A Igreja nos convida a concluir o ano civil expressando o nosso agradecimento a Deus por todas as bênçãos do ano que se passou e pela proteção do ano que virá. Por isso, especialmente no dia 31 de dezembro, somos chamados a entoar o antigo hino Te Deum, que reflete a sabedoria da tradição cristã de elevar o coração aos céus, na certeza de que somos acolhidos na misericórdia do Senhor. Te Deum laudamus significa “Nós Vos louvamos, ó Deus” e são as primeiras palavras do hino que infundem em nossos corações a certeza da presença do Deus de misericórdia e consolação.
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; jorra do Espírito Santo e de nós, toda orientada para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem” (2564). Ao proclamar o Te Deum nós louvamos a Deus com a humildade, que é fundamento de toda oração cristã, e anunciamos nosso amor sobre todas as coisas, como manda o Primeiro Mandamento.
Hino de louvor e ação de graças
O hino nos dirige à glória de Deus, que é aclamado pelos Anjos do Céus e relembra a devida veneração dos homens, assim como fizeram os Apóstolos, os Profetas os Mártires e a Igreja que anunciam a Santíssima Trindade. No entoar do hino, a Deus — que tomou a condição humana no seio da Virgem Maria, para superar a morte e abrir as portas do Céu, a fim dos que se reconhecem pecadores e creem não sejam confundidos no dia do julgamento —, nós pedimos socorro e salvação. Assim como ovelhas que seguem seu pastor, pedimos que sejamos conduzidos à vida eterna, rogando piedade e misericórdia.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica traz o apêndice com as orações comuns, entre elas, o Te Deum, cujas palavras são estas:
Nós Vos louvamos, ó Deus,
nós Vos bendizemos, Senhor.
Toda a terra Vos adora,
Pai eterno e omnipotente.
Os Anjos, os Céus
e todas as Potestades,
os Querubins e os Serafins
Vos aclamam sem cessar:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do Universo,
o céu e a terra proclamam a vossa glória.
O coro glorioso dos Apóstolos,
a falange venerável dos Profetas,
o exército resplandecente dos Mártires
cantam os vossos louvores.
A santa Igreja anuncia por toda a terra
a glória do vosso nome:
Deus de infinita majestade,
Pai, Filho e Espírito Santo.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,
Filho do Eterno Pai,
para salvar o homem, tomastes
a condição humana no seio da Virgem Maria.
Vós despedaçastes as cadeias da morte
e abristes as portas do céu.
Vós estais sentado à direita de Deus,
na glória do Pai,
e de novo haveis de vir para julgar
os vivos e os mortos.
Socorrei os vossos servos, Senhor,
que remistes com vosso Sangue precioso;
e recebei-os na luz da glória,
na assembleia dos vossos Santos.
Salvai o vosso povo, Senhor,
e abençoai a vossa herança;
sede o seu pastor e guia através dos tempos
e conduzi-o às fontes da vida eterna.
Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida
e louvaremos para sempre o vosso nome.
Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.
Tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós.
Desça sobre nós a vossa misericórdia,
Porque em Vós esperamos.
Em Vós espero, meu Deus,
não serei confundido eternamente.
A total confiança em Deus
O Catecismo da Igreja Católica (na Quarta Parte – Primeira Secção) ao tratar da oração, cita Santa Teresa do Menino Jesus, para ela “a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”. Ouçamos também o conselho do Papa Bento XVI: “o hino majestoso do Te Deum termina com este brado de fé, de total confiança em Deus, com esta solene proclamação da nossa esperança”.
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Te Deum e a concessão da Indulgência Plenária
O Te Deum é um hino cristão trinitário que remonta ao ano de 387, dito de Santo Ambrósio, mas atribuído também a São Niceta. Especialmente, em 31 de dezembro, a Igreja concede a Indulgência Plenária aos fiéis que tiverem se confessado antes da missa na qual assistiram e rezaram a oração do Te Deum. Nos demais dias do ano, o hino também pode ser cantado ou rezado, por fazer parte do ofício das Leituras da Liturgia da Horas, pois todos os dias devemos ser agradecidos a Deus.
Que possamos proclamar esse hino com o coração humilde, a mente guiada ao caminho dos céus, as ações direcionadas às obras de Deus e o espírito repleto de gratidão e esperança, especialmente ao final de mais um ano que trouxe tantas provações. Gratidão e esperança irmãos e irmãs, que assim seja!
REFERÊNCIAS
ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA. Primeiras Vésperas – Te Deum será hoje (31), às 18h na Catedral de Brasília.
BENTO XVI. Homilia nas primeiras vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus e recitação do “Te Deum”. Vaticano, 31 dez. 2007.
BENTO XVI. Homilia nas primeiras vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus e recitação do “Te Deum”. Vaticano 31 dez. 2011.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. (Compêndio) In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
JOÃO PAULO II. Encontro com os bispos da Conferência Episcopal Romena. Bucareste, 07 mai. 1999.