Quando se fala de “escolha” da Missa, não se trata de uma escolha arbitrária ou ao bel-prazer do sacerdote presidente. Embora seja ele quem presidirá a Eucaristia, o padre precisa seguir as normas e orientações existentes nos diretórios litúrgicos como, por exemplo, a Introdução Geral do Missal Romano (IGMR) que será o livro que nos orientará durante este artigo.
O sacerdote precisa conformar-se com o calendário da Igreja em que ele está situado. Existem algumas datas que em certos tempos litúrgicos são obrigatórias serem seguidas. São elas: nos domingos, nos dias feriais do Advento, do Natal, da Quaresma e do Tempo Pascal, nas festas e memórias obrigatórias. Contudo, nas memórias facultativas da Virgem Maria e de Santos venerados pelos fiéis, o padre pode celebrá-las em função da piedade do povo de Deus.
A Introdução Geral ao Missal Romano (IGMR), no n° 29, deixa estritamente claro a importância das leituras bíblicas: “Quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é Cristo, presente na sua Palavra, quem anuncia o Evangelho”. Na liturgia da Palavra é Deus quem comunica aos fiéis, por isso, a leitura das Sagradas Escrituras jamais podem ser substituídas por outras leituras que não estejam no Cânon Romano, por mais nobre que sejam.
O que dizem os diretórios litúrgicos?
Durante os domingos e solenidades, as leituras são três: do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, a fim de fazer com que o povo de Deus conheça a obra de salvação. Durante as festas são feitas duas leituras e nos dias de semana o Lecionário Ferial traz as devidas leituras. Já, nas Missas rituais, nas quais se incluem alguns Sacramentos ou Missas por várias necessidades, faz-se uma escolha especial dos textos da Sagrada Escritura (IGMR, 359).
A Oração Eucarística faz parte das orações presidenciais, ela é o ponto central de toda a celebração da Santa Missa. Pode-se encontrar, também, no Missal Romano inúmeros Prefácios que servem para evidenciar os aspectos do mistério da salvação. Dessa forma, a orientação é a seguinte: “a Oração Eucarística I, também conhecida como Cânone Romano, pode-se usar sempre, mas é mais indicado nos dias que têm um Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio, ou nas Missas com Hanc igitur (Aceitai benignamente, Senhor) próprio, bem como nas celebrações dos Apóstolos e dos Santos mencionados nessa Oração”. Contudo, por motivos pastorais, nesses dias pode-se usar a Oração Eucarística III (IGMR, 365).
A Oração Eucarística II é mais indicada nos dias feriais e em circunstâncias específicas, mesmo contendo Prefácio próprio, pode-se utilizar outros Prefácios. A Oração Eucarística III pode-se usar em qualquer Prefácio; ela é normalmente usada nos domingos e festas. Já, a Oração Eucarística IV tem Prefácio fixo e é a que mais contempla a história da salvação, podendo ser empregada sempre que a Missa não tem Prefácio próprio ou nos domingos (IGMR, 365).
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Missas e orações para cada circunstância
A exemplo da vida de Jesus, a Liturgia Sacramental proporciona ao fiel a possibilidade de santificar quase todos os acontecimentos da sua vida, por meio do mistério pascal que envolve todos os sacramentos. Dessa forma, existindo a possibilidade de escolher leituras e orações, o ministro ordenado deve agir com prudência e fazer as escolhas devidas somente quando forem realmente convincente pastoralmente.
Dentro de necessidades especiais e com a autorização do bispo, pode-se celebrar alguma particularidade por necessidade pastoral, exceto nas solenidades, nos domingos do Advento, Quaresma e Páscoa, nos dias dentro das Oitavas da Páscoa, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-Feira de Cinzas e nos dias feriais da Semana Santa.
As celebrações em honra da bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos ou de algum Santo podem acontecer para satisfazer os fiéis dentro dos dias feriais do Tempo Comum, mesmo existindo memórias facultativas. Contudo, quando acontecer de haver memórias obrigatórias ou uma féria do Advento, até 16 de dezembro; do Tempo do Natal, de 2 de janeiro em diante; ou do Tempo Pascal, depois da Oitava da Páscoa; não é permitido Missas votivas ou em diversas necessidades. Ainda existe uma recomendação de celebrar-se a memória da Virgem Maria no sábado.
A Igreja, também, oferece pelos fiéis defuntos o sacrifício Eucarístico, para que, por meio desse mistério, alcance auxílio espiritual, e, para os vivos, consolo e esperança. Em primeiro lugar está a Missa exequial que é permitido celebrar todos os dias com exceção nas solenidades de preceitos, nos domingos do Advento, no Tríduo Pascal, Quaresma e Tempo Pascal.
É permitido alguma adaptação?
É do bispo diocesano a responsabilidade por aquele rebanho localizado na sua diocese. Ele é ali o sumo sacerdote, de quem depende a vida dos seus fiéis em Cristo, ele deve ordenar, promover e zelar pela Liturgia dentro da sua diocese. Dessa forma, o Bispo tem competência para realizar adaptações litúrgicas. Uma das funções importantes do Bispo é alimentar o espírito da Sagrada Liturgia nos sacerdotes, diáconos e fiéis.
A Conferência Episcopal, também, tem a incumbência de realizar algumas adaptações. Esses ajustes estão contidos na Introdução Geral do Missal Romano, por exemplo: gestos e atitudes corporais, gestos de veneração do altar e do Evangeliário, alterações nos textos dos cânticos de entrada, ofertório e comunhão, as leituras das Sagradas Escrituras que serão utilizadas em determinadas circunstâncias, a maneira de dar a paz, o modo de receber a Sagrada Comunhão, o material do altar, as alfaias sagradas, realizar traduções dos textos bíblicos utilizados nas celebrações.
O notório, para cada fiel, é que a Igreja em suas mais variadas “áreas”, assim como na Liturgia, vive dentro de um organismo vivo e organizado. Por isso, também afirmamos que o Espírito Santo é quem assiste a Igreja, pois Ele é gerador de ordem. O amor que cada um deve ter pela Igreja é de igual forma o amor que Cristo tem por Ela, pois, os dois compõem um mesmo corpo.