O dicionário nos dá uma definição clara, e quase que definitiva, da palavra “mãe”: mulher ou qualquer fêmea que dá à luz um ou mais filhos, segundo o dicionário Aurélio. Porém, essa regra nem sempre é assim. Muitos casais, por motivos diversos, não conseguem ter filhos, e a mãe não pode cumprir essa etapa da gestação e do parto de seus filhos. Optam, então, por um gesto de amor incondicional, que é a adoção – palavra que significa ação ou efeito de adotar; aceitação involuntária e legal de uma criança como filho. Dessa forma, muitas mães e pais realizam seu sonho de maternidade e paternidade em todo o mundo.
Mais do que o desejo de ser pai e mãe, de formar uma família completa, o casal deve ter um bom preparo emocional para lidar com as questões advindas da adoção: como contar para o filho que ele é adotado, aceitar as diferenças físicas e emocionais da criança ou ainda relacionar-se com a sociedade ou com as dificuldades que possam encontrar no caminho.
Como qualquer ato jurídico, e muito mais ainda por se tratar de uma adoção, por acolher uma vida em sua família, o preparo emocional do casal é imprescindível; homem e mulher devem ter conversado bastante sobre a decisão, que não deve ser fruto apenas da vontade de uma das partes, para que não se torne um jogo de responsabilidades quando a criança vai crescendo e dá trabalho para os pais; ou seja, adotar é assumir, de forma humana, emocional, familiar e conjunta, um novo participante ativo desta família. É característica da adoção ser um ato irrevogável; uma vez realizada, é definitiva. Nem mesmo o eventual falecimento dos adotantes restabelece o pátrio poder dos genitores naturais.
O amor que gera é um dom de si
João Paulo II faz uma citação especial durante um encontro sobre famílias adotivas: adotar crianças, sentindo-as e tratando-as como verdadeiros filhos, significa reconhecer que as relações entre pais e filhos não se medem somente pelos parâmetros genéticos. O amor que gera é, antes de mais nada, um dom de si.
Há uma geração que vem do acolhimento, da atenção e da dedicação. A relação que daí brota é tão íntima e duradoura, que, de maneira nenhuma, é inferior à que se funda na pertença biológica. E traz ainda outras contribuições: (…) Os cônjuges que vivem a experiência da esterilidade física saberão inspirar-se nesta perspectiva, para todos rica de valor e empenho. (…) Os pais cristãos terão assim oportunidade de alargar o seu amor para além dos vínculos da carne e do sangue, alimentando os laços que têm o seu fundamento no espírito e que se desenvolvem no serviço concreto aos filhos de outras famílias, muitas vezes, necessitadas até das coisas mais elementares.
É importante que os pais esclareçam para a criança, para que ela não se sinta desprezada nem menosprezada, principalmente quando existem outros irmãos na família, que as relações entre todos são iguais.
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Adotar uma criança é um ato de amor incondicional, ou seja, um ato de aceitação do outro, independentemente de ter em sua origem o sangue e a natureza geracional dos pais que optaram por criar essa criança. O ventre amoroso mora, então, no coração dessa mãe e desse pai, desse casal que, juntos, assumem esse filho do coração e são capazes de supri-lo, dentre tantas necessidades, de amor e carinho familiar, que serão capazes de lhes dar valores, os quais, por vezes, nunca teriam oportunidade de vivenciar em uma instituição de menores.
“Adotar uma criança é uma grande obra de amor” (Santa Madre Teresa de Calcutá).