Um dos maiores desafios que a família encontra, atualmente, é manter as contas em dia. Essa é uma situação que pode causar muitas dificuldades de relacionamento. Portanto, manter as contas em dia é uma questão de sobrevivência em muitos aspectos. Mas como fazer isso? O salário que recebemos é uma das fontes da ação da Divina Providência em nossa vida. O que quero dizer com isso é que Deus nos dá a graça de um trabalho, como garantia da sobrevivência familiar. Por isso, é necessário aprendermos a usar o dinheiro que ganhamos com o suor do nosso trabalho da melhor forma possível.
O orçamento familiar não é apenas “anotar as despesas realizadas”. É algo que envolve: planejar, eleger prioridades, controlar fluxo de caixa. Além disso, é uma ferramenta que ajuda a entender nossos hábitos de consumo. É uma oportunidade para a família refletir sobre os projetos de vida e objetivos comuns, para que todos caminhem numa única direção, possibilitando o crescimento da unidade familiar.
É também um instrumento que permite aprendermos a esperar e a escolher o melhor, não de forma individual, mas coletiva, levando-nos a pensar e a buscar o melhor para toda a família. Logo, controle financeiro não é algo que apenas as famílias de classe alta precisam fazer. Não é uma tarefa fácil, mas não é impossível, entretanto, exige disciplina e muita disposição para fazer eventuais ajustes além de caderno, lápis e calculadora.
Saiba como encontrar o equilíbrio financeiro familiar e não ficar entrando em dívidas
Precisamos compreender que todas as nossas escolhas, desde as menores até as maiores, decidem não só quais serão as nossas ações, mas, sobretudo, quem estamos sendo. E essa é uma questão fundamental.
A mídia promove os produtos e muitos se deixam levar por ela exagerando nos gastos. Além da mídia, um ponto perigoso é o desejo de “status”, ou seja, o desejo de imitar os outros, de ter o mesmo que os outros. Também existem aqueles que gastam muito, por fuga ou por compensação, ou seja, por questões psicológicas. E outros ainda querem oferecer aos filhos tudo que não tiveram na infância. Em todos esses casos, sem disciplina não há renda que suporte.
Enquanto não identificamos que tipo de consumidores somos nós, é quase impossível atingirmos o equilíbrio necessário. Portanto, o primeiro passo é cada um identificar se faz compras por necessidade ou por compulsão.
Dicas para ter equilíbrio
Entre os “sintomas” está a falta de organização, isto é, dificilmente você anota o que gasta com seus compromissos; e a emissão de muitos cheques pré-datados, mesmo tendo dinheiro na conta, por pura questão de hábito.
Outro sinal de que está na hora de frear as compras: você não pode ver uma sacoleira ou qualquer banca cheia de bugigangas que já quer levar tudo. O mesmo vale para os passeios em shopping centers. Todo mundo gosta de aproveitar o passeio, mas, de repente, você se vê com sacolas e mais sacolas nas mãos.
Cada pessoa tem um “perfil financeiro”, e se você conhece o seu perfil e o do seu esposo (e vice-versa), um pode auxiliar o outro, para que encontrem o equilíbrio a respeito do consumo, visto que não existe um perfil perfeito. Abaixo, seguem alguns perfis básicos, para ajudar você a se identificar:
Perfis financeiros
Gastadores: São pessoas que não estão preocupadas com o futuro, vivem intensamente o presente e gastam toda a renda; às vezes, até um pouco mais. Os gastadores valorizam as roupas de marca, gostam de ostentar o seu estilo de vida com os amigos. São pessoas que vivem na dependência da imagem e de receberem elogios pelos objetos que possuem.
Descontrolados: Não sabem quanto pagam de tarifa bancária, não acompanham o dinheiro que entra na conta, tampouco percebem quando sai da conta. Essas pessoas vivem com a sensação de que o dinheiro evapora, estão sempre cortando os gastos, mas nunca é o suficiente. Além disso, usam constantemente o cheque especial ou pagam a conta do cartão de crédito apenas parcialmente, por falta de fundos.
Desligados: Gastam menos do que ganham, mas não sabem exatamente quanto. Poupam o que sobra, quando sobra. Perdem ou “guardam” o dinheiro em livros, bolsos de calças e/ou camisas. Se não têm dinheiro na conta, parcelam a compra. A fatura do cartão de crédito e o extrato da conta de celular são surpresas a cada mês.
Poupadores: Preocupam-se com o futuro, sabem que é importante guardar e, por isso, tendem a restringir ao máximo os gastos atuais. Nem sempre suas intenções são compreendidas; frequentemente, recebem críticas por serem mesquinhos e avarentos; há quem diga que essas pessoas são capazes de mergulhar em uma piscina com um comprimido efervescente e sair com ele intacto (mão fechada; pirangueiro; pão-duro).
Financistas: São consumidores racionais e, por isso, rigorosos com o controle de gastos com o propósito de economizar. Nem sempre o objetivo é poupar; às vezes, pretendem acumular para poder comprar mais pagando menos. Elaboram planilhas, andam com calculadoras e lista de compras nos supermercados e shoppings, fazem estatísticas e projeções com quantidades e frequência impressionantes. Entendem de investimentos, juros, inflação e são procurados por amigos e parentes para orientações.
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Reconhecer a doença e tratá-la
Quero frisar bem a importância de reconhecermos o tipo de consumidores que somos, pois comprar compulsivamente pode ser sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente pode ser um vício igual ao alcoolismo. Pode se tratar de uma doença que até tem nome: oniomania, aquele que necessita comprar assim como o dependente químico necessita da droga.
Precisamos entender que o desejo incontrolável de gastar pode ser uma doença e tem tratamento, o qual inclui acompanhamento psicológico e medicação. Mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda.
O segredo de um planejamento eficiente não é controlar despesas, assim como ninguém perde peso apenas contando calorias. A chave do sucesso do seu planejamento reside na sua capacidade de criar uma estrutura sustentável que equilibre receitas e despesas e permita que você administre o inesperado e poupe.
Neste outro artigo, apresento-lhe dicas práticas que possam ajudar você a estabelecer o equilíbrio financeiro de que sua família precisa.