Crianças correm em meio ao parquinho, esgueirando-se, subindo e descendo pelos brinquedos, as risadas e a energia são contagiantes. Contrastando a isso, os pais, sentados em um canto, olham inertes as telas de seus celulares, correndo o dedo vez ou outra para ver a próxima atualização.
Hoje, comemora-se o Dia das Crianças, uma data de memórias inocentes, embaladas a comemorações e presentes, celebrando a infância. Mas como tem sido a vivência da infância em nossos dias, e como a realidade pode estar deixando em segundo plano aspectos importantes da vida das crianças!
Em uma realidade cada vez mais tecnológica, muito da relação de pais e filhos, em especial no que diz respeito ao brincar, tem se perdido. Os adultos, consumidos pelo estresse contemporâneo, permitem-se o entretenimento, delegando ao celular ou à televisão a distração dos filhos. Com isso, relegam aquela que é uma das oportunidades mais valiosas, de experienciar o brincar junto aos filhos, fortalecendo seus laços afetivos e ajudando na formação deles.
A tecnologia não anula as brincadeiras
No entanto, devemos reconhecer que a tecnologia é uma realidade inevitável. Um número cada vez maior de crianças tem contato com dispositivos móveis desde o primeiro ano de vida, desenvolvendo habilidades que, muitas vezes, são desafiadoras para os adultos. Este argumento poderia ser usado para demonizar a tecnologia, mas ela é um meio e, ainda que seja muito atraente aos olhos das crianças, não exclui o papel dos pais, nem o impacto de sua presença e interação na vida de seus filhos.
Certamente, é um desafio conciliar o tempo gasto no trabalho e o tempo dedicado à família, principalmente em uma época em que a maioria das pessoas passa mais tempo no trabalho do que em casa. No entanto, abrir mão do entretenimento em prol da família é um sacrifício necessário. A família é um projeto valioso de Deus para nós, e devemos fazer o possível para dedicar tempo e atenção a ela.
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A cada geração, os brinquedos se tornam mais sofisticados, e a percepção em relação a eles se torna mais crítica. No entanto, será que isso realmente importa? O ato de brincar não está relacionado à qualidade dos brinquedos, mas sim à imaginação e interação das crianças. Quando envolvidas em uma boa brincadeira, elas não se importam com a tinta ou o verniz dos brinquedos.
A criança precisa brincar
Através da brincadeira, a criança aprende a andar, a falar suas primeiras palavras, a equilibrar-se em uma bicicleta, a desenhar etc. O brincar é parte intrínseca da vida da criança, sendo o meio ideal, a lente pela qual ela pode ver e se adaptar ao mundo ao seu redor. Portanto, a qualidade e o valor do brinquedo em si não são fundamentais. Os celulares, as TVs ou qualquer outro meio de entretenimento estão sempre em constante evolução, refletindo os avanços tecnológicos e culturais de cada época, mas o brincar persiste.
No ato de brincar, o brinquedo vai além de seu aspecto físico. O envolvimento dos pais e amigos é muito mais do que simples companhia, é um convite para entrar no mundo da imaginação e enriquecer a experiência da criança. O brinquedo, para a criança, é um ícone e um símbolo dos elementos da vida real e da imaginação que ela transporta para seu próprio mundo. Através da brincadeira, o pensamento, as habilidades e diversas ferramentas são aprimoradas e acompanham a criança ao longo de toda a vida.
Quando Jesus convida seus discípulos, conforme relatado por São Mateus no capítulo 18, versículo 3, a serem como crianças para entrar no Reino dos Céus, está expondo a importância de encarar o mundo com inocência. Os brinquedos são os interlocutores das crianças, permitindo que elas compreendam e deem significado ao mundo ao seu redor.
Da mesma forma, somos convidados a sermos como elas, livres de malícia, e acreditarmos na possibilidade de construir um mundo novo. Para as crianças, os pais e a família desempenham um papel fundamental ao protegê-las e guiá-las nesse processo. Para nós, como cristãos, é o Espírito Santo quem nos conscientiza do pecado, da justiça e das consequências, guiando-nos no caminho da santificação.
Jonatas Passos – natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.