ANO “FAMÍLIA AMORIS LAETITIA”

Promover nas famílias sua vocação missionária

O Catecismo da Igreja diz: “A educação para a fé por parte dos pais deve começar desde a mais tenra infância. Ocorre já quando os membros da família se ajudam a crescer na fé pelo testemunho de uma vida cristã de acordo com o Evangelho. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamento da fé. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a orar e a descobrir sua vocação de filhos de Deus” (n. 2226).

Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos; e podem ser também catequistas de outras famílias, participando da pastoral familiar desenvolvida pela paróquia.

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Foto Ilustrativa: nd3000 by Getty Images

Os casais que já estão vivendo uma vida familiar cristã e ligados à paróquia, devem engajar-se na pastoral familiar dando a sua contribuição nesta atividade.

A vocação familiar não para no matrimônio

Infelizmente, muitos casais deixam de participar na comunidade cristã e nos movimentos da Igreja depois do matrimônio; então, é necessário não desperdiçar as poucas ocasiões em que eles voltam a participar de algum evento religioso que envolve a família, e propor-lhes, de forma atraente, a maneira de viver um matrimônio cristão.

Algumas ocasiões que devem ser bem aproveitadas são, por exemplo, quando acontece o Batismo de um filho, a Primeira Comunhão, a Crisma dos jovens, quando participam de um funeral ou no casamento dum parente ou amigo.

Muitos casais reaparecem nestas ocasiões, que devem ser bem aproveitadas para evangelizá-los. Outra ocasião muito oportuna para evangelizar a família é quando se faz a bênção das casas ou quando a família recebe a visita de uma imagem da Virgem, que é muito comum e que nos dão a oportunidade para conhecer a situação da família e trazê-la de volta à Igreja e a uma vida religiosa.

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Os leigos precisam ir até essas famílias

É muito valioso para isso as pessoas das comunidades de vida e de aliança que, dois a dois, visitam as famílias e com elas rezam o Santo Terço, meditam o Evangelho e explicam a Palavra de Deus. É um meio muito oportuno na trazer os casais novamente a uma vida religiosa.

Pode ser útil também confiar a casais mais maduros a tarefa de acompanhar casais mais novos, da sua própria vizinhança, a fim de os visitar, acompanhar nos seus inícios e propor-lhes um percurso de crescimento.

Pastoral familiar

Com o ritmo da vida atual, a maioria dos casais não está disposta a reuniões frequentes, mas não podemos reduzir-nos a uma pastoral de apenas algumas famílias. Hoje, a pastoral familiar deve ser fundamentalmente missionária, em saída, por aproximação, em vez de se reduzir apenas a cursos a que poucos assistem.

A pastoral deve levar as famílias a experimentarem o Evangelho, o qual contém a resposta às expectativas mais profundas da pessoa humana: a sua dignidade e a plena realização do casal no amor, na comunhão e na fecundidade.

As palestras não devem limitar-se a apenas apresentar normas, mas propor valores, correspondendo à necessidade deles que se constata hoje, mesmo nos países mais afastados de Deus.

É importante também que se denuncie os condicionamentos culturais, sociais, políticos, a imoralidade apresentada nos meios de comunicação, as ameaças à família (aborto, eutanásia, ideologia de gêneros, união fora do casamento, união de pessoas do mesmo sexo) que impedem uma vida familiar cristã autêntica.

Diálogo e cooperação

Por outro lado, temos de entrar em diálogo e cooperação com as estruturas sociais, bem como encorajar e apoiar os leigos que se comprometem, como cristãos, no âmbito cultural e sociopolítico. Os cristãos que têm vocação para a política devem ser preparados para atuar na vida pública para buscar o bem comum, como ensina a Doutrina Social da Igreja à luz do Evangelho. O Papa Francisco, em um dos seus discursos, disse que a política está suja, porque os cristãos não se meteram nela, levando-lhe o Evangelho.

A exortação do Papa exige de toda a Igreja uma conversão missionária: “É preciso não se contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas”.

As famílias, na força do Espírito Santo, devem não só acolher a vida, gerando e educando os filhos, mas abrir-se também, sair de si para fazer o bem aos outros, cuidar deles e procurar a sua felicidade. Deve-se estimular a hospitalidade, que a Palavra de Deus encoraja de forma sugestiva: “Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Heb 13,2).

Quando a família acolhe e sai ao encontro dos outros, especialmente dos pobres e abandonados, é um sinal e testemunho da maternidade da Igreja. Os filhos, desde a infância, devem ser estimulados a compadecer-se do sofrimento dos outros e fazer caridade.

A família vive a sua espiritualidade própria, sendo ao mesmo tempo uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino