: já está provado que falar sobre suicídio reduz os riscos de a pessoa realizá-lo. Essa pode ser a única oportunidade de oferecer a ela a possibilidade de autoanálise de sua vida e de seus propósitos.
É importante, no entanto, salientar que falar sobre suicídio não significa despejar jargões como “existe sofrimentos maiores que o seu”, “você não pode ser tão tola assim” ou coisas do tipo. Falar com essa pessoa significa entender seu sofrimento, mostrar algum sentido para a vida, injetar-lhe esperança.
Mito 5: se eu falar que tudo vai ficar bem e fizer uma oração por ela, tudo se resolverá
Fato: sem dúvida nenhuma, rezar por uma pessoa em sofrimento extremo é algo que pode lhe trazer um bom alívio, mas, em seguida, o melhor a fazer é estimulá-la a procurar uma ajuda profissional, como um psiquiatra ou psicólogo, justamente, porque esses profissionais possuem o manejo técnico para a melhor intervenção na raiz do problema. Somente orar por essa pessoa e dizer que tudo vai ficar bem soluciona o problema? E se, eventualmente, ela não ficar bem? A ajuda psicológico precisa caminhar junto.
Não só neste mês de setembro, mas todos os dias do ano, não percamos a oportunidade de desmascarar esse drama silencioso que mata mais do que a AIDS. Se você conhece alguém que está em situação de extrema dor, procure essa pessoa para escutá-la. Vale lembrar também que existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio por meio do telefone 141 ou pelo site http://www.cvv.org.br/.