Um número muito grande de mulheres é, em menor ou maior grau e em determinados momentos de sua vida, dependente afetivamente de seus parceiros, ou seja, são pessoas cujas vidas se orientam em função de relacionamentos afetivos, e não em função de uma vocação ou de um sentido na vida. São mulheres que não se conhecem verdadeiramente e que colocam os outros em primeiro lugar, sempre dispostas a abrir mão da própria identidade para não ficarem sozinhas. Na base desse transtorno, está uma profunda carência afetiva, uma falta de nutrição emocional que se originou em sua história de vida. Pais ausentes, negligentes ou aqueles excessivamente rígidos e incapazes de demonstrar afeto estão, geralmente, presentes na vida de quem sofre dependência afetiva.
Na dependência afetiva, confunde-se dor com amor
As primeiras experiências afetivas de um dependente emocional, na maioria dos casos, foram frustrantes, insatisfatórias e frias. A mulher dependente não foi, em sua maioria, adequadamente querida e valorizada por pessoas significativas.
Tendo recebido pouca atenção quando criança, tenta diminuir sua carência tornando-se altruísta, dando aos outros mais do que lhe é pedido, esperando receber em troca o carinho de que necessita.
A mulher dependente afetivamente não foi amada nem aprendeu a amar de forma saudável, por isso repete o mesmo comportamento com o parceiro. Com medo de ser abandonada, faz de tudo para evitar que o relacionamento acabe. Acostumada à falta de amor nas relações pessoais, está disposta a abrir mão do seu tempo, sonhos e metas para agradar ao parceiro e manter o relacionamento.
No fundo, não acredita que mereça ser feliz. É dependente do parceiro e da dor emocional que um relacionamento disfuncional lhe proporciona. Essa dor é, na verdade, a única forma de contato que tem com seus próprios sentimentos. A mulher dependente-afetiva cresceu com essa dor e a confunde com amor.
Idealização
Colocando-se como uma pessoa prestativa, sempre pronta a ajudar, idealiza os relacionamentos em vez de enxergar a situação real como ela é. Por esse motivo, acaba se envolvendo com pessoas cuja vida emocional é caótica, incerta e sofrida.
– Sua autonomia está prejudicada, precisa de algo ou alguém para sentir-se segura e tranquila, desde as situações mais simples como escolher a roupa que vai usar para sair até situações mais complexas como a carreira a seguir, se muda ou não de emprego;
– Sente necessidade excessiva de aprovação dos demais;
– Gosta de relações exclusivas e parasitárias;
– Seu desejo de ter um parceiro é exageradamente grande;
– Doa-se em excesso para receber afeto e usa isso para manter suas relações;
– Não consegue preencher o seu vazio interior com a relação, apenas o atenua;
– O fim da relação torna-se um verdadeiro trauma; logo, procura outro parceiro com o mesmo ímpeto;
– Os outros precisam tomar decisões importantes em seu lugar;
– Precisa concordar sempre com as pessoas para que possam gostar dela;
– Precisa de apoio e conselhos continuamente. Não consegue funcionar sem constante confirmação;
– Não consegue dizer “não”; e se alguém não se mostra alegre, já entende que não lhe tem apreço;
– Coloca o valor do que tem e do que é nas mãos dos outros;
– Tem medo de contrariar as expectativas das pessoas que admira;
– Se alguém lhe dirige um elogio, logo o esquece, mas se lhe fazem uma crítica, fica magoada por muito tempo;
– Está sempre esperando chegar alguém que vai lhe entender por completo, o parceiro ideal, a amiga perfeita;
– É como se sua vida estivesse sempre baseada em algo externo a ela, e isso resulta na falta de identidade pessoal. Quando lhe falta o apoio e o reconhecimento dos outros, sente-se perdida e deprimida.
Atenção!
Essa dependência pode ser de uma pessoa específica, de uma atitude de carinho, de uma palavra amiga ou mesmo de alguém que possa lhe dar a sensação de segurança que precisa para suportar os problemas, tensões e dificuldades pessoais.
Se nos identificarmos com muitos desses pontos citados acima, estamos sofrendo de dependência afetiva e precisamos buscar ajuda para sair desse movimento.
A questão é que a segurança afetiva não está nas relações que fazemos, não é algo que vem de fora, mas que existe ou não dentro de nós. Nossa segurança e identidade são os reguladores da nossa maturidade emocional.
Não se pode esperar que os outros venham nos suprir
Todo ser humano nasce com a capacidade de cuidar de si, um potencial que precisa ser estimulado e incorporado todos os dias. Todas nós temos nossas carências, nossos vazios, mas não podemos esperar que os outros venham suprir esses buracos em nossa vida!
Parece muito mais fácil e familiar continuar procurando por uma fonte de felicidade fora de si mesma do que praticar a disciplina que se requer para construir os próprios recursos internos, do que aprender a preencher o vazio de dentro, em vez do vazio de fora.
Exercitar o respeito e as características genuínas de cada pessoa, respeitar e valorizar sua natureza espontânea e sua criatividade, pedir a Deus a virtude da fortaleza, tão importante para a vida da mulher! Quanto maior for nossa capacidade de vivermos bem sozinhas, mais preparadas estaremos para a convivência com o outro.
Tomar as rédeas da vida
Deus não nos criou para vivermos na sombra dos outros. Temos uma identidade, somos pessoas inteiras, responsáveis por nossa própria vida, por nossas escolhas, por nossos sentimentos e destinos. Tomemos, pois, as rédeas de nossas vidas nas mãos!
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Somos livres para amar e não para aprisionar. O nosso amor pelos outros e o amor dos outros por nós sempre será imperfeito. Só Deus nos ama de forma perfeita e somente n’Ele nossos vazios são preenchidos.
Equipe Formação