✝️ Cristo ontem, hoje e sempre

Domingo de Ramos e da Paixão: Caminho de entrega e esperança

Ramos, cruz e esperança

Ramos, flores, aclamações e gritos de hosana. Desde a entrada de Jesus em Jerusalém, a procissão não se interrompeu. Continuaremos a dizer-lhe que é bem acolhido e, ao mesmo tempo, clamamos pela sua vinda no fim dos tempos. Em Jerusalém, assim como no correr dos séculos, depois dos vivas vem a Cruz, para chegar à Ressurreição. Vivemos bem dependurados nos polos do mistério de nossa vida e salvação: “Cristo morreu! Cristo ressuscitou! Cristo é o Senhor! Jesus Cristo há de voltar! Vem, ó Senhor!” Cada Semana Santa nos faz acompanhar os dias que antecederam a Páscoa e viver com o Senhor o drama e a trama dos acontecimentos, deixando-nos envolver por eles, sabendo que estão presentes no ano inteiro, nas celebrações litúrgicas, sobretudo na Santa Missa.

De fato, na Eucaristia, tudo isso é colocado à nossa disposição, para que se multipliquem os frutos da Salvação. O Domingo de Ramos nos faz acolher Jesus, recebendo-o nos vários ambientes de nossa vida, nas famílias, nas Comunidades de Fé e na Sociedade. Neste ano, queremos acolher Jesus em nossa belíssima realidade amazônica. Ao elevar nossos ramos, desejamos proclamar que tudo o que Deus fez é muito bom e bonito! Bendita a Campanha da Fraternidade, que nos dá o sadio olhar de otimismo, proclamando fortemente que “Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal” (Sb 1,13-15). Ao acolher Jesus, comprometamo-nos a gostar de nossa terra, admirar a natureza e aprender a tarefa do cuidado com tudo o que Deus pôs à nossa disposição.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Com Jesus, restaurar a beleza do mundo

Entretanto, quando percorremos nossas cidades, observamos justamente a trágica realidade da falta do cuidado. Há o lixo pelas ruas, a falta de seriedade no tratamento dos resíduos. O relaxamento de todos nós quanto à atenção aos espaços destinados à vida e dignidade das pessoas. Queremos convidar Jesus a vir conosco, ensinando-nos a valorizar a natureza. Dele ouvimos recomendação: “Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? (Mt 6,26-30).

Peçamos ao Senhor que caminhe conosco, como operários da limpeza pública, para fazer o nosso mundo mais digno e bonito. Entretanto, sabemos que, na raiz de tudo, está o pecado, que perturba e compromete a criação de Deus. Ousamos pedir a Jesus que saia conosco pelas ruas, como um Divino Lixeiro, e nós todos trabalhando com ele, ele que pagou pelos nossos pecados, lixo infinito por ele absorvido, para entregar nas mãos infinitas da Misericórdia Divina o que temos de mais feio, nossos pecados! Misericórdia, Senhor! Aquele que é bendito nos dá as mãos para entrarmos juntos nas casas de nossas famílias. Desejamos dizer que ele é bendito, sabendo que nele está a força e o poder para sanar os problemas que vivemos em nossas casas.

Ajudar o próximo

Queremos também nos unir às famílias que cuidam com amor de pessoas enfermas. Com ele, queremos visitar as famílias em crise, os casais à beira da separação. Permita o Senhor que o tomemos pelas mãos para entrar nos espaços em que as pessoas se sentem solitárias e deprimidas. Só o Senhor pode ser companhia adequada de cada um dos filhos e filhas de Deus! Pedimos a Jesus que nos revista da caridade para servir e partilhar os nossos bens com aqueles que estão na miséria, dando o rosto da fraternidade a todas as nossas Paróquias e Comunidades.

Desejamos percorrer nossos ambientes mais desafiadores e problemáticos. Com Jesus que entra em nossa cidade, queremos ser família e teto para quem não tem onde morar e a quem falta todo tipo de apoio. Que o Senhor encontre espaços através de sua Igreja e de todos nós, cristãos, para chegar ao coração e à vida dos que são viciados.

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A fé que nos sustenta na caminhada

Agora, damos a palavra às crianças, para que elas nos provoquem e aprendamos a dizer “hosana”. Sim, com elas agradeçamos por todas as pessoas que se sentiram acolhidas em nossas Comunidades. E nos alegramos porque as vozes de nossas crianças não se calaram, e continuam cantando: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas” (Lc19,38).

Damos graças pelos irmãos e irmãs que silenciosamente realizam o serviço da caridade por todos os cantos. Neles, queremos agradecer a Deus por todas as pessoas, sejam quais forem suas idades e condições sociais que, desde a Páscoa passada, encontraram Jesus e a Igreja. Fazemos festa pelas Comunidades de Igreja que cresceram e podem acolher mais pessoas nas celebrações pascais. Seja Deus louvado pelas famílias, cujas casas acolhem a Palavra de Deus e a Oração. Louvamos ao Senhor porque muitos jovens de nossa Arquidiocese acolheram o chamado vocacional e se dispõem a oferecer sua vida pelo anúncio do Reino de Deus. Com a candura das crianças desejamos olhar para o bem que é feito e experimentar o otimismo da fé, que nos sustenta na caminhada.

Ao celebrar a Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão, entendemos que a força da Páscoa já ilumina nossos passos: “Hoje, iniciamos, com toda a Igreja, a celebração do mistério pascal de nosso Senhor, sua morte e ressurreição. Para consumá-lo, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Por isso celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressureição e sua vida”. (cf. Liturgia do Domingo de Ramos).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

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