É assim que São Camilo Lélis enxergava aqueles que se dedicavam ao cuidado dos doentes. Sempre que percebia que um dos cuidadores não dispensava a atenção adequada aos pacientes bradava: “Mais coração nas mãos, irmão”! Para ele não bastava a habilidade, a técnica, o conhecimento, e amor ao que se fazia. Era preciso amar quem recebia o cuidado, e isso só é possível quando se coloca o coração em cada ato.
Toda profissão é, antes de mais nada, uma vocação, um chamado de Deus para realizarmos a nossa missão. Assim como em todas as vocações, quando se escolhe ser um profissional de saúde aceita-se também viver todas as dificuldades que ela traz. Qualquer que seja a condição, dentro de cada profissional de saúde existe não somente o desejo, mas a responsabilidade de defender, cuidar e proteger a vida do ser humano desde o momento da concepção até o momento da morte natural. Para tanto, não basta ter o conhecimento suficiente, é preciso ter uma ligação existencial com a profissão. O nosso fazer está diretamente ligado àquilo que somos, e isso nos faz únicos na realização de qualquer trabalho ou missão realizada.
Cristo foi o primeiro a ter o coração nas mãos
Como cita Papa Francisco na Gaudete Exultate: Cada pessoa é uma missão. Cada um de nós possui dons específicos, fomos criados com características específicas para desempenhar algo. A pessoa humana sempre colocada no centro do processo de cuidado, o olhar atento não somente para a doença, mas para pessoa do doente, dando a ela o direito de ser respeitada na sua dignidade, tornam a atuação do profissional de saúde uma oportunidade diária de viver o Evangelho. Cada profissional de saúde é chamado, a exemplo do Cristo, antes de “curar o doente”, olhá-lo, tocá-lo e, muitas vezes, perguntar a ele: que queres que eu te faça? É assim que se vive a profissão como um dom, colocando humanidade em tudo que se faz. Certamente o Cristo, Médico dos médicos, foi o primeiro a ter o coração nas mãos, a
tudo fazer com amor e por amor.
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Ser profissional de saúde exige abnegação, sensibilidade para com o outro, sacrifício de vida por aqueles que estão à espera do cuidado e assistência. Em cada paciente o profissional é convidado a encontrar a face do Cristo sofredor. Em cada paciente somos chamados a viver o que diz São Paulo: chorar com os que choram, sofrer com os que sofrem, porque essa será a nossa alegria.
É preciso “ler” os pequenos detalhes de cada pessoa, e isso muito mais do que habilidade, é dom dado por Deus e aceito por cada profissional que acolhe a missão de ser canal de cura na humanidade ferida e necessitada de cuidado. Entendendo que é dom, que é graça de Deus e não somente esforço humano, seremos mais profissionais quanto mais colocarmos o coração em nossas mãos a cada dia, em cada gesto e cuidado com tantos “Cristos” que, diariamente, os esperam.