A alma feminina como reflexo
Eser Kenego esse é o termo hebraico que se encontra na passagem da criação da mulher. Traduz-se ao pé da letra como “uma ajuda como ele defronte”. Edith Stein nos ajuda a compreender essa expressão como uma imagem refletida no espelho onde se enxerga a própria natureza.

Foto Ilustrativa: standret by Getty Images / cancaonova.com
Falam de uma ajudante igual, como se fossem semelhantes, mas não totalmente, que se complementem como uma mão a outra, uma companheira do homem. Aqui não queremos iniciar um discurso atestando que a mulher não é inferior ao homem, mas compreender, mergulhar nessa segunda face da alma feminina.
Companheira do homem. A palavra “companheira” vem do latim, que significa “que come o pão junto”, ou seja, que partilha a própria vida. Na antiguidade e na Idade Média, “companheira” não era imagem sentimental, era concreta, e partilhar o pão era partilhar a própria sobrevivência, o trabalho, a vida.
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Chamar, portanto, alguém de companheira é no sentido pleno de reconhecer que ela é a pessoa com quem se divide não apenas o alimento físico, mas a carga e a glória da missão.
O chamado de Deus para a mulher
Compreendendo o lugar que Deus deu à mulher, perceba o tamanho da missão do homem: “No casamento cristão, o homem procura exercer sua função de cabeça da pequena comunidade, cuidando da saúde do organismo todo: empenhando-se não apenas em seu sustento material e progresso exterior, contribuirá com sua parte para que cada membro atinja o melhor daquilo que a natureza e a graça podem operar nele. A responsabilidade que pesa sobre os ombros do homem poderia parecer pesado demais, ao lado dos deveres profissionais, se não tivesse a seu lado a ajudante que, segundo a sua natureza, tem a vocação de assumir mais da metade desse peso… Assim, o marido encontrará nela a melhor conselheira para a própria orientação dela, dos filhos e dele mesmo”.
E acrescenta: “Existe na mulher a predisposição a ser companheira. Seu dom e sua felicidade consistem em dividir a vida com outra pessoa, participando de tudo que lhe diz respeito, das menores às maiores, das alegrias e sofrimentos…”
Esse é o chamado de Deus para nós mulheres em relação ao homem: se a maternidade está relacionada a todo ser vivente, essa face da nossa alma é voltada para o homem e se manifesta de forma especial no matrimônio.
Para falar sobre ser companheira, preciso falar sobre comunhão. O homem e a mulher, antes do pecado original, vivam em perfeita comunhão, sem brigas, rixas, rivalidades, caminhavam juntos olhando para o mesmo horizonte.
Essa ordem foi perdida, mas, com a cruz de Cristo, como nos diz o apóstolo Paulo, homem e mulher podem, com a graça de Deus, ser um só corpo, e uma das formas de restabelecer isso é através da comunhão. Estar em comunhão é saber ouvir, querer saber o que o outro pensa, colocar-se no lugar do outro, sentir o que o outro sente.
O feminismo transformou homens e mulheres em rivais que estão, a todo momento, com um cabo de guerra nas mãos para definir quem é mais forte. Assim, essa predisposição vai se apagando, e, de companheira, tornamo-nos competidoras, inimigas. Servir e ajudar os filhos é uma tarefa que realizamos com toda entrega, mas, quando os esposos entram em cena, as coisas mudam.
O que impede você de ser uma com seu esposo e assim assumir esse lugar criado para você?
Existe dentro de nós uma mulher velha, insubmissa, autoritária, feminista. Fomos educadas assim, para ir à frente, liderar, não depender de ninguém, sermos poderosas, empoderadas, caminharmos com as nossas pernas, no nosso ritmo.
Isso tudo é oposto a sermos companheiras, olharmos para os homens como aquele Cirineu que se colocou ao lado de Jesus e abraçou a cruz junto com Ele. Num lar ordenado, a esposa precisa ter o entendimento de que o esposo vem antes dos filhos.
Esse projeto passa, sem dúvidas, pela obediência e submissão da mulher ao homem. Com respeito às revolucionárias, eu não falo aqui de sujeição, escravidão, mas do lugar que nos foi dado por Deus, ao lado, caminhando juntos, com a certeza de que a mulher está “ sob a missão “ do esposo, que é a cabeça, como já citado acima.
Um lar unido jamais desaba
Um reino dividido contra si desaba. Enquanto estivermos guerreando, medindo forças, competindo e fazendo do nosso lar um campo de batalha onde cada um luta pelos seus propósitos, sua casa, seu casamento não irá progredir, avançar.
Abaixe as armas, coloque-se ao lado do seu esposo, faça dos sonhos e projetos dele os seus, sabendo que o primeiro de todos eles é a família que vocês dois construíram. Comam o pão juntos, lutem juntos.
Olhemos para Aquela que tudo guardava no coração, pois com Ela conseguiremos nos desprender das vozes, dos estereótipos que nos jogam para caminhos opostos e nos impedem de caminhar juntos. Assim você será uma verdadeira companheira do homem.
Meiriane Silva Faria
Missionária da Comunidade Canção Nova





