Em março deste ano, começamos a experimentar os efeitos imediatos de uma das maiores crises no campo da saúde enfrentadas até hoje. O coronavírus estabeleceu uma mudança obrigatória em toda nossa realidade: aulas suspensas, grande parte dos trabalhadores em casa, incerteza e medo, cultos religiosos impedidos de serem realizados, hospitais lotados com milhares de mortos diariamente. Num primeiro momento, achávamos que isso duraria 15 ou 30 dias, mas, chegamos a outubro ainda com restrições.
Passamos dias e dias vendo os noticiários publicarem o aumento dos casos aqui e no mundo todo. Muitos se perceberam ainda mais fragilizados, seja por terem perdido pessoas próximas para a Covid-19 ou porque sua saúde física e mental foram afetadas ou, ainda, se viram sem seus empregos e com uma série de dificuldades.
O lema “fique em casa” chegou para a população como forma de prevenção à doença; e para os que continuaram sua rotina de trabalho, isso envolveu riscos e cuidados em relação a um inimigo ainda desconhecido. A medida que a curva de casos tem demonstrado queda e a tolerância ao ficar em casa tem diminuído, as pessoas estão saindo e se expondo, sugerindo, ao olhar de muitos, que o medo da doença acabou.
O medo acabou? O que está acontecendo?
Bem, o olhar não pode ser tão simplista e direto: já sabemos que o confinamento por tanto tempo leva a uma série de perdas significativas para todas faixas etárias na nossa saúde física e emocional. Tanto o estresse ambiental concreto e o perigo foram vivenciados; e o medo vivenciado é sim real.
Chegamos ao estado de cansaço extremo sete meses depois de todas essas experiências. Estamos, a grande parte de nós, extenuados, seja por ter chorado a morte de familiares e amigos ou por ter vivido perdas pessoais e materiais. Foram muitas as adaptações!
Frente a este cenário e aos números da Covid-19 no Brasil e no mundo, a retomada ao trabalho, às interações sociais e a nos expormos cabe ainda a necessidade do cuidado. Muitas vezes, cria-se uma ilusão, tal como, “se não fui contaminado até agora, criei imunidade”. Será? Será que posso confiar nesse pensamento quase que mágico? Embora a vida continue e necessitamos retomar o ritmo de tudo, vale lembrar que o distanciamento pode retrair a doença, porém não foi uma garantia total de prevenção, no entanto, expor-se de forma descuidada pode prejudicar a si e aos demais.
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A pandemia não acabou!
Por ser um evento novo para a ciência, estamos aprendendo com tantas restrições. Os estudos para uma vacina seguem em várias frentes. Nosso sonho é a vacina, mas ainda temos um tempo pela frente. Por outro lado, há saudade, há falta de contato, falta de paciência; mas é importante a coerência e bom senso com tudo. Nosso país não tem a mesma estrutura de muitos na Europa que, hoje, já estão experimentando a chamada “Segunda Onda” da Covid-19.
A pandemia, de fato, não acabou: se estamos num processo de estabilização e queda em número de casos, sejamos coerentes, participantes nesse processo e não negligentes. Sabemos a lição do que fazer, mas ainda não temos o domínio desta situação tão inesperada. Portanto, mais do que esperar que alguém faça algo por nós, sigamos firmes na responsabilidade e cuidados conosco e com os próximos.