A Semana Santa é a semana principal da vida da Igreja. Todo cristão deve sentir-se convocado e emocionado de poder participar deste momento, que nos aproxima de Jesus e nos faz acompanhá-lo, passo a passo, em sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Acompanhá-lo não significará apenas uma memória histórica, mas vivenciá-la interiormente, tanto pessoal quanto comunitariamente, seguindo passo a passo a Jesus em todas as celebrações, tanto a celebração da sua entrada triunfal em Jerusalém, no Domingo de Ramos, como a celebração solene de todos os momentos mais significativos de sua Paixão, Morte e Ressurreição, nos dias de Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Ressurreição, isto é, da Páscoa. Com certeza, nestes dias da Semana Santa, quando houver a celebração da Missa, a Morte e a Ressurreição de Jesus estarão sacramentalmente presentes sobre o altar, o que nos dará a oportunidade de renovar mais profundamente nossa valorização da importância de participar da Missa durante o ano todo.
O Papa ultimamente tem insistido muito que nós, cristãos, devemos fazer um forte encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Se já tivemos a graça de fazê-lo uma primeira vez, então é importante renová-lo e aprofundá-lo. Trata-se de fazer um encontro pessoal e comunitário que nos envolva pessoalmente com a pessoa de Jesus e nos faça aderir a ele fortemente, a ponto de entregarmos a ele nossa vida, de confiarmos totalmente nele e, por isso, de aceitarmos plenamente sua Palavra e orientação para nossa vida.
Ora, os dias da Semana Santa nos dão uma oportunidade sem igual para fazer este encontro com Jesus ou para renová-lo. Nas celebrações teremos um contato muito direto com tudo o que aconteceu com Jesus na sua Paixão, Morte e Ressurreição, que nos manifestará o profundo amor com que ele nos amou, a ponto de dar sua vida para nos resgatar da morte e da perdição eterna. Ele mesmo havia dito: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida por aqueles que ama (Jo 15, 13).
O Papa diz na Carta Apostólica Igreja na América (1999) que o encontro com Jesus Cristo é caminho para a conversão, para a comunhão e para a solidariedade. Portanto, do encontro com Jesus, se este encontro for autêntico e forte, sairemos transformados, prontos a mudar de vida (conversão), a entrar em comunhão com Deus e com o próximo, e a sermos solidários com os outros, especialmente com os mais pobres. E aqui podemos lembrar a solidariedade para com os Povos Indígenas, que foi o tema da Campanha da Fraternidade, que se encerra com a entrada da Semana Santa. O Papa manifesta, assim, quais são os frutos concretos de vida, que surgem de um verdadeiro encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo.
A Semana Santa começa com as cerimônias do Domingo de Ramos, que comemora a entrada triunfal de Jesus a Jerusalém. O povo o recebe com grande festa e gritos de aclamação, dizendo que ele é o Messias esperado. As autoridades públicas de Jerusalém não gostam nada destas aclamações e começam por tramar a prisão e a condenação à morte de Jesus.
E nós podemos nos perguntar: como Jesus entra na nossa cidade para aqui celebrar de novo conosco sua Morte e Ressurreição? Até que ponto estamos conseguindo evangelizar esta cidade, para fazê-la reconhecer em Jesus seu único Salvador? Como fazer da Semana Santa uma pública proclamação da pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e de seu Reino?
Todos, portanto, estamos convocados e convidados a participar plenamente das cerimônias da Semana Santa. Peçamos ao Espírito Santo que nos faça ter este encontro pessoal e comunitário, este encontro transformador, com Jesus Cristo, ao comemorarmos mais uma vez solenemente sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Dom Cláudio Cardeal Hummes
Arcebispo de São Paulo