Escolha

Qual a diferença entre viver e sobreviver?

Sabemos disto: você e eu temos vida em sentido biológico! Contudo, o que temos feito dessa vida é o marco que vai definir se estamos vivendo ou sobrevivendo. Desde o início, Deus nos deu a vida e, junto com ela, o livre arbítrio, a possibilidade de escolhermos, é o que vai dizer o livro das Origens: “Então, o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). Desde o momento em que o homem criado por Deus recebeu a vida, iniciou-se uma aventura sobre a face da terra. A própria palavra “sobreviver” já traz um peso enorme, pois, se fizermos uma rápida busca em seu significado, encontraremos: permanecer vivo depois de algo, continuar a viver, continuar a existir, dentre tantos outros.

Ao contrário do sentido de sobreviver, está a palavra “viver” que traz significados mais leves, com mais sabor. O viver pode ser entendido como: ter vida, estar com vida, aproveitar a vida com o que ela tem de melhor. Viver é aproveitar a vida, os bons momentos, a família, o tempo livre, aproveitar os prazeres da vida, sejam eles pequenos ou grandes.

Qual a diferença entre viver e sobreviver?

Foto ilustrativa: Bastian Weltjen by Getty Images

Sobreviver é sua melhor opção?

A verdade é que não somos frutos do acaso, mas antes de tudo, somos frutos de um desejo de Deus. Porém, fazemos escolhas e, muitas vezes, não foram as melhores, essas escolhas nos trouxeram até a realidade na qual nos encontramos hoje. Talvez, você não quisesse estar na condição atual, mas as suas escolhas fizeram com que você precisasse estar nesta situação. Porém, é importante sabermos que todos os dias temos a oportunidade de escolher como queremos viver.

Talvez, você esteja apenas sobrevivendo e sua vida se resuma em trabalhar num emprego que você não gosta, ganhar dinheiro, pagar as contas no final do mês e, no mês seguinte, começar tudo outra vez. E, com isso, os anos vão passando e cada vez mais a vida vai tornando-se um peso, cada vez com mais murmurações e insatisfações. Meu querido leitor, sua vida não pode se resumir a isso. Deus não te criou para isso, você é o sonho de Deus.

Viver é uma escolha!

Sim, viver é uma escolha! E toda escolha implica em responsabilidade. Eu darei a você agora a melhor definição de vida: Jesus! Foi da boca do próprio Senhor que saiu esta afirmação: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida” (Jo 14,7). Nós, cristãos católicos, somos chamados a encontrar a vida plena em Jesus Cristo, só Ele é capaz de transformar as nossas escolhas, até mesmo as que fizemos e não foram boas, o Senhor pode dar um novo sentido na sua vida; porque Ele também nos garantiu: “eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10,10). Queres viver? Escolha por Cristo e adira às implicações que a vida em Cristo trará, só assim serás verdadeiramente feliz.

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Nos relatos bíblicos temos inúmeros exemplos de pessoas que apenas sobreviviam. Recordemos daquela samaritana que buscava água em pleno meio-dia, ela já estava no sexto marido, ainda assim, Jesus afirma que este último não era seu (Cf. Jo 4,5ss). Aquele mulher sobrevivia, contudo, com o encontro com Jesus e a aceitação da vida nova que Ele a trouxe, ela passa agora a levar outra vida, a verdadeiramente viver.

Vejamos o relato de Mateus, o cobrador de impostos. Podemos imaginar que, muitas vezes, ele pudera agir desonestamente, usurpando dos pobres. Aquele homem, vivia para aquela atividade considerada como pecado. Porém, Jesus foi ao seu encontro; e Mateus aceitou que Jesus entrasse em sua história e mudasse a sua forma de viver, ele escolheu por Cristo. E, a partir daquele momento, Mateus passou a viver e a seguir Jesus (Cf. Mt 9,9ss).
Muitas vezes, precisamos romper com o que é velho na nossa vida; por vezes, parece que somos escravos de certas situações. Somente quando deixamos o que é antigo, podemos abraçar a novidade do Espírito. Precisamos nascer de novo, assim como Jesus disse a Nicodemos.

A verdadeira vida

Sabemos que a vida do homem aqui, neste tempo em que vivemos as intempéries e sob as consequências do pecado original, nunca será totalmente isenta de aflições, como apresenta o documento do Concílio Vaticano II Gaudium et spes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS
1). As mesmas angústias vividas pelos homens do tempo atual são as mesmas dos discípulos de Cristo. Mas em que consiste a diferença?

A diferença encontra-se na escolha que aqueles homens fizeram por Cristo, o único que é capaz de nos dar a verdadeira vida. O Senhor Jesus não veio somente para nos dar a vida, e sim vida plena. Contudo, é necessário que escolhamos por Ele. Embora a escolha por Cristo não retire os sofrimentos da vida presente, essa escolha dará um novo sentido de vida. Com isso, teremos a certeza de não mais estarmos apenas sobrevivendo, mas vivendo já a antecipação de uma vida eterna, essa sim é sem dor e sofrimento, apenas na intimidade com a Santíssima Trindade nos céus.

O Apóstolo Paulo vai apontar o que nos espera na vida futura. Ele assim escreve aos romanos: “Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós”. Com essa exortação de Paulo, deixemos nos convencer pelo dom da fé, pois a vida que nos espera é infinitamente superior e melhor daquela que aqui vivemos. E continua o apóstolo, agora falando aos Coríntios: “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, tudo o que Deus preparou para os que o amam” (1Cor 2,19).

Meu queridos leitores, não hesitemos em escolher por Cristo, mesmo que sejamos tido como loucos pelos que sobrevivem buscando apenas dinheiro, glória humana e bens materiais. Esses que as traças corroem e o ladrão rouba, mas tenhamos a certeza de que Deus, Ele que é o autor da vida nos chama para a plenitude, não aqui, mas no céu.

Referências:

BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 2206p.
CONSTITUIÇÃO PASTORAL GAUDIUM ET SPES. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997.

Equipe Formação Canção Nova