Que as amizades são uma parte importante da vida é um fato indiscutível. Esse tipo de relacionamento contribui no desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Reflexões sobre relacionamentos de amizade ocorrem na filosofia e nas ciências humanas desde a antiguidade. A concepção de amizade está no centro do pensamento ético e político de alguns filósofos, os quais a estabelecem em relação direta com a felicidade.
Para os cristãos, a amizade é um tema relevante e de grande valor, pois ela se opõe ao egoísmo e ao individualismo, ensina a compartilhar, dividir e não seguir sozinho, provoca a benevolência, a reciprocidade e o querer bem. Desde a criação, Deus mostrou a necessidade do homem não estar só. As Escrituras do Antigo ao Novo Testamento falam sobre esse tipo de relacionamento e nos orientam sobre a escolha e o tratamento dos nossos amigos.
Cientificamente, estudos afirmam que indivíduos socialmente integrados vivem mais, e que relacionamentos pessoais próximos atenuam a solidão e proporcionam bem-estar subjetivo, tendo, portanto, papel importante na felicidade pessoal e na promoção da saúde.
Amizades leves ou tóxicas?
Contudo, será que todas as amizades são assim? Infelizmente não. Uma amizade sadia exige uma série de características que não se podem dar em todas as nossas relações. A amizade precisa ter proporcionalidade de entrega e satisfação, ela deseja o bem por si mesmo e não coloca nem o prazer nem o interesse acima de si mesma. Muitos relacionamentos de amizade não estão estabelecidos nesses princípios, mas sim no prazer e no interesse. Nesses casos, estabelece-se uma amizade não por aquilo que ela é em si mesma, ou seja, o amor do amigo, mas pela utilidade ou pelo prazer que ela proporciona. Nesses casos, não se ama o amigo por si mesmo, mas pelo bem que recebe dele ou apenas pelo prazer que a amizade proporciona.
Quando o relacionamento de amizade está pautado somente na utilidade e no prazer, é preciso estar atento. Isso porque uma amizade administrada de forma equivocada pode deixar de ser benéfica e tornar-se prejudicial à saúde. Sim, amizades tóxicas existem, são nocivas, causam muitos problemas emocionais e até circunstanciais. Esse termo tem sido muito utilizado atualmente e refere-se a uma amizade que traz danos em vez de ajudar o indivíduo a manter uma vida saudável.
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Nesse tipo de relação, muitas vezes, um amigo é inferiorizado pelo outro, desqualificado por suas opiniões, comportamentos, jeito de falar e de se vestir, sendo tomado por uma sensação de mal-estar e impotência diante dos acontecimentos. A amizade, apesar de agradável, é permeada por ofensas sutis, críticas repetitivas, egocentrismo entre outros comportamentos que, constantemente, destacam um dos amigos e deixa o outro em segundo plano. Pense bem sobre as suas amizades! Como seus amigos se comportam quando você fala sobre os seus sentimentos? Como você reage às conquistas de seus amigos?
Amizade é gratuidade
A amizade não deve ser um relacionamento de interesses egoístas, mas de gratuidade. O autoconhecimento é um importante caminho para o gerenciamento das emoções e a mudança de comportamento, indispensáveis para estabelecer amizades sadias. Um amigo que se mostra fiel é realmente um porto seguro, onde podemos descansar das lutas da vida, compartilhar o peso que estamos carregando e as alegrias que vivemos. É um tesouro raro, mas que pode ser conquistado quando, primeiro, se é amigo de Deus. Só consegue ser amigo de verdade quem é amigo de Deus.
A base de uma verdadeira amizade é ter Deus no centro dessa relação, como Aquele que une uma pessoa a outra. A amizade quando visa sempre a caridade em Deus torna-se uma relação de alma para alma, amadurece, faz nascer um amor desinteressado que vai muito além da sensibilidade, cujo maior interesse é que ambos sejam amigos de Deus. Essa amizade sim é remédio para a alma!