Reflexão

Como é possível sermos santos de carne e osso?

Há muitos ‘santos’ modernos agindo em nome de Deus e vivendo uma caridade séria. Uma caridade não fingida, sem caricatura e sem teatralidade. Não parecem santos, mas o são. Guardaram-se para seu Criador, aceitam Jesus, vivem para sua família, para o grande amor da vida deles, são fiéis à verdade, aos amigos, à palavra dada e ao seu batismo.

Não têm nem cara nem trejeitos de santos, mas estabeleceram um projeto de vida e o constroem tijolo por tijolo, ato por ato, coerência por coerência. Muitas pessoas nem percebem que eles são santos, porque são gente de carne e osso como nós. Mas, uma análise do que fazem pelos outros, da sua humildade, da sua fé e da sua serenidade aponta para mais um dos santos que Jesus formou.

Como é possível sermos santos de carne e osso

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Jesus nos ensina como ser santos

Diferente é o santo fingido. Ele decidiu que gostaria de ser visto como santo pela projeção social. Como no tempo de Jeremias, 650 anos antes de Jesus e no tempo do próprio Jesus, quando posar de santo e de profeta dava lucro e angariava louvores e primeiros lugares. Então, muita gente fingia jejuar e orar ostentado uma santidade que não tinha. E havia os que garantiam que Deus falava com eles e que eles sabiam levar a Deus [aos demais]. Ganhavam seu sustento com sua cara de santos. Isaías, Jeremias, Jesus e os apóstolos alertaram sobre eles.

Mas, como muita gente adora uma novela e não dispensa um teatro, sempre haverá quem despreze o santo sereno. Haverá quem corra atrás do que grita, chora, esperneia, garante visões, revelações quentíssimas, curas e milagres em local dia e hora marcados. Trocam a verdade, a simplicidade e a honestidade do santo que não faz marketing pelo “pseudossanto” que dá espetáculo, cura dramaticamente, entrevista o demônio ao microfone e transforma a em espetáculo.

Até que ponto isso é válido?

Que santidade é essa em que não só a mão esquerda sabe o que faz a direita, como também câmeras e microfones veiculam aquilo para todo o mundo? O mesmo Jesus que disse para anunciar a verdade por sobre os telhados e que nossa luz brilhasse, teve o cuidado de mandar que orássemos de portas trancadas e que não fizéssemos alarde da nossa caridade e dos nossos carismas. Ele mesmo pedia que os beneficiados por Ele não espalhassem a notícia.

Jesus, que é santo de verdade e nunca fingia poder ou santidade, nos pediu que seguíssemos Seu exemplo. A ponto de, elogiados e incensados, dizermos que não fizemos mais do que nossa obrigação e que não buscássemos os primeiros lugares. Ele concordaria com o que se vê na mídia religiosa de hoje?

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Uma coisa é ser santo sem caricatura, sem cabeça torta, sem chorar orando e dando murros no chão. Sem dramaticidade televisiva, com atos de justiça que só Deus vê porque aquele cristão não divulga o bem que faz. Outra coisa é buscar os holofotes e desabridamente, sem nenhum escrúpulo, chamar a atenção para si mesmo; para sua obra. Com o intuito de garantir  que Deus quis que aparecessem para Sua maior honra e glória. Pior ainda: ganhar dinheiro grosso em cima dessa exibição de santidade. Cristo condenou e criticou os fariseus que assim agiam.

Prefira os santos que apontam para os outros santos e convertidos

Santo que é santo não finge que o é. É discreto. Faz o que deve fazer e foge do incenso, das condecorações e dos elogios. Há santos de verdade ao nosso redor e há caricaturas de santos vendendo e ostentando uma fé que aponta mais para si mesmos do que para Jesus, cujo nome usam com estardalhaço.

Você que crê na Bíblia terá que escolher a quem seguir. Aos que dão a entender que são os novos santos ou os que nada dizem. Eles simplesmente vivem a Palavra e a praticam.

Se você é dos que dizem que ainda não estão convertidos, mas que estão se convertendo, merecerá mais crédito do que os que garantem que Jesus os salvou e que sabem o caminho. Em termos de fé, quem segue procurando está mais perto do que aquele que diz ter achado e, agora, aponta para si, como exemplo do que Deus faz por um pecador. Eu prefiro o santo que aponta para os outros convertidos e não fala nada sobre si mesmo, exceto que precisa de preces para ser mais de Cristo.

Desconfiemos de santos que gostam de medalhas, condecorações, incensos e elogios. Apostemos em quem só os aceita por obediência.

Padre Zezinho, Scj

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