O segundo mandamento: não tomarás o Nome de Deus em vão
Semana passada, em nossa série de textos sobre o “Sacramento da Confissão”, nós chegamos, finalmente, no segundo mandamento. Digo finalmente, pois nós tratamos, em primeiro lugar, dos mandamentos que se referem ao nosso relacionamento com as pessoas, com nossos semelhantes. Do quarto em diante, portanto. Ao abordar os três primeiros mandamentos, decidimos vir do terceiro e culminar toda a nossa série de textos no primeiro mandamento. Há neles, uma lindíssima pedagogia, e estava ansioso para partilhar isso com você.
Já explicamos o terceiro e, semana passada, fomos até a metade da explicação do segundo, onde pretendemos terminar hoje.
É fundamental que você leia o texto da semana passada, assim o de hoje terá maior sentido. Explicamos exatamente o que é o “Nome de Deus” segundo os santos padres.
Reflita sobre os mandamentos
Para concluir, vamos até Santo Agostinho. Você lembra quando expliquei como aconteceu a conversão dele? No texto “O que nos diz os três primeiros mandamentos da Lei de Deus?”, vimos que ele tinha uma intensa vida de estudos. Em meio a isso, por mil caminhos, Santo Agostinho constatou que a partir do momento que ele começou a crer, a sua inteligência se abriu, de modo que as verdades que ele encontrou na vida de estudos estavam todas na Bíblia, só que de modo ainda mais luminoso. Antes de crer, ele não conseguia perceber isso. Somente depois da fé em Deus, que a sua experiência intelectual se expandiu e ele ficou ainda mais sábio.
Isso tudo nos mostra que a fé não é apenas uma crença, mas um ato da inteligência movido pela vontade, que contempla e saboreia a verdade revelada por Deus, porque ela é iluminada pela graça. Só vê mais longe aquele que crê nessas verdades.
Algumas delas, para se ter um exemplo, é que Deus existe, que Ele é bom, que nos ama e enviou Jesus ao mundo; Ele fundou a Igreja (isso também é um fato histórico), Ele é Deus etc. A vontade faz a inteligência assentir, porque ela é convidada pela graça.
A fé
No ato de fé há essa iluminação da graça, que nos faz enxergar o conteúdo oculto das palavras da sagrada escritura e das situações de nossa da vida. É no “Nome de Deus” (a fé) que contém toda a experiência de quem Ele é.
Também por isso é possível provar que Jesus não aboliu a antiga lei, mas lhe deu pleno cumprimento. Do contrário, o segundo mandamento não poderia ser “não tomar Seu Santo Nome em vão”, mas sim em “O descobrir e amar cada vez mais”.
O segundo mandamento está nos convidando a ter uma intimidade cada vez maior com a fé. Contemplar a Deus, por meio da fé. Isso é santificar o Nome de Deus.
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A confissão
Do ponto de vista moral, o da confissão, podemos traduzir para efeitos de exame de consciência, que pecamos gravemente contra o segundo mandamento quando tratamos de maneira irrisória ou debochada, depreciativa, das coisas sagradas. Isso vai diretamente contra o amor a Deus. Elas devem ser tratadas de modo reverente, devoto e próprios para estimular a piedade, a fé a devoção para com Deus.
Como fazer promessas e não cometer um pecado grave?
“Jurar por Deus” sobre coisas irrelevantes é pecado grave. Só se poderia jurar por Deus se a coisa for verdadeira e transcendente: testemunhar em um tribunal por exemplo.
Fazer piadas sobre as coisas sagradas é falta grave, também fazer uma promessa a Deus e não a cumprir.
Por vias de regra, é bom fazer promessas a Deus, mas somente sobre pontos que se possa fazer para seu crescimento espiritual. Fazer uma promessa é uma obrigação que se contrai. Prometer a Deus que vai matar alguém é pecado grave. Não se pode prometer nem cumprir isso.
Se, por acaso, a pessoa fizer uma promessa a Deus em um momento intenso qualquer, e essa promessa se mostrar com o tempo, fora de razoabilidade, como caminhar uma longa distância, desproporcional, para alguma Igreja ou Santuário, é possível pedir a um pároco (precisa ser um pároco pelo menos), para trocar a promessa por algo mais razoável, que, de fato, provoque uma conversão e mudança de vida. Um exemplo é passar um tempo indo à Missa diariamente ou fazer obras de caridade. No poder da Igreja de ligar e desligar, é possível a troca diante de Deus.
Promessas feitas diante de Deus, como o casamento, o sacerdócio, só se pode deixar de cumprir com acompanhamento eclesiástico e se tiver materialidade específica para o caso de liberação.
Lembrando: o terceiro mandamento, conforme já explicamos, diz que precisamos separar um tempo diário para ter vida de oração. O segundo nos ensinou o que é o Nome de Deus: a Fé!
Semana que vem, iniciaremos os textos sobre o primeiro e maior de todos os mandamentos!