É preciso realizar aquilo que faz bem pra gente, e não fazer aquilo que todo mundo faz
Quando falamos de planejamento para o próximo ano, sempre dá aquela impressão de que as pessoas esperam um roteiro pronto com um título quase que clássico: “como planejar seu 2026″ com aquela lista de coisas que “devemos” fazer. Automaticamente, bate quase que “aquele desespero” quando fazemos uma lista rápida de tudo aquilo que não deu certo. Parece que, automaticamente, aparece um roteiro pronto: comprar agenda nova, fazer lista de metas, repetir a frase “agora vai”, tentar mudar tudo de uma vez, e — quando nada sai como o ideal — culpar-se. Essa história você já conhece, mas, hoje, quero convidá-lo para outra narrativa.

Créditos: Paula Dizaró/cancaonova.com
Ao pensarmos sobre um planejamento para 2026, temos que pensar também que não somos máquinas de produtividade, mas precisamos realizar coisas que também fazem sentido à nossa existência. Claro que temos obrigações: todos nós as temos. Mas a correria sem fim, num ritmo alucinante, talvez nos faça muito pouco sentido.
Ao tentarmos encaixar a vida num quadrado perfeito tal como acordar às seis horas, treinar cinco vezes por semana, dieta impecável, dois cursos, ler vinte 20 livros, economizar X reais, conhecer 20 lugares, pode ser muito legal, mas pergunte-se: isso é válido para você ou é porque todo mundo faz? Se todo mundo faz, mas não faz sentido para você, é tempo de refletir e até mesmo planejar de acordo com sua realidade. Quer um exemplo? Algumas pessoas descansam viajando, outras amam estar de férias dentro de casa, aproveitando seu canto, ouvindo uma música ou vendo um filme. E que bom que isso faz sentido para ela!
A pergunta não é “O que eu quero fazer no ano que vem?” A pergunta talvez possa ser: “Quem eu quero ser quando esse ano acabar?”
Quando você responde essa pergunta, as metas surgem como consequência e não como obrigações. Isto porque vamos colocando mais sentido, completando com aquilo que menos faz falta, organizando as coisas que precisam ser organizadas, melhorando nossos vínculos com nossa história de vida, de forma humana, e não automática.
Você não é um aplicativo executor de tarefas: se apenas isto acontece, você corre o risco de correr atrás de algo que nem você entendeu direito o que é, e daí virão as crises. Nesse sentido, pensemos juntos: em vez de planejar para encaixar mais coisas na vida, experimente planejar para tirar coisas da vida. O que está pesando? O que virou obrigação vazia? O que está ocupando um espaço inútil?
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Dar novas formas ao que temos
Às vezes, o verdadeiro planejamento não é adicionar, é retirar e dar novas formas ao que temos. E antes de começar o novo, repense seu ano que está terminando, não como um balanço contábil, mas como uma conversa amiga: o que eu conquistei? O que eu perdi? O que ainda dói? O que me surpreendeu? De que eu me orgulho? O que eu agradeço? O que eu preciso mudar para o próximo ano? Não dá para planejar novos capítulos com cadernos velhos, mas histórias passadas podem ajudar você a construir um novo ano. Planejamento não precisa ser um mapa rígido, mas deve conter margem para revisões, para rotas que possam ser alteradas ao longo do trajeto. Cuidado com as regras que dizem da famosa motivação; comece pela necessidade, pela disposição em fazer e vá colhendo os frutos pouco a pouco. O movimento lhe dará energia para continuar. Nos dias em que vier a euforia, você avança. Nos dias em que vier a exaustão, você diminui o ritmo. Planejamento consciente é aquele que se adapta. O plano não deve usá-lo: você é quem usa o plano.
Nem sempre será impecável, por vezes, haverá recomeço, mas tenha a coragem de admitir o que não deu certo e o que pode, sim, ser modificado.



