Confesso que pensar sobre como posso ser para os meus filhos o que José foi para Jesus levou-me a um exame de consciência. Além de nossas atitudes, podemos impactar a vida de nossas crianças com palavras não ditas que podem ser absorvidas. Daí a necessidade de, além de muito estudo e dedicação, uma paternidade vivida sob a inspiração do Espírito Santo como era São José. Nas diversas vezes que pude ir à Terra Santa, acompanhando grupos de peregrinos, tocou-me especialmente a visita à carpintaria de São José em Nazaré. Hoje, uma Capela com imagens muito bonitas relacionadas à vida da Sagrada Família. Um cenário muito propício para meditar e também refletir sobre a maneira como Jesus foi educado por seu pai adotivo.
Apesar de ser pouco citado na Bíblia, seu exemplo permanece atual com seu amor inigualável por Maria e Jesus, sua fidelidade, discernimento e obediência à vontade divina. Se quisermos o melhor para os nossos filhos – e todo pai quer o melhor para o seu filho –, podemos imaginar que esse era o desejo que movia aquele carpinteiro escolhido por Deus para ser pai adotivo de Jesus.
Gostaria de compartilhar aqui algumas características de José que podem inspirar nossa vivência paterna como equilíbrio entre trabalho e presença na vida dos filhos, fidelidade, coragem, justiça e fé. De São José, a Bíblia não cita nenhuma frase. O Evangelista Mateus o define como um “homem justo”. A Sagrada Escritura cita alguns episódios relacionados a José, que assumiu a missão de ser esposo de Maria e pai adotivo de Jesus.
José é a inspiração de discernimento espiritual
Em uma época em que as novas gerações têm dificuldade para tomar decisões acertadas, José é inspiração de discernimento espiritual. Ouvir a Deus e estar atento aos sinais do Senhor era algo constante na vida de São José. Frequentemente, entendia os planos de Deus através dos sonhos (Mt 1,20-21). “O sonho é um lugar privilegiado para buscar a verdade, porque ali não nos defendemos da verdade. Deus fala também nos sonhos. Nem sempre, porque normalmente é o nosso inconsciente que vem, mas Deus, muitas vezes, escolheu falar nos sonhos. E o fez, muitas vezes, na Bíblia. Mas José era o homem dos sonhos, mas não era um sonhador! Não tinha fantasias. Um sonhador é outra coisa: é aquele que está no ar e não tem os pés no chão. José tinha os pés no chão. São José tinha os pés no chão, mas era aberto”, afirma o Papa Francisco.
Ultimamente, temos visto notícias de agressão familiar, em que inocentes continuam a sofrer. José é considerado “Guardião do Redentor”. Também nós, pais, temos a missão de oferecer proteção, segurança e carinho aos nossos filhos. Ao fugir para o Egito, José teve que tomar essa decisão tão difícil para salvar o menino Jesus da ameaça de Herodes. Percorreu cerca de 500 quilômetros para oferecer segurança ao seu filho adotivo (cf. Mt 2,13-23). Um testemunho de amor, coragem e fé.
Ensinar a Palavra de Deus para os filhos
A educação cultural e religiosa também pode ser observada na vida de José. Ele não terceirizou, mas empenhou-se no ensino da Palavra de Deus. A Palavra do Senhor relata que a Sagrada Família participava das festas anuais. “Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Quando completou doze anos, eles foram para a festa, como de costume” (Lc 2,41-42). Santa Teresa d’Ávila orienta: “Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho”.
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