✝️ Testemunho da Fé

Leão XIV e o martírio nos dias de hoje

O martírio permanece uma realidade dolorosa e atual

O Papa Leão XIV, 267º sucessor de São Pedro – apóstolo martirizado durante a perseguição de Nero em 64 d.C. – assumiu o pontificado sob intensa atenção mundial, com olhares voltados para a tão aguardada fumaça branca. Sua eleição, como primeiro papa nascido nos Estados Unidos, despertou grande curiosidade sobre sua trajetória, especialmente sua experiência missionária no Peru. Imagens de sua vida, celebrações familiares e até momentos descontraídos viralizaram nas redes sociais. Entre esses registros, um vídeo se destacou. Durante uma homilia no Crisma, no Peru, Dom Robert Prevost abordou o significado do martírio nos dias atuais:

“Provavelmente, nenhum de nós será chamado ao derramamento de sangue. Não enfrentamos perseguições como nos primeiros séculos. Mas há outras formas de perseguição, como o escárnio. Muitos de vocês já ouviram de colegas ou familiares: ‘Por que perder tempo com Igreja e religião? Os católicos são todos corruptos, narcisistas, mentirosos… Por que crer em Deus quando se pode viver uma vida cômoda, cheia de prazeres?’ Isso também é perseguição. Receber o Crisma é declarar publicamente sua fé, assumir a maturidade cristã e estar disposto a viver – e até morrer – alegremente por sua vocação. Desde o batismo, somos chamados à fidelidade, ao seguimento de Jesus Cristo e à busca da vida eterna.”

Créditos: Domínio Público.

Embora o martírio possa parecer algo do passado, ele permanece uma realidade dolorosa e atual. Pesquisadores ligados à Comissão Vaticana para análise de casos de martírio receberam mais de 20 mil relatos de todo o mundo, resultando em uma lista de 3.400 mártires apenas entre 1996 e 2000. O Papa Francisco enfatizou: “Hoje, temos mais mártires do que nos primeiros séculos”.

“No passado, cristãos eram lançados às feras no Coliseu para entretenimento. Hoje, no anonimato e esquecimento, muitos ainda são mortos ou perseguidos enquanto rezam ou celebram missa. A disposição da alma, porém, é a mesma: ontem e hoje”, afirmou o Papa Francisco em um discurso em 2018.

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A perseguição religiosa, infelizmente, continua a crescer. Segundo dados recentes, a liberdade religiosa é gravemente violada em 61 países, com assassinatos e sequestros por causa da fé ocorrendo em ao menos 40 deles. Aproximadamente 62% da população mundial vive em locais onde há violações graves ou gravíssimas desse direito fundamental.

Ser cristão ainda custa a vida em muitos lugares do mundo

Atualmente, cristãos de 18 países enfrentam discriminação, prisão, deslocamento forçado e até assassinato. Segundo relatório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, esses países incluem: Arábia Saudita, Egito, Nicarágua, Burkina Faso, Nigéria, Moçambique, Turquia, Síria, Iraque, Irã, Paquistão, Índia, Coreia do Norte, China, Vietnã, Mianmar, Eritreia e Sudão.

A palavra “mártir” vem do grego martyria (μάρτυς), que significa “testemunha”. No cristianismo, mártir é aquele que testemunha sua fé até as últimas consequências, mesmo diante da perseguição e da morte. Como diz o Evangelho:

“Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e jogados na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Será uma ocasião para dardes testemunho. (…) Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. Alguns de vós matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome.” (Lc 21,12-13.16-17)

O martírio, portanto, não é apenas uma memória histórica, mas uma realidade viva, que desafia e inspira os cristãos a permanecerem fiéis ao Evangelho, mesmo diante das adversidades do nosso tempo.

Rodrigo Luiz dos Santos
Missionário na Canção Nova, Rodrigo Luiz formou-se em Jornalismo pela Faculdade Canção Nova. É casado com Adelita Stoebel, também missionária na mesma comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.