Deus nos criou bons! Há bondade em nossa essência
O Catecismo da Igreja Católica, do número 337 ao número 340, traz-nos o seguinte ensinamento: “Foi Deus mesmo quem criou o mundo visível em toda a sua riqueza, diversidade e ordem”.
Nesse trecho do Catecismo, a Igreja, ao nos ensinar a respeito do mundo visível, vai abordar três pontos importantes:
1º ponto: Encontra-se no número 338. Não existe nada que não deva sua existência a Deus criador. Portanto, é certo que, eu e você, não estamos aqui neste mundo “por acaso”. Existimos nele mundo por um desígnio divino. Deus quis que eu e você existíssemos! Você já parou alguma vez para pensar nisso, meu irmão? Não olhe para a sua vida como um fardo, dizendo: “Não sei porque Deus me colocou nesse mundo…”. Muito pelo contrário: Deus quis você! Alegre-se, portanto, ao descobrir essa grande vontade do Pai Celeste na sua história.
2º ponto: Encontra-se no número 339. Cada criatura possui sua bondade e sua perfeição próprias. Além de existirmos, por um desígnio de Deus, também, podemos perceber que o Senhor colocou, em cada um de nós, o Seu toque de perfeição. Mais ainda: somos destinados à essa perfeição. Deus nos quis – e nos quer – perfeitos. Ainda não estamos prontos, é verdade!
Nos encontramos distantes dessa perfeição, porém, caminhamos em direção a ela, como uma meta, um objetivo a ser alcançado. E o Catecismo da Igreja acrescenta, ainda nesse sentido, que “as diferentes criaturas, queridas em seu próprio ser, refletem, cada uma ao seu modo, um raio da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É, por isso, que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura para evitar um uso desordenado das coisas”.
Tudo o que Deus criou é bom! Deus, portanto, nos criou bons. Há bondade em nossa essência. Talvez, meu irmão, você se sinta uma “pessoa má”. Ou até mesmo já lhe “rotularam” como sendo uma pessoa má. Mas, saiba que, na sua essência, você é uma pessoa boa, alguém que traz dentro de si essa bondade de Deus. Todos nós trazemos esse “toque” da bondade divina em nosso interior.
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3º ponto: Encontra-se no número 340. A interdependência das criaturas é querida por Deus. Nosso pai-fundador, monsenhor Jonas Abib, nos ensina na Canção Nova que “ninguém é bom sozinho”. Da mesma forma, todas as coisas criadas por Deus existem, de tal forma, que uma depende das outras. Nenhuma criatura basta a si mesma. O sol, a lua, o mar, os animais, as flores, enfim, todas as criaturas de Deus existem a serviço umas das outras.
Em setembro de 2016, monsenhor Jonas escreveu para nós, membros da Comunidade Canção Nova, um documento interno intitulado “As dez formas de suicídio na Comunidade”. Nesse escrito, nosso pai-fundador explica que, também, nós corremos o sério risco de tirarmos nossa própria vida dentro do Carisma Canção Nova, ou seja, nos excluirmos da vivência desse Carisma. Daí, o uso dessa palavra “suicídio”. E, monsenhor Jonas, explica que uma das formas de suicídio é o de se viver distante da Comunidade.
A indiferença mata o amor
Interessante que, ao nos ensinar isso, monsenhor Jonas, também, explica a respeito de uma palavra que, a princípio, é vista de forma negativa. No entanto, traz consigo um sentido positivo. Que palavra é essa? Trata-se da palavra “intrometer-se”. Ele escreve: Há uma palavra que à primeira vista é negativa, mas que tem os dois sentidos, positivo e negativo, a palavra é “intrometer-se”, tem o intrometido negativo que se intromete em tudo; mas tem, também, o “intro+metido”, metido dentro. É preciso que você seja intrometido, entre na comunidade, entre na casa dos outros. Ou seja: é necessário entrar na vida comunitária, entrar na vida dos irmãos não como um “enxerido” que fica bisbilhotando a vida dos outros, mas metido dentro da vida daqueles que nos são tão importantes.
Também, é isso que o Catecismo da Igreja está afirmando, quando nos ensina que dependemos uns dos outros, que não nos bastamos a nós mesmos. Precisamos estar na vida dos outros, não para bisbilhotar a vida alheia, e sim para ajudar a tantos que necessitam da nossa presença. Sabe o que tem matado o amor e a alegria dentro de tantos lares? É a tal da indiferença! Recordo-me de uma pregação do nosso querido e saudoso padre Léo, na qual ele dizia que “o oposto do amor não é o ódio, e sim a indiferença”. A indiferença mata o amor!
Para matarmos essa vida de Deus dentro de nós e caminharmos para nossa própria perdição, basta apenas nos distanciarmos dos outros e vivermos a indiferença. Seja ela dentro da nossa casa, trabalho ou comunidade. Já, quando decidimos “entrar” na vida dos outros, caminhamos a passos largos para a felicidade em uma plena realização.
A sabedoria da lesma
Concluo essa reflexão, trazendo uma historinha que ilustra bem esta verdade: todos nós temos valor e coisas boas para oferecer aos outros:
Certo dia, o rei leão marcou uma assembleia na floresta, tendo sido convidados todos os animais. A intenção era fazer a lista de queixas da exploração que todos sofriam por parte dos homens. Começaram, então, as queixas:
– Tiram de mim o meu leite – disse a vaca.
– Roubam de mim os ovos – disse a galinha.
– Subtraem de mim a carne, para fazer linguiça – disse o porco.
– De mim, tiram até o chifre – disse o touro.
E assim, de um em um, os animais foram fazendo as suas queixas. Mas, eis que lá longe vinha a lesma, rastejando vagarosamente. Todos começaram a zombar por vê-la muito lenta e por não ver naquele minúsculo animal algo que o homem pudesse aproveitar. Esperaram, com ansiedade, que ela falasse, para que pudessem rir ainda mais.
A lesma finalmente chegou à sessão e disse:
– Eu tenho algo que os homens gostariam de pedir ou tirar, mas não conseguem, e que existe em mim de sobra: EU TENHO TEMPO.
Aprendamos com essa historinha que tudo tem o seu devido valor. Também, cada pessoa que faz parte da nossa vida tem o seu valor. Portanto, como nos ensina o Catecismo da Igreja, vamos servir uns aos outros, a partir das preciosidades que trazemos dentro de nós; e deixemos de lado todo individualismo e indiferença para, assim, experimentarmos a verdadeira alegria que vem de Deus.
Um forte abraço!