Seríamos criaturas muito egoístas, ou de lenta evolução, se não aprendêssemos com o outro. Imagina, no tempo das cavernas, aquele que descobriu o fogo e o mostrou para outros. Eles devem ter ficado, no mínimo, encantados com as chamas. É só olhar para o lado, sua vida é cheia de novidades que brilham, porque cada pessoa traz em si riquezas e porta um brilho singular. E aqui está algo bem interessante, quesito obrigatório para quem deseja amadurecer: o conhecimento de si, o qual, muitas vezes, se dá pelo outro.
Jesus se encontrou com Nicodemos à noite. Só essa pequena cena bastaria para uma boa exegese bíblica. Quem era Jesus e quem era Nicodemos? Um era conhecedor das leis judaicas e de coração humilde, até porque quem se encontrava com Jesus e tinha a oportunidade de se deixar tocar por Ele tinha de ter um coração humilde. Nicodemos, por sua vez, naquela noite, pôde entender o que os livros não lhe deram. Ele entendeu a grandeza que busca em Cristo. Amadureceu com a conversa que teve; mudou a vida dele naquela bendita noite.
Amadurecer com o outro faz parte da vida
Trazendo para nosso tema, Nicodemos percebeu-se necessitado do outro para ser alguém novo. Diríamos, sem sombra de dúvida, que precisaríamos de páginas e páginas para tentar esgotar esse assunto. Não é mesmo? Mas o que deve ficar em nosso coração é que um homem pediu ajuda para outro homem – claro, era Deus a quem Nicodemos pedia ajuda. Apesar desse detalhe, amadurecer com o outro faz parte da nossa vida.
Quantas vezes uma palavra ou uma ação, seja ela positiva ou negativa, ou até lida, rendeu-lhe uma reflexão tão profunda que foram necessárias mudanças? Quantas vezes você aprende com o próximo ou com um amigo? Garanto que essa revisão de vida é muito justa e nos ajudará a dar passos rumo ao verdadeiro valor do outro e de nós mesmos. Ademais, aquele que olha para fora de si compreende melhor os outros e a si mesmo.
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Por fim, uma vez que o autoconhecimento também é permeado pelo outro, devemos sim ouvir e refletir sobre o que acham de nós, mas sempre lembrando que necessário nos é fazer um julgamento equilibrado. Por outro lado, o outro pode nos dizer algo que não seja verdade, tendo em vista que ninguém é onisciente, não conhece as nossas intenções e nossa estrutura de pensamento, mas, se for verdade o que aquele ou aquela diz, sejamos humildes o suficiente para mudar.
Da mesma forma, quando falamos do outro ou expressamos nossas opiniões, nossas críticas e o que nos irrita, é verdade que mostramos o que prezamos como valores e mostramos quem somos. De fato, a forma que vemos nos outros diz muito sobre nós. O que eu proponho para você, em primeiro lugar, é um autoconhecimento. Isso pode demorar um tempo, mas precisa acontecer. Um caminho de liberdade interior, de saber o que nos irrita, o que nos faz relaxar ou distrair… Ou ainda, o que nos tira do sério, quais as nossas qualidades e os nossos sonhos. O que almejamos. O que contemplamos? Qual o nosso ideal?
O que precisamos entender, então, é que a vida é um processo formativo permanente. Quanto mais você tomar posse de si, melhor você poderá se dar; seja em seus afazeres, relacionamentos e até consigo mesmo. Que o Espírito Santo o ajude nesse caminhar.