A paz é mais que urgente

Nestes dias temos acompanhado as notícias da guerra no Oriente Médio, entre palestinos do Hezbollah e Israel, em território do Líbano onde se encontram inclusive brasileiros. Todos somos tomados de apreensão pela situação de pavor e insegurança total da população agredida com bombardeios e mortes de civis e inocentes, adultos, jovens e crianças. Os governos se movimentam para dar amparo e retirar do campo dos conflitos pessoas de várias nacionalidades. Populações inteiras, sejam do sul do Líbano, sejam da região norte da Galiléia estão sendo desrespeitadas no seu direito à vida, ao trabalho honesto e ao sossego. Verdadeiros crimes de guerra têm acontecido.

Ao ver tais atrocidades, um susto invade o coração do homem moderno que tenha um pouco de bom senso, por constatar que em pleno século XXI, quando se experimenta extraordinário progresso científico e tecnológico, a humanidade ainda não tenha aprendido a resolver problemas políticos e étnicos sem o uso da força violenta. Interesses sórdidos de grandes potências não colocam o bem comum e nem a dignidade da pessoa humana em primeiro plano, mas se deixam pautar pelas ambições próprias e pelo lucro vil.

É imensamente triste ver as pessoas à mercê destas mazelas políticas e subjugadas à crueldade de combates entre povos e raças, pisoteadas pelo terrorismo e o uso de poderosas armas de guerra.

O Papa Bento XVI, profundamente chocado por esta situação, tem feito repetidos apelos para que cessem imediatamente as agressões e vem concitando a todos para que intensifiquem orações e penitências suplicando ao Senhor o dom precioso da paz. Por mensagens emitidas pela sua Secretaria de Estado às Nunciaturas Apostólicas, e destas para cada um dos Bispos diocesanos, o mundo inteiro tem sido convidado a entrar em oração pelo fim dos combates. Em nossa Diocese, esta convocação teve eco através de correspondência urgente que enviei a todos os presbíteros e diáconos permanentes no dia 21 de julho, para que promovam celebrações, incentivem a oração pessoal e a penitência nesta intenção durante os dias seguintes. O apelo do Sucessor de Pedro vai ainda em direção aos gestos de solidariedade para com as vítimas, a fim que se estabeleçam corredores humanitários de ajuda com alimentos, assistência médica, abrigo e proteção às famílias atingidas.

A Igreja está consciente de que as duas partes envolvidas no conflito, Israel e Palestinos, e a terceira atingida por ele que é o povo libanês, têm direitos como expressou a nota divulgada nestes dias: “os libaneses têm o direito de que se respeite a integridade e a soberania de seu país, os israelitas têm o direito de viver em paz em seu Estado, e os palestinos têm direito a uma pátria livre e soberana”.

Proclamamos, imbuídos pela fé e o amor a Cristo, Príncipe da Paz, que a solução para as divergências é a diplomacia, o diálogo, o bom entendimento, meios humanos que excluem toda bestialidade. A única força capaz de tudo é o amor, pois o Senhor resumiu toda a lei e os profetas no preceito do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O Senhor, às vésperas de sua injusta condenação e morte violenta, deixou uma vez por todas sua lição: “o meu mandamento é este: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” e ainda: “nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros”.(cf.Jo.13,34-35)

Após ataque nesta semana contra a cidade de Nazaré, a Santa Sé se preocupa ainda com os direitos cristãos naquela região e pediu à diplomacia internacional que também se mobilize para acabar com a profanação da Terra Santa, onde o Verbo se fez Homem.

Nas orações em que certamente todos estão fazendo, incluamos súplica para que a concórdia e o mútuo respeito que experimentamos no Brasil entre pessoas de várias raças e religiões, tais como mulçumanos, judeus e cristãos sejam realidade no mundo inteiro e não tarde o dia em que experimentaremos a bem-aventurança da paz, a civilização do amor.