O que é o pecado?
A história da Salvação é uma história de amor e sem tomarmos conhecimento dessa verdade torna-se incompreensível falar sobre o pecado. Sem sombra de dúvida, o pecado é o grande mal da humanidade, a pior das doenças, a pior das catástrofes. Foi por causa dele que Adão e Eva perderam os privilégios do paraíso. Viviam em harmonia com Deus e com a natureza. Após o pecado tudo isso foi perdido, sobretudo, o privilégio de permanecer no paraíso.
João Batista, o precursor de Jesus, ao vê-Lo pela primeira vez disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1.29). Se Jesus veio para tirar o pecado do mundo, o que de fato, é o pecado?
O Catecismo o define como “uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna” (Catecismo, n. 1849). Diz ainda: “O pecado é ofensa a Deus: […] O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia d’Ele os nossos corações” (Catecismo, n. 1850).
Duas mortes: do corpo e da alma
Santa Catarina de Sena, nos diálogos, ouviu o Senhor dizer para ela: “O pecado priva o homem de Mim, sumo Bem, ao tirar-lhe a graça”. Dessa forma, compreendemos que não existe no mundo nada mais catastrófico do que o pecado. “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (Catecismo, n. 1488).
São Paulo, na Carta ao Romanos, afirma que todo o mal e, consequentemente, o sofrimento gerado no homem e no mundo são consequências do pecado. Diz mais: “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23). São Tomás de Aquino, na Exposição do Credo , diz que há duas mortes: a primeira é a do corpo, física, quando a alma se separa dele; a segunda, é a da alma, espiritual, quando essa se separa de Deus. A pior é a segunda.
A variedade dos pecados é grande e as Escrituras nos fornecem várias listas. A carta aos Gálatas opõe as obras da carne ao fruto do Espírito: As obras da carne são manifestas: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni: os que tais coisas praticam, não herdarão o Reino de Deus. (Gl 5,19-21)”.
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Mortal e venial
Pode-se “distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão” (Catecismo, n. 1853).
Vale ainda dizer que, existem duas classificações de pecado quanto a sua gravidade: pecado mortal e pecado venial. “O mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior. O venial deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira” (Catecismo, n. 1855).
Importante destacar que, para um pecado ser considerado mortal requer três condições ao mesmo tempo: “É mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente […]. A matéria grave é precisada pelos dez mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: “Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe” (Mc 10,19).
A gravidade dos pecados é maior ou menor: um assassinato é mais grave do que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas é levada também em consideração. A violência exercida contra os pais é em mais grave que contra um estranho”(Catecismo, n. 1857-1858).
Santo Afonso de Ligório, grande doutor na área da moral, diz que o “pecado mortal é um monstro tão horrível, que não pode entrar numa alma que por longo tempo o detestou, sem se fazer claramente conhecido”. Dizia também Santo Afonso que “o pecado mortal é aquele que se comete de olhos abertos , isto é, sem dúvidas do mal que se está praticando”.
Viver na graça
Recordemos as palavras de Jesus aos seus discípulos logo após a Sua ressurreição. Se “O Pai me enviou, eu vos envio a vós (…). Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23). Tirar o pecado do mundo foi a primeira ordem de Jesus aos apóstolos. Dessa forma, compreendemos que não podemos (de modo algum) viver no pecado, pelo contrário, devemos viver na graça de Deus e livre de todos os pecados.
Santidade é uma história de amor. Logo, se pecamos e não somos santos o suficiente, é porque não amamos a Deus e ao próximo como deveríamos amar. Na medida em que, em nós crescer o amor a Deus e ao próximo, desaparecerá de nós o pecado; uma vez que, o pecado é sempre o fruto da opção de não amar.