atenção!

Afaste-se da doença chamada “verborreia”

Caro internauta, por acaso você já foi incumbido de fazer algo em sua atividade profissional, em casa mesmo ou em qualquer situação de sua vida que o levou a exclamar: “Isso é muito difícil de se fazer” ou “Quanta dificuldade eu estou passando para realizar tal tarefa!”? Tenho certeza que sim. Eu mesmo poderia citar muitas dessas situações que vivi ao longo de minha vida, porém, nesse momento, recordo-me de uma situação em particular e gostaria de expô-la para você.

Antes de entrar para a Canção Nova, eu trabalhava na metrologia de uma firma de usinagem. Uma de minhas tarefas diárias era desenvolver programas de medição em um equipamento comumente chamado de “máquina tridimensional”. Certa vez, fui incumbido pelo meu chefe de desenvolver um programa de computador que fizesse a medição completa de uma determinada peça que estava sendo produzida naquela época. Quanta dificuldade eu tive para cumprir essa tarefa!

Recordo-me de que levei quase uma semana de intensos trabalhos. Em muitos momentos, achei que não fosse conseguir cumpri-la. Para dar conta dessa tarefa, veja o que eu me propus fazer: acordava bem cedo, ainda de madrugada, e, às três horas da manhã, eu já estava no meu setor de trabalho com um “joystick” nas mãos desenvolvendo o programa. Esse era o horário mais propício, porque, além do silêncio do ambiente externo, a máquina era pouco requisitada para os demais trabalhos que requeria seu uso. Assim eu poderia trabalhar com mais tranquilidade.

Afaste-se da doença chamada “verborreia”

Foto ilustrativa: HbrH by Getty Images

Ahhh! Ainda tem um detalhe… Nesse horário da madrugada, a minha companhia de programação, além dos apitos causados pelos sensores da máquina, eram as músicas daquele maravilhoso CD de Salmos, o “Ao mestre do canto” gravado pela Eliana Ribeiro. Dessa forma, concluí a tarefa depois de muito trabalho.

Será que você sofre dessa doença?

Bom!, fiz uma breve partilha de uma tarefa bastante complicada que eu precisei cumprir e tenho a certeza de que você já viveu muitas experiências que também se encaixariam muito bem nesse contexto. Porém, existe uma “atividade” que seria infinitamente mais laboriosa que essa que acabei de citar e que qualquer outra atividade muito custosa que você teve que fazer. Quer saber que atividade seria essa? Respondo: fazer silêncio.

Caro internauta, observe como a tentação é grande! Apenas para introduzir o assunto, percebam quantas palavras eu me permiti usar. Será que também não acabei de ter uma crise de verborreia? Até mesmo um detalhe que, a princípio, não seria necessário para o entendimento da história que contei, eu resolvi incluir no texto. Portanto, sem querer julgar ou acusar ninguém, acredito que posso afirmar que eu e você sofremos dessa doença.

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O Livro “Um cartucho – Silêncio com Deus” traz a afirmação do filósofo francês católico Gustave Thibon, que é digna de nos enrubescer a face: “no mundo atual, há mais saliva que sangue”. É uma afirmação curta, direta, precisa e, acima de tudo, verdadeira. Fala-se muito, multiplicam-se as palavras de maneira exagerada, gastam tempo e saliva e, o que é pior, o essencial está sendo esquecido. Fala-se muito e mal. Nossas palavras têm se tornado, cada vez mais, apenas e tão somente ecos de outras palavras.

Faça silêncio!

Outra afirmação muitíssimo inspirada foi-nos dada de presente pelo cardeal Robert Sarah em seu livro “Força do Silêncio”: “Um mundo feito de propaganda, de argumentos infindáveis, de vitupérios, de críticas ou, simplesmente, tagarelices é um mundo no qual não vale a pena viver. Os católicos que se associam a esse tipo de alarido, os que adentram na Babel das vozes, de certa maneira, exilam-se da Cidade de Deus”.

Que tal nos afastarmos um pouco da loquacidade, da tagarelice? Veja, não é para nos emudecer de uma hora para outra, mas falar o necessário. Tenho certeza que fará muito bem a você. Quero concluir esse artigo com mais uma afirmação do cardeal Sarah: “O silêncio é difícil, mas nos torna aptos a nos deixar conduzir por Deus”.

Deus abençoe você e até a próxima!

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